O começo da década de 90 trouxe ao Brasil o retorno dos automóveis importados. Sonho de consumo, naves, carros de outro mundo. Essa era a impressão geral dos brasileiros durante o período que compreendeu os anos de 1976 a 1990. Eles podiam ser vistos apenas em revistas e nas aguardadas edições do Salão do Automóvel.
A indústria automobilística nacional teve um impulso grande com a criação do Geia (Grupo Executivo da Indústria Automobilística), ideia do então presidente Juscelino Kubitschek. O grupo tinha poderes supraministeriais para acelerar a implantação da indústria de autoveículos no Brasil. A proposta era estimular a criatividade e também a a força de trabalho dos brasileiros para tornar o país grande e moderno.
Dessa forma as marcas aqui já estabelecidas ganharam impulso para a fabricação de modelos no país. A Volkswagen, por exemplo, começou a produzir o Fusca efetivamente por aqui em 1959. A partir daí ele escreveria um capítulo próprio em sua rica e vasta história de sucesso.
Na década de 60 o mercado pedia modelos mais luxuosos. Havia uma demanda por eles. Alguns deles se encaixavam como Simca Chambord e Aero-Willys para suprir essa necessidade. Mas o brasileiro queria algo novo e mais moderno. E a GM viu no Opel Rekord a possibilidade de trazer algo diferente.
Por aqui o estilo, especialmente da parte dianteira, foi redesenhado para o gosto do consumidor local. E ao invés da mecânica europeia foram utilizados motores dos Estados Unidos, com quatro ou seis cilindros. A proposta se mostraria muito bem acertada e o rebatizado Opala conquistaria o seu público-alvo.
A década de 70 viu o surgimento da versão SS, uma reestilização bem-vinda e também a chegada do lendário motor 250-S, com o som característico das válvulas. Mas no começo da década de 80 a marca resolveu lançar o seu trunfo para o mercado de luxo: a versão Diplomata.
O exemplar da matéria é de 1989. Um ano antes ele havia passado por uma reestilização visual e ficou com um design mais jovem e bem ajustado às necessidades do mercado naquele momento. A marca sabia como agradar os seus consumidores.
Ele trazia tudo o que o dinheiro e bom gosto podiam comprar. Esse tipo de cliente que entrava em uma concessionária naquele ano queria algo com um toque de exclusividade e que também tivesse muito conforto e status. Isso foi algo que a versão sempre soube entregar.
O interior se destaca pela cor preta. Podemos dizer que é até um pouco pesado, porém exala comodidade. Entrar em um desses Opalas é como voltar no tempo e se sentir quase em casa. Não me pergunte como, mas a marca sabia fazer isso de uma maneira especial. O tecido dos bancos é macio e melhor que qualquer corino utilizado nos dias de hoje.
Apesar de já ter 20 anos de mercado naquela época, o carro permanecia atual. Alguns ajustes de suspensão ao longo dos anos, bem como o melhor acerto dos freios, transformaram o Opala em um carro a ser batido pelos modelos da concorrência. Afinal, não havia nada com esse acabamento, a não ser o Ford Del Rey Ghia, porém com um motor bem mais fraco.
Nessa época o motor de seis cilindros e 4,1 litros estava um pouco mais amansado (135 cv). Mas o torque de 29 m·kgf é um de seus diferenciadores e faz com que andar em um deles seja algo extremamente prazeroso. O silêncio desse conjunto em funcionamento merece aplausos, tanto que alguns anos antes até mesmo o maestro Diogo Pacheco ilustrou uma famosa propaganda da versão, uma das ideias brilhantes da publicidade brasileira.
Uma característica interessantíssima diz respeito ao câmbio automático. São quatro marchas e o funcionamento bastante suave. As trocas são confortáveis e combinam com a versão. Vale lembrar que esse mesmo câmbio, ZF, era também utilizado pela BMW e pela Jaguar na época. Seu conversor de torque bloqueava-se em terceira e quarta marchas. Em outras palavras, tínhamos algo de primeiro mundo.
O Opala passaria por mais uma mudança antes de se aposentar com todas as honras e méritos merecidos. Sem dúvida nenhuma ele tem um lugar especial na história da marca Chevrolet no Brasil, na indústria automobilística nacional e também no coração de milhares de brasileiros em 25 anos de história.
GDB