MERCEDES-BENZ C 300, O BRILHO DA ESTRELA (COM VÍDEO)

O Mercedes-Benz Classe C, tipo W 201, veio ao mundo pelo Salão de Paris de 1982 como modelo 190, um carro do segmento C  (compactos), Era pequeno para o que se conhecia da marca e não demorou a ganhar o apelido de “Baby Benz”. Era o mais ágil dos Mercedes de então e ficou famoso quando, em 1983, a fabricante lançou no Salão de Frankfurt 190  E 2,3 duplo-comando com 16-valvulas e injeção de combustível (E de Einspritz, injeção em alemão). Inovou muito, como suspensão traseira independente multibraço (os Mercedes maiores tinham semieixo oscilante), bolsas infláveis, freios ABS, pré-tensionadores de cintos de segurança e aços de alta resistência, com bons resultados nos testes de impacto deslocado contra barreira indeformável. a 56 km/h. O designer-chefe Bruno Sacco, inovou com o porta-malas elevado, que se tornaria moda. Foi produzido até 1993 e não mudou de geração nos seus 11 anos, atingindo a expressiva produção de 1.979.629 unidades.

Foi nesse ano, em maio, que a denominação Classe C passou a ser utilizada. Desde então sua popularidade só aumentou,, e na última década foi o modelo da marca marca mais vendido. A penúltima geração, a 4ª (W 205), veio em 2014, e de lá até o final de 2021 foram vendidas mais de 2,5 milhões de unidades entre sedãs e peruas. O maior mercado do Classe C desde 2016 é a China, e nos últimos dez anos os EUA, Alemanha e Reino Unido foram onde mais se vendeu o Classe C. Ao todo, desde 1982 já foram entregues mais de 10,5 milhões de Classe C no mundo e cerca de 40 mil no Brasil.

Se preferir, assista ao vídeo agora:

A 5ª geração

A 5ª geração chegou em fevereiro de 2021 na Europa. O modelo testado, C 300 AMG Line, identificado num relance pelo emblema-logotipo na grade em vez de fincada no capô, tem preço público  de R$ 411.900.  No vídeo eu falo e aparece letreiro de R$ 399.900, pois decorreu bom tempo entre a captação e este texto, aumento de 3%.

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As linhas estão mais arredondadas e as dimensões aumentaram, um pouco, como o entre-eixos em 25 mm (2.865 x 2.840 mm), comprimento em  65 mm (4.751 x 4.686 mm), largura em 10 mm (1.820  x 1.810 mm). Mas a altura diminuiu 4 mm (1.438 mm x 1.442 mm). A área frontal se manteve, bem como o baixo e elogiável coeficiente aerodinâmico (Cx) de apenas 0,24.

O motor é o M254, 1.999 cm³, 4 cilindros turbocarregado, injeção direta, 16 válvulas, de 258 cv entre 5.800 e 6.100 rpm, e 40,8 m·kgf entre 1.800 e 4.000 rpm. Todavia, o motor é ajudado por um motor elétrico montado entra ele e o câmbio, ajuda essa de 20 cv e 20,4 m·kgf em situações de alta demanda de potência pelo motorista ou nas arrancadas normais. Isso faz do novo Mercedes-Benz Classe C um veículo semi-híbrido, uma vez que este motor elétrico, alimentado por corrente elétrica de 48 volts — a tensão do sistema elétrico do C 300 — não propulsiona o veículo isoladamente.

Esse mesmo motor auxiliar inverte função e funciona como motor de partida. Por não haver encontro de engrenagens para movimentar o virabrequim e fazer o motor a combustão funcionar, a ação de partida do motor é absolutamente silenciosa. Essa característica é particularmente apreciada tanto na operação desliga/liga motor nas paradas em meio ao trânsito, quanto religar o motor ao sair da estratégia de roda-livre com motor desligado. Esta estratégia, abaixo de 120 km/h, aproveita ao máximo a inércia de movimento para poupar combustível, a qual se vale da excelente aerodinâmica do Classe C, que reduz bastante o efeito frenante da massa de ar à frente do carro, combinada com o peso do veículo, 1.675 kg.

