Acelerada inútil – Num passado remoto, exigia-se habilidade do motorista ao reduzir as marchas na caixa de câmbio sem sincronizadores. Para não “arranhar”, era necessária uma acelerada entre as marchas com o pé fora do pedal de embreagem, na passagem da alavanca pelo ponto-morto. O “Bom Geral” ouviu o galo cantar sem saber exatamente onde e dá uma (ou duas…) acelerada mesmo ao passar da marcha mais forte para a mais fraca (2ª para 3ª, por exemplo). Totalmente desnecessário: só para aparecer, fazer barulho e gastar mais combustível. O Bob Sharp, que é carioca, me disse uma vez que lá no Rio chamam essa técnica de subir marchas de “mudança paulista.”
Acostamento – Estrada congestionada só é problema para os pobres mortais ao volante. O “Bom Geral” avança valentemente pelo acostamento. Ainda que contrariando a lei (a lei, ora a lei….) que proíbe esta invasão com o intuito de preservar esta faixa adicional para veículos oficiais de socorro como ambulância ou bombeiros. Afinal, se está congestionado, deve ter um acidente lá na frente.
Braço pendente – Motorista tem que manter as mãos ao volante. Ponto. Mas o “Bom Geral” desafia a segurança e a legislação pois tem certeza bastar-lhe uma delas para dominar a “máquina”. E a outra para o celular ou lata de refri (ou cerveja…), quando não está dependurada fora da porta (foto de abertura). E ainda correndo o risco de ferir (ou perder) o braço.
Celular – Dane-se a lei. O “Bom Geral” está acima destas firulas burocráticas e insiste em ter o celular no ouvido sem sequer usar o “Hands Free”. Mesmo com o carro em movimento, além de conversar, ele chega a teclar mensagens, produzir áudios, receber e disparar e-mails.
Depois, reclama do governo e protesta conta esta verdadeira “indústria da multa”…
Fumaça no asfalto – No carro manual, quanto mais apurado o sincronismo entre embreagem e acelerador, mais suave o motorista arranca, principalmente numa subida. Mas o “Bom Geral” vai muito além e não perde a oportunidade de revelar toda sua coordenação motora para derreter borracha do pneu e fazer muita fumaça com as rodas girando em falso no asfalto numa arrancada digna dos “Velozes e Furiosos”.
Qual garagem? Dentro dos conceitos de postura do “Bom Geral’, respeito aos demais está fora de cogitação. Ele encosta na frente da garagem de qualquer casa ou prédio, ou em fila dupla, tranca o carro e desaparece. Para ele, faixa de pedestre não passa de decoração asfáltica. E ainda atravanca todo o trânsito com uma “rápida paradinha” em local movimentado e sinalizado como parada proibida.
Ronco – Silencioso, abafador? Pra que isso? Carro do “Bom
Geral” dispensa essas “frescuras” e escapamento é quase direto. Ronco do motor é a melhor das sinfonias e são decibéis a vontade, sem nenhum respeito à lei e à sensibilidade auditiva dos demais cidadãos.
Saco de lixo – Existe regulamentação do Contran para a intensidade de escurecimento (transmitância luminosa) das películas aplicadas nos vidros. Muitos motoristas a desrespeitam. Mas o “Bom Geral” vai além: ele coloca duas das mais escuras sobrepostas. Durante a dia, a visibilidade já fica bem prejudicada. À noite, mais ainda. À noite e com chuva, não se enxerga coisa alguma, muito menos os espelhos.
Somzaço – Por falar em decibéis, haja tímpanos para suportar os alto-falantes do poderoso som do “Bom Geral”, que compete em potência de áudio com os trios elétricos. Quanto mais fuleiro o carro, mais megawatts de música. Sempre da pior qualidade possível, naturalmente.
Ziguezague – Existem regras de comportamento na estrada. Só para os outros. O “Bom Geral” não respeita nenhuma delas e não se perturba com os carros mais lentos (“Ahhh…como são lerdos e caretas estes motoristas”) e os ultrapassa seja lá como for. Sai “costurando” entre faixas e colocando todos em risco. Não se preocupa em permanecer na faixa da esquerda travando quem vem mais rápido. E quando insistem, faz gestos obscenos ou pisa fundo na tentativa de evitar a ultrapassagem.
Depois, reclama do governo e protesta conta esta verdadeira “indústria da multa”…
BF
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
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