“Ainda continuamos a tentar organizar o serviço do transporte de massa feito por ônibus”, foi o que entendi pelas últimas declarações do diligente prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, em busca do melhor para os usuários cariocas, cerca de 70% da população.
Por melhores que sejam as intenções do alcaide, o Rio é prisioneiro de um “pau que nasceu torto” e, não terá a solução que favoreça a população. Foi desde o seu nascedouro um negócio lucrativo, fugindo ao seu dever de ser um meio de transporte não deficitário apenas com tarifas justas
As vítimas, vulgarmente chamadas de “cadáveres”, continuarão sustentando o perverso sistema de exploração do transporte por ônibus. É impossível modificá-lo enfrentando o atual e alto poder econômico dos empresários proprietários das empresas de ônibus.
Estará funcionando enquanto forem satisfeitos os interesses envolvidos que no passado incluíram disputas ferrenhas pela exploração de linhas.
Por outro lado, chega-nos a notícia, por sinal auspiciosa, de que o prefeito da cidade de Niterói Axel Grael, pretende reformular a circulação da área sob a influência de importante setor da cidade. Aliás, esta iniciativa nos faz refletir sobre um raciocínio básico desenvolvido pelo urbanista escocês Colin Douglas Buchanan (1907-2001), opinando pela circulação do tráfego urbano separando de maneira concreta os tráfegos dos veículos leves dos pesados, o que incluiria separar a circulação dos ônibus dos demais componentes do trânsito. Tais modificações visaram, sem dúvida, melhorar a mobilidade urbana, como também, a melhoria das condições do meio ambiente.
Tal obra virá certamente favorecer os habitantes da área Lamento não ter mais idade ou saúde para poder com ela cooperar. Apenas me limito torcer para que as modificações — possíveis — deem certo, dando às vias principais que compõem esta área a função certa às várias definições acadêmicas de sua malha viária, dentre as quais, sem dúvida, o acesso da importante Alameda São Boaventura (foto de abertura) à Rodovia RJ-106 Amaral Peixoto.
Desde a década de 1960 Buchanan aconselha a criação de bolsões onde o pedestre tenha algum benefício, pelo menos no ar que respira. Infelizmente as nossas autoridades não se deram conta dos benefícios dos conselhos de Buchanan. Niterói tem nitidamente definidas as áreas que poderiam ser santuários para os automóveis e para o verdadeiro dono da terra, o homem a pé.
Infelizmente, lá como aqui no Rio, são vítimas do poder econômico dos donos dos ônibus, talvez face à interligação dos dois sistemas de transporte de massa. Ampliando sua modificação e, logicamente, sua eficácia, o usuário será o beneficiado.
Talvez face à premência evidente das modificações a criação de um grupo de trabalho a fim de arrumar o transporte de ônibus nas duas importantes cidades, considerando Niterói, em certos tipos de serviços, um bairro do Rio, evidentemente seja um exagero.
De qualquer forma o problema existe e exige coragem e competência para equacioná-lo. Tenham, senhores prefeitos, a humildade e a coragem de enfrentá-lo, se necessário, contratando a iniciativa privada.
Grandes metrópoles do mundo assim procederam e se deram bem.
CF