Dirigir é um ato puramente automático, como caminhar. Assim como damos os primeiros passos, o mesmo ocorre ao se aprender a dirigir. Só que ao andar a pé não estamos conduzindo uma veículo automotor, e nisso há uma diferença abissal. Por isso é de capital importância adquirirmos bons hábitos, começando no aprendizado e continuando à medida que os anos passam, um aperfeiçoamento incessante.
Quanto mais saudáveis forem nossos hábitos, mais seguros seremos ao volante. Os “avisos” estão à nossa volta o tempo todo quando estamos dirigindo. e só são úteis quando sabemos o que significam na sua totalidade, uma vez que determinam como cumpriremos a missão de conduzir o veículo com segurança. E esses avisos não se restringem à sinalização.
Veja um pouco da minha experiência de 61 anos ao volante, habilitado:
Carro parado parado à frente, perigo
Todo carro parado numa faixa de rolamento é sinal de perigo, algo anormal aconteceu. Caso de uma via de três faixas que se cruza com outra com semáforo no cruzamento. O sinal está verde e há dois carros na primeira e segunda faixas (contando da direita para a esquerda). Se estão parados provavelmente há motivo, como haver um pedestre estar atravessando a rua e não se poder vê-lo. Mas quem vem pela terceira faixa, vê o sinal verde e julga que por isso você pode passar por aquela situação normalmente, sem reduzir velocidade, está errado. Pode haver um pedestre atravessando que provavelmente não foi visto. Foi assim que um motociclista se feriu gravemente num Rali Dacar, um carro de competição estava parado e ele passou com tudo — havia uma vaca atravessando.
Sinal vermelho e placa “Pare”
Mesma coisa o sinal vermelho e a placa de parada obrigatória, a “Pare”. Devemos nos condicionar a sempre parar antes para depois decidir o que fazer, tanto diante do sinal vermelho, quanto da placa “Pare”. No caso do sinal vermelho, quando por questão de segurança pessoal ao ser tarde da noite resolvemos avançá-lo, é parar e avaliar se é possível reiniciar a marcha com segurança, O mesmo com a placa “Pare”, a diferença é não se estar avançando o sinal. Esse hábito deve ser cultivado pela simples razão de nem sempre estamos dirigindo em região conhecida, onde comportamentos e hábitos podem se diferentes dos de onde moramos.
Desviar o olhar da via, só rapidamente
Outro hábito a se fortalecer é nunca desviar olhar da via mais que dois segundos. por qualquer motivo, seja operar a tela do multimídia ou consultar os espelhos retrovisores, seja o interno ou os externos (2 segundos é tempo decorrido ao se contar mentalmente, em ritmo normal, mil-e-um, mil-e-dois). Mas o que NUNCA se deve fazer é abaixar para pegar alguma coisa que tenha ido para o assoalho. Além do tempo superar dois segundos, a possibilidade de virar o volante sem que se perceba,, mesmo que pouco, é suficiente para criar uma situação de extremo perigo, de acidente quase certo.
Cruzamentos
Entenda que TODO cruzamento é perigoso. Por isso é um grave erro autoridades de trânsito postarem avisos de “CRUZAMENTO PERIGOSO, CRUZE COM CUIDADO”. Muitos motoristas (bons e maus) desconhecem a regra fundamental de a preferência ser sempre do carro que vem pela direita (este não tem a mesma visibilidade do cruzamento devido à coluna dianteira), bem como desobedecerem a sinalização de parada obrigatória (“Pare”) e, pior e muito comum, o sinal vermelho. Todo o cuidado deve ser tomado nos cruzamentos para evitar ser colhido na lateral, acidente dos mais perigosos por causar lesão na coluna cervical, muitas vezes fatal, A bolsa inflável lateral, de cortina, ou combinada, mitiga quase completamente esse tipo de lesão, mas só se a velocidade do choque não for muito grande. Faça sol, faça chuva, de dia ou de noite, seja dia útil ou fim de semana /feriado, sinal aberto ou fechado, exercite a cautela, que significa velocidade moderada nos cruzamentos e estar preparado para parar caso venha um carro pela transversal. Faça disso um hábito.
Cruzamento cego
É quando vai-se cruzar uma via e há uma veículo de grande porte ao lado impedindo ver o tráfego da via transversal. Em 1984 eu voltava do Autódromo de Guaporé e me dirigia ao Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, para deixar alguém que ia pegar um voo para São Paulo. Na avenida que passa pelo aeroporto, a Severo Dullius, mas que também é a BR-116, há um acesso próprio para sair da avenida e dobrar à esquerda para chegar ao aeroporto., acesso no qual parei para aguardar o sinal abrir. À minha esquerda havia um furgão, grande, alto. O sinal abriu e arranquei lentamente por não ver o que vinha da esquerda devido ao furgão. Pois passou uma carreta (cavalo-mecânico com semirreboque) a pelo menos 60 km/h pela minha frente, obviamente aproveitando o momento da troca de amarelo para vermelho, que já estava vermelho — estava verde para o tráfego do retorno. Tivesse eu arrancado não estaria aqui escrevendo esta coluna. Em 2018, a experiente motociclista, piloto de competição e instrutora Suzane Carvalho sofreu acidente na avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, ao arrancar de um sinal havendo um ônibus ao seu lado. Felizmente teve poucos ferimentos, nada grave.
Falta de energia elétrica
É um evento comum nas cidades e leva os semáforos a entrarem em amarelo piscante ou simplesmente pararem de funcionar. Essa situação requer extremo cuidado por haver quem ache ótimo não precisar parar…
BS