Criado para dar publicidade a uma causa humanitária, este Porsche 356 A de 1956 foi radicalmente transformado para o desafio de atravessar 356 milhas (573 quilômetros) de gelo na Antártida. Na foto de abertura, Renée Brinkerhoff e o Porsche 356 prontos para a aventura.
Nascida em Denver, Colorado, EUA, Renée Brinkerhoff participa de ralis com um Porsche 356A 1956, mesmo ano de seu nascimento. O objetivo dessa expedição para a Antártida é levantar fundos para combater o tráfico de crianças.
Fruto do trabalho exaustivo da Valkyrie Racing, do Reino Unido, que consumiu mais de 18 meses de serviço, o 356 agora está pronto e testado para o Project 356 World Rally. Como os dias na Antártida terão 24 horas de luz solar durante o verão, não há necessidade de iluminação adicional no 356, ficaram apenas os faróis originais.
“Os esquis que criamos devem fazer de 40% a 50% do trabalho, compactando e preparando a neve para a unidade de lagartas que propulsionam o veículo. A lâmina inferior dos esquis dará a direção, garantindo que as lagartas não se afundarão em condições de neve macia”, afirma Kieron Bradley, engenheiro de chassi responsável pelas alterações. Segundo ele, esta original configuração aumenta a flutuação do carro em 300% comparativamente aos 4×4 equipados com pneus de 42 polegadas que fazem incursões na região.
A opção de Renée pelo seu fiel e indestrutível 356 foi fator importante neste projeto de correr na neve. A grande amplitude térmica de utilização dos motores Porsche arrefecidos a ar, entre os 50 ºC negativos e 55 ºC positivos, caiu como uma luva.
O painel solar montado na dianteira, na estrutura tubular (crevasse bar), pode gerar 150 kW no pico de exposição ao sol. O vidro traseiro foi adaptado para permitir a saída na eventualidade de quebra do gelo e afundamento do veículo pela dianteira.
As suspensões são originais, já preparadas para os ralis. Apenas as rodas foram substituídas pelos esquis e lagartas, ambos com seus sistemas de amortecimento próprios. A velocidade máxima recomendada para manter a durabilidade dos componentes é de 40 km/h, embora o 356 possa chegar até 65 km/h nessas condições.
Quanto a Renée Brinkerhoff, ela é mãe de quatro filhos e, como já citado, tem a mesma idade que seu carro favorito, quase 66 anos. Quando, aos 56 anos, viu o último de quatro filhos ter sua própria vida, o tempo começou a sobrar para os seus afazeres. Na juventude ela tinha um Volkswagen Beetle preparado, e gostava de correr com ele. Juntando tudo, resolveu pilotar um carro de competição.
Em 2011, comprou o Porsche 356 A de 1956 de um membro da família e começou sua nova empreitada. O carro já competiu em ralis para veículos clássicos em todos os continentes. Durante a Carrera Panamericana de 2015 Renée Brinkerhoff destruiu a frente do seu Porsche 356 para não atropelar um grupo de espectadores, sendo este o único acidente que seu carro sofreu.
Empenhada em tornar a sua vida mais emocionante e movida pelos seus impulsos filantrópico, fundou a ONG Valkyrie Gives, de apoio a crianças vítimas de abusos e maus tratos, atividade que podia conciliar com a sua nova paixão pelos motores.
A Valkyrie Gives criou uma plataforma para receber doações, em www.valkyrieracing.com/donate356, sendo que cada pessoa que contribuir terá o seu nome inscrito no interior do capô do carro e receberá uma fotografia e um chapéu da operação “Antarctica Ice 356”.
AB
(Editado por AB em 02/11/2021, às 08:08 hs, acrescentados os créditos das imagens)