Para este sábado de Carnaval, alguns detalhes sobre automóvel para passam despercebidos para muitos:
Alma – De repente seu carro leva um pequeno impacto traseiro. O que vinha atrás não freou em tempo hábil. Os dois motoristas descem para examinar os carros — geralmente na faixa de rolamento, sem se importarem com o transtorno causado para os demais usuários da via, parecendo até orgulhosos disso — e nenhum deles vê nada avariado, só um arranhadinho no para-choque. E fica tudo por isso mesmo, até que o carro é levado na oficina para reparar o “arranhadinho” e aí vem a surpresa. Como os para-choques atuais são de plástico, ao receber um impacto eles se deformam (foto de abertura) mas, em geral, voltam ao formato original. Mas, o que aguentou o tranco foi sua “alma”, uma viga de aço em seu interior que se deformou com o choque e deve ser substituída, pois num próximo impacto ela será incapaz de amortecer o choque. E, geralmente, o estrago — aparentemente superficial e sem consequências — pode ter danificado até o assoalho do porta-malas. Ou seja, uma inesperada “facada” no bolso…
FPS – Iniciais de Fire Prevention System, dispositivo para evitar incêndio no caso de acidente. Na eventualidade de um forte impacto (capaz de acionar a bolsa inflável), a alimentação de combustível ao motor era bloqueada. Hoje o sistema funciona eletrônica e automaticamente, mas antes era necessária a intervenção do motorista para desarmar o dispositivo e voltar o fluxo ao motor. A maioria dos motoristas sequer sabia de sua existência (embora estivesse bem explicado no manual) nem como desativá-lo. E muitos carros, ao passar por um buraco mais profundo no asfalto, recebiam um tranco suficiente para acionar o FPS e bloquear o combustível. O motor apagava e o carro parava poucas dezenas de metros depois. O motorista perdia tempo e dinheiro para chamar um reboque só por desconhecer o dispositivo e onde estava um simples botãozinho para o desativar.
Ar-condicionado – São dois os comandos pouco utilizados pelo motorista. O primeiro interrompe a admissão de ar externo ao interior do veículo, com o que o ar interno não é renovado e por isso seu resfriamento é mais rápido. Ótimo, não? Entretanto, pode ser perigoso se deixado muito tempo nessa função, pois a renovação de ar é fundamental para eliminar o CO2, ou gás carbônico, expirado pelos passageiros, que não é letal mas não tem oxigênio, podendo levar à sonolência e até ao desmaio. É por isso que há carros em que a função passa automaticamente de ar interno para ar externo depois de 20 minutos de marcha. Se o carro não a tiver lembre-se de fazer a troca manualmente. em até 20 minutos. O outro comando só tem em carros importados, uma tecla “Rest” para acionar o ventilador depois que o motor é desligado para aproveitar o calor do sistema de aquecimento durante mais alguns minutos.
Automático – Entre as seleções de marcha deste câmbio, uma é a “S”. E, poucos sabem que, curiosamente, ela pode ter dois significados. Nos modelos mais modernos, é símbolo de ‘Sport’, para uma condução mais esportiva no sentido de as marchas “esticarem” mais, erem cambiadas em rotações mais elevadas. Entretanto, nos carros mais antigos, como alguns da GM da década de 1960, “S” era de “Snow”, ou neve, em inglês, que servia para ajudar a arrancar com piso escorregadio. Nesta posição, a primeira marcha não engatava e o carro arrancava sempre em segunda, evitando ao máximo que as rodas motrizes patinassem devido ao excesso de torque para esta condição.
Travas na traseira – Quando se fala deste dispositivo das portas traseiras, muitos motoristas o confundem com o bloqueio dos vidros, se forem elétricos. E nem imaginam que em todos os carros de quatro portas, as traseiras contam com uma trava (só acessível com a porta aberta) que neutraliza as maçanetas internas e impede uma criança de abri-la. Mas a externa continua operante.
Emergências – Alguns carros dispõem de recursos emergenciais no caso de pane elétrica do componente. A trava da alavanca do câmbio em “P”, por exemplo, pode ser desbloqueada manualmente retirando-se uma capa do console. A explicação está no manual, que orienta também como abrir a tampa do porta-malas com uma cordinha. Ou rebater os bancos traseiros. Também o teto solar de alguns carros pode ser fechado por uma manivela, no caso de problema no comando elétrico. Mas, um dos defeitos que mais aborrecem e raros automóveis oferecem recurso emergencial são os vidros elétricos. Que só emperram quando está chovendo. E abertos….
OBD2 – “On Board Dignostics” é obrigatório no Brasil há mais de dez anos e trata-se de uma espécie de tomada colocada sob o painel, próxima à coluna de direção. Conectada à central eletrônica, ela fornece todos os dados essenciais de comportamento do automóvel, como consumo, rotação do motor, temperatura da água e outros.
É capaz também de enviar para um computador (scanner) todos os registros de problemas ocorridos no carro e até que sejam reparados. Várias empresas comercializam dispositivos eletrônicos que se encaixam no OBD2, capazes de interpretar estas informações e enviá-las – por Bluetooth – para um aplicativo, mantendo o motorista ciente do comportamento do carro. Outras procuram convencê-lo de que são capazes — através do OBD2 — de alterar seu desempenho. Mas é melhor desconfiar, pois as fábricas já instalaram “filtros” para evitar essas interferências.
BF
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
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