Curiosidade: o DKW Front, de 1932, de motor transversal de dois cilindros e dois tempos, tinha o que se chamava Dynastart (dínamo/motor de partida), um motor elétrico/dínamo montado entre o motor e o câmbio com duas funções, carregar a bateria como dínamo e servir de motor de partida.

O câmbio é o 9G-Tronic de 9 marchas, da própria marca. com conversor de torque. As trocas de marchas sequenciais são feitas exclusivamente pelas borboletas junto ao volante, já que a diminuta alavanca seletora é localizada na coluna de direção, solução que reputo perfeita por ser prática e fácil de usar, além de deixar o console de túnel livre. São apenas quatro posições, P-R-N-D e o comando, como é normal hoje, é elétrico, com indicação da marcha selecionada junto ao conta-giros.

O desempenho do C 300 agrada, com 0 a 100 km/h em 6 segundos e velocidade máxima que, mesmo limitada, é de 250 km/h, informa a Mercedes.

Refinamento

Um conhecido e inquestionável atributo da marca é o refinamento. Tudo que vê, toca, cheira e ouve, agrada aos sentidos Nada de fantasias, de “criativadade” no quadro de instrumentos. Não precisa. Tudo passa a impressão de bem feito, até o “peso” dos interruptores e controles.

Isso tudo se repete na hora de dirigi-lo. Logo parece um velho conhecido, sem surpresas, boas ou más. Suspensão, direção, freios, a sensação de que são feito por gente com conhece e gosta de automóvel é nítida.

A tela tátil central é bem grande, de posição vertical e ligeiramente voltada para o motorista, mas seu tamanho, 11,9 pol., não passa sensação de ser absurdamente grande e invasiva (como nos Teslas). Em frente ao motorista, outra tela, horizontal, de 12,3 polegadas, com mais informações entre os dois instrumentos principais (virtuais, claro) nela inseridos.

Os três difusores de ar ficam na metade superior do painel e seu desenho é interessante, remete às bocas do motores de aviões a reação (embora ali saia ar, não entra), mas não deixa de ser um desenho interessante assim mesmo.

O rodar é igualmente refinado, proporcionado pela suspensão independente nas quatro rodas bem elaborada, tanto a dianteira com quatro braços de controle separados mas formando triângulos superior e inferior, e a traseira de geometria multibraço com quatro braços, ambas atreladas a subchassis. A calibração e o controle das suspensões proporcionam um rodar firme e controlado.

O comportamento é francamente neutro, com pneus traseiros mais largos que os dianteiros — 255/35R19 e 225/40R19, respectivamente (Pirelli P Zero). Não há estepe, só kit de selante e bomba de ar elétrica.

Os auxílios à condução estão dentro do pacote de nome Distronic. Em situações de risco os sistemas são capazes de responder a colisões iminentes conforme necessidade. O principio de funcionamento dos sistemas é visualizado no mostrador do motorista. Há o sistema de assistência ativa de distância, na cidade e na estrada, para manter automaticamente distância segura, pré-definida, do veículo à frente. Outro auxílio é a resposta a veículos parados na faixa de rolamento ao trafegar a ate´100 km/h (era 60 km/h).

Com sensores aprimorados, os sistema de estacionamento ajudam ainda ao manobrar em baixa velocidade. A operação é mais rápida intuitiva com a integração ao Mercedes-Benz User Experience (MBUX). Este sistema está na segunda geração, em que o interior do veículo se tornou ainda mais digital com os avanços tanto do hardware quanto do software, proporcionando imagens brilhantes nas telas de cristal líquido que facilitam o controle do veículo e as funções de conforto.

O assistente de voz “Oi, Mercedes” está ainda mais interativo. Agora, certas ações podem até serem realizadas mesmo sem a palavra-chave de ativação “Oi, Mercedes”. Isso inclui fazer uma ligação telefônica. O assistente
explica também as funções do veículo como, por exemplo, ajudar quando questionado sobre como conectar um smartphone por Bluetooth.

Conclusão

Para quem (ainda) aprecia um bom sedã, moderno, espaçoso (porta-malas razoável, 455 litros), com tradição, rápido, estável, seguro econômico (14,5 km/l de casa até a curva AE), que não exige gasolina premium, e dispõe de recursos, o novo C 300 deve ser considerado.

BS

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