Desde que chegou no Brasil em 2014, a “família” CB 500 da Honda buscou atender três públicos distintos com a mesma base. Usando o mesmo quadro, rodas e motor tínhamos a naked CB 500F, a esportiva CB 500R e a aventureira CB 500X. Com o passar do tempo, a esportiva saiu de linha e “irmãs” restantes foram se tornando cada vez mais distantes. O primeiro e importante passo para isto foi a adoção da roda dianteira de aro 19 na 500X.
Estive presente no lançamento nacional da linha 2023. Posso afirmar que as motos estão cada vez mais diferentes entre si, e isso é bom. Pilotei os dois modelos tanto na cidade quanto na estrada (e também na terra com a X) na região de Campinas, Amparo e Morungaba, no interior do estado de São Paulo. Se preferir, assista primeiro ao breve vídeo:
Muito se faltou durante a apresentação técnica sobre as vantagens da suspensão invertida. Primeiro temos aumento da rigidez torcional, uma vez que parte superior (mais pesada) esta presa junto ao chassi. Contudo, em minha opinião a maior e mais clara vantagem é a redução da massa não suspensa. Em outras palavras, temos uma frente mais rígida e ao mesmo tempo mais responsiva e leve para mudanças de direção. As bengalas douradas são da marcha Showa modelo SFF-BP com 41 mm de diâmetro em ambas as motos — na 500X o conjunto conta com maior curso e comportamento mais macio.
A balança traseira ficou mais leve, assim como as rodas e os faróis receberam um novo conjunto óptico mais potente. Os freios agora são de duplo disco na dianteira (pedido antigo dos proprietários). Apesar de os modelos serem visualmente parecidos, ficou clara a diferença em cada uma das motos. Na 500F o comportamento é mais rápido, esportivo e direto com pinças com fixação radial e 4 pistões na dianteira, enquanto na 500X as pinças são de fixação axial e com apenas 3 pistões na dianteira — com um comportamento mais progressivo, ideal para suas suspensões de curso longo e para rodar na terra. Ambas sempre com freios ABS.
CB 500F na cidade
Comecei o teste na melhor situação possível. Rodando na cidade em baixa velocidade com a 500F, me surpreendi pela facilidade na pilotagem. A embreagem assistida e deslizante é muito macia de acionar, sendo possível rodar muito tempo sem cansar, e o câmbio tem engates fáceis e rápidos. O motor permite rodar com marchas altas sem reclamar, em avenidas foi possível engatar a quarta marcha (há indicador da marcha em uso no painel) e seguir longos períodos sem qualquer vibração.
A frente da moto está nitidamente mais leve para mudar de direção e o freio dianteiro agora pode ser acionado até mesmo com um dedo apenas. Peguei pouco trânsito e rodando em baixos giros o consumo fez números que devem fazer inveja em motos maiores ao superar 27 km/l. No geral, a moto se mostrou leve e o novo farol ajudou a ser visto no trânsito pelos demais veículos. Detalhe interessante são as luzes de seta acessas permanentemente (como já acontece na NC 750X e CB 1000R).
CB 500F na estrada
Chegando na estrada utilizando a rodovia Don Pedro I, o motor de 471 cm³ mostrou fôlego para rodar no limite da via com muita tranquilidade e baixa vibração. Como com toda moto naked, em algumas situações o vento no peito e no capacete podem incomodar. Porém, bastou chegar à famosa serra que liga Amparo a Morungaba para esquecer do vento e até mesmo deixar a preocupação com o consumo de lado.
A nova 500F permitiu acelerar forte, frear mais tarde e contornar as curvas com muito mais velocidade. O painel compartilhado com a versão X conta com a útil shift light, ideal para uma tocada mais animada. Para minha sorte na turma estava também o piloto Rafael Paschoalin — simplesmente o único brasileiro a correr no famoso Tourist Trophy da Ilha de Man. Foi um daqueles momentos em que eu apenas segui a moto da frente tentando aprender ao máximo.
