O Volkswagen Taos é o mais recente suve lançado pela marca. Chegou há sete meses no mercado nacional importado da fábrica de General Pacheco, na Grande Buenos Aires, Argentina.
Não recolhe imposto de importação para entrar no Brasil, e seu preço parte de R$ 171.070 na versão de entrada, Comfortline, indo a R$ 202.050 na versão cedida para o Teste de 30 Dias do AE, a Highline, à qual falta o único opcional disponível, o teto solar, que acresceria R$ 6.090,00 ao preço final (dados obtidos no site da VW brasileira na primeira quinzena de 2022).
Posicionado acima do T-Cross e abaixo do Tiguan (que saiu do catálogo brasileiro, mas deve voltar ainda em 2022, em versão híbrida), o Volkswagen Taos tem como missão enfrentar um queridinho do segmento, o Jeep Compass, e o também recém-chegado Toyota Corolla Cross.
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Se veem ainda poucos Taos nas ruas. O frentista do posto de combustíveis aqui perto de casa disse que esse do teste é o primeiro que ele abasteceu. Dei uma olhada no site da Fenabrave para conferir os emplacamentos, e realmente o Taos está longe de ter grandes vendas.
Na comparação com o Jeep Compass e o Toyota Corolla Cross, a fria análise dos números de emplacamentos do trio nos últimos sete meses de vida, ou seja, desde que o Taos estreou, dá ao suve da VW apenas 8,9% do bolo, Corolla Cross ficou com 39,6% e o Compass com nada menos que 51,4%.
As próximas semanas de convívio com este VW serão destinadas a entender a novidade, avaliar seus prós e eventuais contras, e capturar se o desnível de vendas entre o Taos e seus rivais é algo a ser atribuído apenas ao mero desconhecimento do modelo ou sei lá o quê.
Uma coisa eu já sei: o Jeep Compass é um concorrente fortíssimo, um belo suve que conta com versões equipadas com motores Diesel e flex, além de ser oferecido com tração 4×2 e 4×4. O VW Taos por ora só existe em versão 4×2 e motorização única, o 1,4-litro turbo flex. Já o Corolla Cross é o suve derivado do fenômeno Corolla, que como o sedã é oferecido em versões híbrida e convencional.
Na paz de minha garagem observei atentamente o Volkswagen Taos, admirando o bom padrão construtivo, as frestas entre componentes regulares, a pintura caprichada, assim como a ótima percepção de qualidade advinda de partes como faróis, lanternas, plásticos encaixados nos para-choques e demais insertos aplicados cá e lá.
Dentro a situação é menos impactante. Não falta qualidade, mas o padrão dos materiais de acabamento não é “premium”, para usar uma terminologia da moda. Se não soubesse ser esta a versão Highline, juraria ser a de entrada, Comfortline. Não se trata de faltar, mas sim de não sobrar. A sisudez e essencialidade que não se vê nos Audi, por exemplo, é a regra no Taos.
Compensa este panorama quase monástico a qualidade dos bancos — o do motorista com ajuste elétrico, inclusive para a região lombar —, a grande tela multimídia do sistema de infotenimento e, como veremos mais adiante, quando estiver mais ambientado com o Taos, a boa quantidade de recursos oferecidos.
Antes de passar às sensações de convívio nesta 1ª semana, merece uma pincelada a parte técnica, já amplamente explicada pelo Bob Sharp em texto e vídeo.
O Taos é propulsionado pelo mesmo motor e câmbio do T-Cross 250 TSI, ou seja, o motor turbo de quatro cilindros em linha de 1,4 litro. Apesar de números idênticos de potência (150 cv) e torque máximo (25,5 m·kgf), no Taos a calibração é diferente. A potência máxima ocorre de 5.000 rpm a 5.250 rpm, no T-Cross, de 5.000 rpm a 6.000 rpm. Torque máximo no Taos de 1.400 rpm a 4.000 rpm, T-Cross entre 1.500 rpm a 3.800 rpm.
