Em meio à disputa entre Max Verstappen e Lewis Hamilton pelo título da temporada, a Fórmula 1 retorna às pistas no fim de semana no Circuito das Américas, em Austin, Texas, mas certamente o assunto do fim de semana será um tema alheio ao que os dois protagonistas de 2021 fazem sobre o asfalto. Em vídeo divulgado em sua página no Instagram , o italiano Flávio Briatore aparece ao lado do executivo-chefe da categoria, Stefano Domenicali, anunciando que “um novo capítulo na F-1 está próximo de começar”. Se este último tem reputação positiva no esporte, o mesmo não se pode dizer do empresário de Fernando Alonso.
“Um capítulo inédito na (história da) Fórmula 1 está perto de começar: nós vamos trazer toda a emoção, entretenimento, diversão e energia que este esporte fantástico merece”. Foi com essas palavras que Briatore gerou sua mais recente mexida para voltar a refletir a luz dos holofotes da categoria. Em 2009 ele foi banido da F-1 por decisão da Federação Internacional do Automóvel (FIA) após ser considerado mentor intelectual do “Singaporegate”. Por ocasião do GP de Cingapura de 2008, ele ordenou a Nélson Piquet Júnior (foto de abertura, com Briatore e Alonso) que batesse propositadamente no muro de proteção na 14ª volta de 61. Isso gerou a entrada do Safety Car na pista e contribuiu para a vitória de Fernando Alonso. A pena foi posteriormente abrandada em um tribunal de instância superior.
A trama só foi tornada pública depois que o brasileiro foi afastado da equipe na temporada seguinte. Piquet Júnior e seu pai processaram a Renault e, posteriormente a FIA abriu um processo contra Briatore e seu chefe de equipe, Pat Symonds. O italiano foi banido do esporte e Symonds recebeu pena semelhante por cinco anos.
O episódio foi o segundo golpe cometido contra pilotos brasileiros. Na temporada de 1991 Briatore não titubeou em contratar Michael Schumacher dias após o alemão estrear na F-1, no GP da Bélgica de 1991. Para tornar isso possível ele demitiu sumariamente Roberto Pupo Moreno, na época o segundo piloto da equipe Benetton onde Nélson Piquet era o líder.
Após um período turbulento na Itália, quando foi condenado duas vezes por envolvimento com jogos de azar e no mercado de seguros, ele comandou a consolidação da marca Benetton no mercado dos EUA. A ascensão de Flavio Briatore na F-1 aconteceu quando a família Benetton adquiriu a equipe Toleman e ele foi convidado para administrar o negócio. Ao abrir espaço para pequenos patrocinadores participarem da categoria, ele aumentou o faturamento e tornou o negócio altamente lucrativo, a ponto de construir uma nova fábrica na Inglaterra, posteriormente adquirida pela Renault Sport.
Personagem que pratica o hábito de criar situações que o mostrassem em destaque, ele foi citado como o sucessor de Bernie Ecclestone, de quem é amigo. Tal troca de comando jamais aconteceu. É o caso de pensar se o marido de Naomi Campbell entre os anos de 2003 e 2008 não estaria novamente buscando o comando da categoria mais importante do automobilismo mundial.
WG
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