Só não espere um desempenho de uma superesportiva. Mesmo com mais de 50 cv de potência máxima, a entrega é progressiva em toda a faixa de rotação e sem sustos. Para sua categoria é uma das motos mais fáceis e seguras de se pilotar numa situação destas.
CB 500X na estrada
Após uma breve parada trocamos de moto para eu finalmente ter o primeiro contato com a CB 500X. Logo nos primeiros metros a posição de pilotagem ganha pontos em conforto, é muito relaxada e ereta com guidão alto e banco confortável. A bolha dianteira ajustada em sua posição mais alta cortava parte do vento e logo abaixo delas já temos até o local ideal para um instalar um celular ou GPS. Sem dúvida, é uma moto feita para quem quer percorrer longas distâncias.
Contudo, faltou avisar o restante da turma que trocamos de moto, pois bastou chegarmos novamente no trecho de serra para esquecermos que estávamos numa trail. Mesmo com a roda dianteira maior (de 19 polegadas) foi possível fazer curvas com muita segurança e velocidade — uma grata surpresa. Os pneus de uso misto também se saíram bem neste cenário, trabalhando bem em conjunto com os novos freios dianteiros. Bastou ajustarmos a forma de pilotar para o novo posicionamento. Respeitando os limites da moto posso afirmar que dá para se divertir também de 500X no asfalto.
CB 500X na terra
Chegou a hora de finalmente colocar a 500X na terra. Aqui cabe um comentário. A Honda escolheu a dedo o terreno que iríamos percorrer. O trecho de terra era de chão batido com poucas pedras, sem lama, cavas ou grandes erosões. Parecia aquela típica estradinha de terra para chegar ao sítio ou um hotel-fazenda. Andar na terra seca foi ideal para a proposta da moto e dos pneus originais. Não tive sustos.
A nova suspensão dianteira claramente facilitou a vida dos pilotos, tanto na absorção de impactos quanto nas manobras em baixa velocidade. Mesmo sendo com um perfil mais de aventureira do que uma legitima off-road, o modelo se saiu muito bem, cruzando a terra sem qualquer dificuldade até voltarmos para o asfalto. Em nenhum momento a parte de baixo do motor tocou o solo, porém é o primeiro acessório que aconselho para quem gosta de andar por maus caminhos é um protetor de cárter.
CB 500X na cidade
Por último, retornando para Campinas foi o momento andar na cidade com a 500X. Aqui ela não chega a ser grande demais em nenhum momento, mérito das motos de média cilindrada. Ganha em conforto ao passar em buracos e valetas, porém sem a mesma agilidade de sua “irmã” F. A posição do painel fica mais prática para aquela olhada rápida antes de um radar ou curva.
O novo banco permite pilotar horas a fio sem qualquer desconforto. A parte dianteira ficou mais fina ajudando um número maior de pilotos a conseguir firmar os dois pés no chão. Para minha altura a bolha não atrapalhou em nada na cidade, porém dependendo da altura do condutor convém deixá-la numa posição mais baixa. São duas alturas possíveis, mas é preciso usar ferramenta para as trocas de posição.
Conclusão
Ao final do teste ficou clara a evolução de ambas as motos. Os ajustes de chassi, rodas, freios e suspensões tornaram essa geração de fato melhor que suas antecessoras. Não foi possível testar os faróis, pois rodamos apenas durante o dia. Estacionando ao lado da geração anterior fica nítida a intenção de entregar uma motocicleta mais refinada. Algumas partes que antes eram apenas de plástico preto agora receberam pintura na mesma cor da moto ou um melhor acabamento.
Entre as duas eu escolheria a 500F para rodar na cidade no dia a dia, em viagens curtas e, principalmente, para pilotar na serra com meus amigos pilotos de classe mundial. Já se a ideia for viajar, rodar longas distâncias com maior conforto a escolha seria a 500X. Vale a pena você pilotar cada uma delas para conhecer qual se encaixa melhor com seu tipo de pilotagem. Apenas uma ressalva seria para o uso com garupa, neste quesito não existe dúvida — a 500X recebe muito melhor o passageiro.
