Desde o lançamento da nova geração do Onix ao final de 2019 o AE vinha solicitando à GM uma unidade de testes com o novo motor tricilindros de aspiração atmosférica, porém em um mercado que está vendendo tudo, a GM vinha focando os recursos nas versões mais completas e lucrativas. Finalmente chegou à frota de imprensa da GM e às nossas mãos o tão desejado Onix de entrada, mesmo que esta versão seja a mais completa, ainda assim podemos conhecer o que mais interessa, conjunto motriz com motor 1-litro e câmbio manual de 6 marchas.

A falta de semicondutores no mercado está obrigando os fabricantes a traçarem estratégias de logística com seus fornecedores para manter as linhas de produção em operação. No caso do Onix a GM decidiu subdividir seus veículos deixando de oferecer temporariamente a conexão Bluetooth, WiFi e pareamento de Android Auto, mas mantendo para Apple CarPlay através de cabo. Com isso a lista de preços para o ano-modelo 2023 para o estado de São Paulo está assim:

Onix 1,0 MT – R$ 78.900
Onix LT1 MT (R7D) – RS 78.970
Onix LT2 MT (R7H) – R$ 81.940 (versão testada)

As funcionalidades indisponíveis no momento devem voltar a ser oferecidas assim que a validação de novos componentes for concluída pelos fornecedores.

Se preferir assista primeiramente ao vídeo de avaliação do veículo gravado na região da Curva AE em Araçariguama, SP:

A novidade, o motor

Esta é a primeira vez que temos contato com o motor tricilindro de aspiração atmosférica da nova geração de motores da GM, o GSE (Global Small Engine – motor pequeno global). São 4 válvulas por cilindro acionadas por duplo comando de válvulas com variação continua de fase na admissão e escapamento. O coletor de admissão tem ramos bem longos para proporcionar melhor torque e potência em baixas rotações, e o mesmo acontece com o ajuste de fases dos comandos. Em baixas rotações o diagrama está desenhado para melhor dirigibilidade, maior economia de combustível e menores emissões de gases. Ao acelerar, passando de 3.000 rpm, o motor começa a crescer com mais energia e assim segue até o corte de rotação a 6.500 rpm.

O sistema de injeção de combustível é do tipo no duto, o que demonstra a longevidade que esse motor terá, pois à medida que os limites de emissões mais exigentes forem sendo implementados, o motor tem espaço para evoluir para injeção direta, entre outros recursos disponíveis. Os bicos injetores aquecidos dispensam a utilização de sistema dedicado à partida a frio, quando utilizando álcool, e/ou sob temperaturas ambientes mais baixas, e um sensor de percentual de álcool na linha de combustível ajusta os parâmetros da injeção.

No início dos anos 90 o motor 1,0 que desenvolvesse 50 cv era tido como rei, mas esse passado ficou para trás e este novo motor da GM entrega 78/82 cv a 6.400 rpm de potência máxima, com 9,6/10,6 m·kgf a 4.100 rpm de torque máximo. A densidade de potência é de 82,1 cv/litro, ótimo resultado para um motor de aspiração atmosférica e para essa categoria de veículo.

O prazer do câmbio manual

O câmbio manual de 6 marchas no Onix não é novidade, pois já tínhamos avaliado na versão com motor 1-L turbo. E recebe os elogios pela precisão e baixo esforço de engates do sistema a cabo. O escalonamento de marchas é muito bom, permitindo explorar toda elasticidade do novo motor. As retomadas de velocidade em saída de lombadas (30 km/h) podem ser feitas em 3ª marcha, pois proporciona força para o carro com até dois ocupantes, acima disso pede a 2ª marcha.

Em rodovia, a 100-120 km/h a 6ª marcha mantém o motor abaixo de 3.500 rpm, e ainda com força para encarar os pequenos aclives. Já naqueles mais pronunciadas a redução para 5ª ou 4ª marcha ajuda a manter a velocidade, sem grande prejuízo para o consumo de combustível.

Para aqueles que alegam que pressionar o pedal de embreagem é o que cansa para dirigir carro manual, a embreagem de comando hidráulico do Onix é bem leve e o escalonamento dos pedais permite efetuar o punta-tacco com facilidade, e ainda há ótimo apoio para o pé esquerdo junto à coluna.

Excelente, o consumo

Invariavelmente, a busca por um carro de entrada com motor 1,0 de menor potência significa também a busca por um carro econômico, e nesse atributo esta versão do Onix surpreendeu. Na primeira viagem até à Curva AE para gravar o vídeo, saindo de São Caetano do Sul abastecido com gasolina, o consumo acumulado cidade-estrada foi de 16 km/l. Nada mau, dada as condições de trânsito.

