A temporada de caça a Charles Leclerc (foto de abertura) segue firme na floresta da F-1, que no fim de semana se apresenta nas verdes colinas de Hungaroring, região metropolitana de Budapeste. Um dos maiores adversários de Max Verstappen nos anos em que ambos disputavam vitórias no kart, o monegasco da Ferrari desembarcou na categoria muito tempo depois do holandês (nascido na Bélgica) da Red Bull. Isto, por si só, esclarece a inconstância dos resultados do piloto número 1 da Scuderia de Maranello. O erro cometido na décima-nona volta do GP da França, quando liderava a prova, pode muito bem ser considerado um acidente de percurso. Por não ser inédito deve ser classificado como uma lição importante.
Paralelamente, os escudeiros de ambos, Carlos Sainz, nos carros vermelhos, e Sérgio Pérez, nos monopostos azuis, seguem em um labirinto que limita ainda mais suas consagrações como nomes de ponta. Entre as equipes a Mercedes consolidou seu caminho de recuperação com o duplo pódio em Paul Ricard e a Alpine venceu uma batalha importante contra a McLaren e agora isolou-se no quarto lugar do Campeonato dos Construtores. Ainda é cedo para se pensar em atacar a marca alemã, mas quatro pontos de vantagem sobre o time de Woking é equivalente a superar o rival jogando casa do time do time adversário.
Charles Marc Hervé Perceval Leclerc, monegasco nascido aos 16 de outubro de 1997, não é a primeira grande promessa de um novo campeão que comete erros ou que perde corridas por problemas mecânicos ou estratégicos de sua equipe. Ayrton Senna, em seus tempos de Lotus Renault, não poupava seus técnicos e engenheiros quando ficava sem combustível em um GP. O próprio Max Emilio Verstappen (30/9/1997), abandonou 14 vezes em suas quatro primeiras temporadas na categoria, várias delas por erros de pilotagem e foi criticado por alguns dos seus pares na pista por eu modo de plotar, digamos, “arrojado”. O que caracteriza Verstappen, que já soma 153 largadas, contra 92 de Leclerc, é que o primeiro é um piloto construído e aprimorado dentro de uma equipe extremamente rígida e focada em seu plano de trabalho. O monegasco paga o preço de defender a escuderia mais tradicional da F-1 e também a mais passional. No time de Maranello não raramente as decisões são tomadas pela emoção e não pela razão.
Dominadora das últimas oito temporadas, a Mercedes amarga uma temporada de resultados que, para seu padrão de qualidade, está abaixo da crítica. Para a maioria das equipes, porém, o time anglo-alemão segue como um dos grandes e o pódio duplo de Paul Ricard, onde Lewis Hamilton e George Russell ficaram em segundo e terceiro lugares respectivamente, é mostra clara do trabalho para tornar o chassi W13 competitivo. Verdade que o piso extremamente liso do circuito francês e o abandono de Leclerc ajudou nisso, mas não deixa de ser uma boa mostra de progresso.
Outro fator que contribuiu para a dupla presença da Mercedes no pódio foi o erro de Sérgio Pérez na relargada da prova, a quatro voltadas da bandeirada. O mexicano diminuiu sua velocidade muito mais do que deveria e o inglês George Russell não perdeu a chance de ultrapassar o rival. Ainda que a Red Bull já acumule 92 pontos de vantagem sobre a Ferrari, certamente o assunto que foi tratado com a devida seriedade de Helmut Marko na reunião pós-corrida. A pontuação da Scudewria teve importante colaboração de Carlos Sainz, autor da melhor volta da prova e que largou em penúltimo lugar por causa da troca da unidade de potência do seu carro.
Na briga pela liderança do pelotão intermediário, o espanhol Fernando Alonso (sexto) e o franco-catalão Esteban Ocon (oitavo) venceram a batalha contra a McLaren, que viu Lando Norris terminar em sétimo e Daniel Ricciardo em nono. As duas equipes têm mais em comum do que apenas a disputa pelo quarto lugar entre os Construtores: Fernando Alonso demonstra capacidade de se manter na equipe e continuar dentro do plano quinquenal da Alpine, que até 2026 quer disputar o título, e Daniel Ricciardo insiste que vai honrar seu contrato com a McLaren até o fim, dezembro de 2023. As duas vagas são as mais cobiçadas do mercado de pilotos, onde o australiano Ocar Piastri é o primeiro nome da lista de vestibulandos já aprovados para desembarcar na categoria.
O resultado completo do GP da França você encontra aqui.
WG
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