Já disponíveis nas concessionarias da marca, as novas motos já chegam como linha 2023. O preço público sugerido da nova CB 500F é de R$ 39.100 e as cores disponíveis serão vermelho, prata metálico e cinza fosco. Já para a CB 500X o preço sugerido é de R$ 41.600 — ambos o preços usam como base Brasília, DF. Na versão aventureira as cores serão vermelho, prata metálico e verde fosco. São três anos de garantia, além do sistema de atendimento Honda Assistance. Os preços não incluem frete e seguro.
LR
FICHA TÉCNICA HONDA CB 500F | |
MOTOR | |
Descrição | 2 cilindros, DOHC, injeção eletrônica, arrefecimento a líquido |
Cilindrada (cm³) | 471 |
Diâmetro e curso (mm) | 67 x 66,8 |
Taxa de compressão (:1) | 10,7 |
Potência (cv/rpm) | 50,2 / 8.500 |
Torque (m·kgf/rpm) | 4,54 / 7.000 |
Corte de rotação (rpm) | n.d |
SISTEMA ELÉTRICO | |
Tensão (V) | 12 |
Bateria (A·h) | 7 |
Alternador (V/W) | n.d |
TRANSMISSÃO | Manual de 6 marchas |
Relações das marchas (:1) | n.d |
Relação primária (:1) | n.d |
Relação secundária (:1) | n.d |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Garfo telescópico invertido com 108 mm de curso |
Traseira | Pro-link com 119 mm de curso |
FREIOS | |
Dianteiro (Ø mm) | Disco duplo hidráulico / 296 |
Traseiro (Ø mm) | Disco hidráulico / 240 |
Controle | Freios com ABS |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio, 17 pol. dianteira e 17 pol. na traseira |
Pneus | Dianteiro 120/70-17 e traseiro 160/60-17 |
CONSTRUÇÃO | Chassi tipo Diamante |
Ângulo do garfo (º) | n.d |
Avanço (mm) | n.d |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 2.081 |
Largura | 798 |
Altura | 1.056 |
Distância entre eixos | 1.409 |
Distância mínima do solo | 157 |
Altura do banco ao solo (mm) | 789 |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso seco/em ordem de marcha (kg) | 174 / n.d |
Carga útil (kg) | n.d |
Tanque de combustível (L) | 17,1 |
FICHA TÉCNICA HONDA CB 500X | |
MOTOR | |
Descrição | 2 cilindros, DOHC, injeção eletrônica, arrefecimento a líquido |
Cilindrada (cm³) | 471 |
Diâmetro e curso (mm) | 67 x 66,8 |
Taxa de compressão (:1) | 10,7 |
Potência (cv/rpm) | 50,2 / 8.500 |
Torque (m·kgf/rpm) | 4,54 / 7.000 |
Corte de rotação (rpm) | n.d |
SISTEMA ELÉTRICO | |
Tensão (V) | 12 |
Bateria (A·h) | 7 |
Alternador (V/W) | n.d |
TRANSMISSÃO | Manual com 6 marchas |
Relações das marchas (:1) | n.d |
Relação primária (:1) | n.d |
Relação secundária (:1) | n.d |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Garfo telescópico invertido com 133 mm de curso |
Traseira | Pro-link com 135 mm de curso |
FREIOS | |
Dianteiro (Ø mm) | Disco duplo hidráulico / 296 |
Traseiro (Ø mm) | Disco hidráulico / 240 |
Controle | Freios ABS |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio, 19 pol. dianteira e 17 pol. na traseira |
Pneus | Dianteiro 120/80R 19M/C e traseiro 160/60R 17M/C |
CONSTRUÇÃO | Chassi tipo Diamante |
Ângulo do garfo (º) | n.d |
Avanço (mm) | n.d |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 2.156 |
Largura | 830 |
Altura | 1.446 |
Distância entre eixos | 1.443 |
Distância mínima do solo | 193 |
Altura do banco ao solo (mm) | 834 |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso seco/em ordem de marcha (kg) | 184/ n.d |
Carga útil (kg) | n.d |
Tanque de combustível (L) | 17,7 |