Este causo veio da leva de material que foi recolhido com a ajuda do JIE — Jornal Interno Eletrônico — da Itaipu Binacional — quando, em 2003, eu estava recolhendo material para o meu segundo livro “EU AMO FUSCA II – Uma coletânea de causos de felizes proprietários de Fusca”. Naquele tempo a edição eletrônica o JIE era através da intranet da empresa para a qual eu trabalhava pela segunda vez, agora no Consórcio Itaipu (Ceitaipu).
O gaúcho Cristiano André C. Zank era estagiário de Engenharia Elétrica em Itaipu, morava em Foz do Iguaçu e decidiu tomar parte no concurso que eu realizei com a ajuda do JiIE, e cujo prêmio era o meu primeiro livro. O causo do Cristiano foi selecionado para o segundo livro.
Meu (o)\_i_/(o) 74
Por: Cristiano André C. Zank
Onde se vá tem um, não importa o nome pelo qual é conhecido, seja ele Vocho, Carocha, Escarabajo, ou, como o conhecemos no Brasil, Fusca, nosso querido e amado companheiro, talvez o único carro que serve a todas as classes sociais. Desde o executivo, com seu Fusca oval, original e superconservado, ao pobre pai de família, que pelo baixo custo de manutenção o escolheu para ir ao trabalho, mesmo com o motor queimando óleo, com a lataria amarrada com arames etc.
No meu caso, tudo começou quando meu pai, com sérias dívidas, teve que vender seu Uno Mille. No tempo do Uno eu nem pensava em ter um Fusca,, que não apresenta estabilidade, tem tração e motor traseiros, enfim é (era) um carro anormal para os meus padrões.
Como já falei das dívidas, pois bem, pagamos o cartão de crédito e sobrou um dinheiro para comprar outro carro. E qual carro? A escolha foi sendo feita e, como tínhamos pouco dinheiro, pensamos num carro antigo que tivesse a melhor relação custo-benefício, fosse econômico, de fácil manutenção, tivesse revenda garantida — que maldade, pensar que há dois anos eu queria me desfazer de meu companheiro! Como se pode perceber pela descrição acima, a escolha não foi difícil.
O carro escolhido foi o nosso querido e estimado Fusca, aquele mesmo inseguro, sem estabilidade e barulhento Fusca citado no parágrafo anterior.
Após a compra, percebi que ter um Fusca não é simplesmente ter um automóvel, mas um carro projetado por Ferdinand Porsche – o pai dos carros esportivos que levam seu sobrenome. E comecei a gostar daquele carrinho, onde eu podia mexer no motor. Nele podia gastar minhas tardes e horas, pois sempre encontraria algo novo para ser feito até deixá-lo do jeito que ficasse “a minha cara”.
O Fusca se tornou um caso de amor para mim e minha família. Quando me casei, pedi à minha esposa que não tivesse ciúmes do bom velhinho. E ela não tem. Assim como eu, ela gosta dele e sonha junto comigo as aventuras que serão vividas por nós com o Fusca nos levando aos mais diversos lugares.
Hoje fico imaginando onde o velho 74 (tem dois nomes: Tomatão e Papai Noel) teria andado, o que estavam fazendo com ele quando eu nasci. Quantas pessoas ele levou ao seu destino com satisfação e segurança. As aventuras que ele viveu, se foi bem ou maltratado pelos seus donos anteriores, se todos lhe deram a devida atenção.
É, velho 74, você é mais velho que eu e às vezes parece que possui vida própria, que sempre está sorrindo para mim, me alegrando com seu barulhento motor boxer (apesar de não ser a configuração mais barata, é a melhor disposição para um motor de 4 cilindros).
Com certeza você está nos planos da minha família, você já é considerado peça de museu, pois me levou à lua-de-mel, ao encontro do meu filho, o trouxe para casa, e muitas coisas mais.
Você, meu grande amigo, sabe muito bem onde queremos ir. Bem, companheiro, acho que, com este relato, já dá para saber um pouco sobre mim e você.
AG
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