Na transmissão, câmbio é o mesmo Aisin AQ250-6F de seis marchas dos T-Cross, mas o diferencial é outro, 8,3% mais curto no Taos, o que faz o motor girar a 2.220 rpm a 120 km/h (2.170 rpm no T-Cross). Marcante diferença técnica entre estes suves da VW é a suspensão traseira, multibraço no Taos, que também tem discos de freios maiores na dianteira para suportar os 168 kg a mais.
Nos pouco mais de 300 km rodados desta 1º semana de teste, sempre na cidade, o Taos me agradou. Primeiro ponto de destaque foi sua “esperteza”, a boa reação ao acelerador, fazendo parecer que os números de potência e torque foram subestimados.
A resposta vigorosa do motor é perfeitamente complementada por direção e freios de atuação correta. E ajudou muito esta boa sensação no primeiro contato a bem estudada ergonomia e excelente visibilidade, tanto a convencional — pelos vidros e espelhos retrovisores — como a proporcionada pela tela central de 10,1 polegadas, através da câmera traseira quando a marcha ré é engatada. Sensores sonoros não faltam, assim como possibilidades de configuração de todos estes aparatos de auxílio à condução.
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O Taos tem uma eletrônica bem avançada, na qual se destaca a frenagem autônoma de emergência, capaz de detectar pedestres e frear sem ação do motorista em velocidade de até 50 km/h. Há também o controle de cruzeiro adaptativo com função para e anda, que permite ao carro ficar até três segundos parado e retomar o movimento sozinho caso o trânsito ande dentro deste prazo. Nos retrovisores com regulagem elétrica e que rebatem sempre que o carro é travado caso tal seleção seja feita no menu de configurações, luzes amarelas avisam a aproximação de veículos nas faixas adjacentes.
O que mais? Há bem mais, acreditem, assim como haverá tempo para comentar novos aspectos nas próximas semanas. Nesta primeira postagem o destaque ficará para a agilidade, que faz o suve Taos parecer menor do que é e mais potente do que consta na ficha técnica. Rodei com álcool nesta semana de estreia e, de acordo com o computador de bordo (excelente!), a média de consumo foi de 6,6 km/l. Em condições de trânsito travado, li 4,5 km/l em um trajeto de menos de uma hora. Em outro, fluido, feito em vias expressas, mas com duração semelhante, 9,6 km/l.
As suspensões tem um acerto firme, sem ser áspero, e a rodagem pelas mal pavimentadas ruas paulistanas foi confortável. O sistema – McPherson à frente, multibraço atrás – absorve bem as irregularidades, ajudado nesta tarefa pelos pneus medida 215/55R18 (Goodyear Wrangler Territory HT). A generosa altura em relação ao solo é boa parceira de ângulos de entrada e de saída dignos de um verdadeiro fora de estrada, e tocar o solo em lombadas exageradas, valetas ou entradas de garagem extremas será difícil com o Taos.
O que vem por aí na próxima semana de teste? Uma viagem, claro, e interestadual, para acrescentar não só quilômetros, mas também novas paisagens — e conhecimento — a este Teste de 30 dias com o mais novo suve da Volkswagen.