Na sequência das gravações, retornei a São Paulo, seguindo para Campinas, percorrendo o trajeto padrão que adotei para medição de consumo de combustível. Utilizando o limitador de velocidade para não ultrapassar os 120 km/h (real no GPS), o consumo acumulado foi de 21,6 km/l. Muito bom!

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Integração com carroceria

A terceira geração do Onix foi um salto tecnológico e um desafio de engenharia, pois grande parte do desenvolvimento foi realizado pela subsidiária da GM na China, e apesar de haver boa integração entre as equipes de engenheiros, alguns obstáculos sempre aparecem e precisam ser superados.

No final, a integração do motor à carroceria e as respostas sentidas na condução do veículo são de responsabilidade dos engenheiros do Brasil. Sendo assim, o ajuste do conforto acústico e vibracional, bem como conforto ao rodar e estabilidade do carro ficou a cargo do pessoal do Campo de Provas da Cruz Alta (CPCA) da GM em Indaiatuba, SP. E ao dirigir o carro nota-se claramente que o DNA Chevrolet Brasil de ride & handling (rodar e comportamento) está presente, e o mesmo ocorre na resposta de ruído interno e externo do veículo.

A calibração final do motor também foi feita pelo pessoal do CPCA, e a dirigibilidade em todas as condições de rodagem é bem equilibrada. Pouco se fala, mas a calibração da embreagem é crucial para dar conforto no anda e para dos grandes centros urbanos, e aquelas retomadas de velocidade em saída de lombadas ou após virar uma esquina podem ser terríveis se o trabalho não for bem feito.

A utilização de coxim hidráulicos no motor e isolante acústico no interior do capô e no painel corta-fogo deixaram o carro com bom nível de ruído interno, permitindo boa interlocução entre os ocupantes. Nos testes objetivos de medição de ruído não apareceu nenhum pico anormal que pudesse apontar para um trabalho mal executado. Vide abaixo os gráficos de ruído a 60, 80 e 100 km/h, além da aceleração de 0-100 km/h:

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Hatch que satisfaz

A silhueta da carroceria hatch do Onix não difere ou se destaca em relação ao demais carros deste segmento, mas o entre-eixos de 2.551 mm proporciona boa distribuição de espaço interno. O peso em ordem de marcha de 1.049 kg ajuda no desempenho de 0-100 km/h em 13,3 segundos, e a aerodinâmica com coeficiente de arrasto (Cx) 0,33 colabora para a velocidade máxima de 167 km/h.

Externamente o Onix LT se destaca pela ausência de frisos cromados, tendo as maçanetas pintadas na cor do carro e carcaças dos retrovisores em preto. Na dianteira o farol convencional tem acendimento por sensor crepuscular e o para-choque traz moldura preta onde nas versões superiores é montado o farol de neblina.

O interior tem revestimento em tecido para os bancos, material que ajuda na absorção de ruídos, volante multifuncional, quadro de instrumentos completo com conta-giros à esquerda/velocímetro à direita, sendo que ao centro está o mostrador do computador de bordo.

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O sistema de ar-condicionado é do tipo convencional e tem boa eficiência, apesar de a avaliação ter ocorrido numa semana de temperaturas amenas. Destaque para o bom nível de ruído do ventilador interno e do ar fluindo pelos difusores do painel de instrumentos.

Ergonomicamente, o interior é bem equacionado com livre visibilidade para os instrumentos e facilidade de alcance e operação dos comandos, tanto no console central quanto na central multimídia MyLink de 8 polegadas. A alavanca de câmbio está em altura compatível com o volante de direção de posicionamento fixo. E a distribuição de compartimentos porta-objetos dentro da cabine atende aos usuários mais exigentes.

Conclusão

O Onix LT é daqueles carros que agrada pelo conjunto, não havendo pontos excepcionais, como também não há itens que desagradem a todos. É o equilíbrio no desenho exterior que atrai os seus admiradores, sem que estes fiquem decepcionados ao encontra o interior bem desenhado. Os materiais utilizados são agradáveis ao toque, e de bonito visual, como a moldura que imita fibra de carbono no painel de instrumentos.

O conforto dos bancos e a posição de dirigir realçam o acerto de suspensão que está ajustada para as dificuldades de nossas vias. A frenagem equilibrada, mesmo em situações de pânico, deixou para trás a má impressão que tive no primeiro Onix de terceira geração que avaliei. E o desempenho do motor 1,0 aspirado surpreende ao ponto de desconfiar que havia recebido um carro com motor maior, e entrega um dos melhores consumo de combustível já testado pelo AE em carros de motor a combustão.

GB

No elevador:

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