RA
Volkswagen Taos Highline 250 TSI
Dias: 7
Quilometragem total: 317 km
Distância na cidade: 317 km (100%)
Distância na estrada: 0 km (0%)
Consumo médio: 6,6 km/l
Melhor média (álcool): 9,6 km/l
Pior média (álcool): 4,5 km/l
Média horária: 24,0 km/h
Tempo ao volante: 13h26 minutos
FICHA TÉCNICA VW TAOS HIGHLINE 250 TSI | ||
MOTOR | ||
Designação | EA211 R4 TSI | |
Descrição | 4 cilindros em linha, dianteiro, transversal, bloco e cabeçote de alumínio, 4 válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas, correia dentada, variador de fase admissão e escapamento, atuação indireta por alavanca-dedo roletada com fulcrum hidráulico, aspiração forçada por turbocarregador com interresfriador, coletor de escapamento integrado ao cabeçote, injeção direta, gerenciamento Bosch MED, flex | |
Diâmetro x curso (mm) | 74,5 x 80 | |
Cilindrada (cm³) | 1.395 | |
Taxa de compressão (:1) | 10 | |
Potência máxima (cv/rpm, G ou A) | 150 / 5.000~5.250 | |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 25,5 / 1.400~4.000 // 25,5 / 1.500~4.000 | |
Comprimento da biela (mm) | 139 | |
Relação r/l | 0,287 | |
TRANSMISSÃO | ||
Câmbio | Transeixo dianteiro com câmbio automático epicíclico Aisin AQ250-6F de 6 marchas à frente e ré, conversor de torque com bloqueio e controle de neutro, tração dianteira | |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,459; 2ª2,508; 3ª 1,556; 4ª 1,142; 5ª 0,851; 6ª 0,672; ré 3,185 | |
Relações de diferencial (:1) | 3,502 | |
SUSPENSÃO | ||
Dianteira | Independente, McPherson, braço em “L” mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem de Ø 25,4 mm | |
Traseira | Independente, multibraço, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem de Ø 21,7 mm | |
DIREÇÃO | ||
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida com motor de passo na árvore de direção, indexada à velocidade | |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 11,5 | |
Relação de direção média (:1) | 13,6 | |
N° de voltas entre batentes | 2,8 | |
Diâmetro do aro do volante (mm) | 370 | |
FREIOS | ||
De serviço | Hidráulico, duplo-circuito em diagonal, servoassistido a vácuo | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/312 | |
Traseiros (Ø mm) | Disco/272 | |
Controle | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem e assistência à frenagem | |
RODAS E PNEUS | ||
Rodas | Liga de alumínio 7Jx18 | |
Pneus | 215/55R18V (Goodyear Wrangler Territory HT) | |
Estepe temporário | Roda de aço, pneu T125/70R18M (LingLong) | |
PESOS (kg) | ||
Em ordem de marcha/bruto total | 1.420 / 1.890 | |
Carga útil | 470 | |
Peso máx. rebocável com/sem freio (kg) | 400 / 400 | |
CONSTRUÇÃO | ||
Tipo | Monobloco em aço, suve, 4-portas, 5 lugares, subchassi dianteiro e traseiro | |
AERODINÂMICA | ||
Coeficiente de arrasto (Cx) | n.d. | |
Área frontal (calculada, m²) | 2,10 | |
Área frontal corrigida (m²) | n.d. | |
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | ||
Comprimento | 4.461 | |
Largura sem/com espelhos | 1.841 / 2.097 | |
Altura sem/com rack | 1.626 / 1.636 | |
Distância entre eixos | 2.680 | |
Bitola dianteira/traseira | 1.571 / 1.542 | |
Distância mínima do solo | 180 (estimado, dado oficial não disponível) | |
CAPACIDADES (L) | ||
Porta-malas | 498 | |
Tanque de combustível | 51 | |
DESEMPENHO | ||
Aceleração 0-100 km/h (s, G ou A) | 9.3 | |
Velocidade máxima (km/h, G ou A) | 194 | |
CONSUMO INMETRO/PBEV | ||
Cidade (km/l, G/A) | 10,2 / 6,8 | |
Estrada (km/l, G/A) | 12,2 / 8,5 | |
Combinado (km/l, G/A) | 11 / 7,5 | |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | ||
v/1000 em 6ª (km/h) | 54 | |
Rotação em 6ª a 120 km/h (rpm) | 2.220 | |
Rotação à vel. máxima em 5ª (rpm) | 4.550 | |
MANUTENÇÃO E GARANTIA | ||
Revisão/troca de óleo do motor (km/tempo) | 10.000/12 meses | |
Troca do fluido do câmbio | Não troca, vida-toda | |
Garantia total (tempo) | Três anos, 6 anos contra perfuração de chapa |