A Honda adotou a estratégia da redução do tamanho de suas plataformas de veículos para o Brasil e em contrapartida oferece maior conteúdo tecnológico para manter a atração dos seus clientes. O primeira ato foi cessar a produção do Civic e lançar o novo City com o pacote de itens de segurança e conforto, para que seu novo sedã compacto reunir atributos suficientes para substituir o sedã médio.

Na linha de suve compacto a Honda implementa uma renovação. Ao final de 2021 parou a produção do renomado HR-V e descontinuou o WR-V, e agora reinicia com o novo HR-V derivando da plataforma do City, mas sem redução das dimensões principais, e passando a produzi-lo na fábrica de Itirapina, SP. O novo modelo oferece bom conteúdo desde sua versão de entrada, a EX Sensing. Criou uma nova versão, a Advance, que ao lado da Touring passa a ter o novo motor 1,5-l turbocarregado flex.

A terceira geração do HR-V é a segunda à venda no Brasil, pois a primeira não chegou por aqui. Será oferecido em quatro versões de acabamento, EX Sensing, EXL Sensing, Advance e Touring. Os dois primeiros com motor 1,5-l DI i-VTEC Flex que já propulsiona os novos Honda City. Os outros dois com motor 1,5-l DI VTEC Turbo Flex. O câmbio será só automático CVT de  7 marchas. Os preços serão divulgados apenas no lançamento da campanha de vendas ao final de julho.

As versões EX e EXL com motor aspirado estarão disponíveis para pré-venda a partir de agosto próximo e as outras duas versões de motor turbocarregado terá pré-venda em outubro/2022. Ainda na linha de oferecer maior conteúdo o HR-V inaugura o aplicativo myHonda Connect com capacidade para maior interação entre o homem e a máquina.

Se preferir assista primeiramente ao vídeo de apresentação e impressões ao dirigir gravado na sede da Honda em Sumaré, SP:

Nova geração

O desafio da Honda em substituir um dos seus principais veículos é grande, pois o HR-V era um suve compacto de nível superior e com grande aceitação no mercado. Esse segmento é o que mais cresce em participação de mercado no mundo todo, e aqui no Brasil não é diferente. À primeira vista a silhueta do novo HR-V agradou muito, com linha de cintura mais alta e traseira puxando para o estilo cupê, trazendo um maior equilíbrio com a linha do capô alto e alongado. O entre-eixos permaneceu inalterado em 2.610 mm, e o comprimento total cresceu em apenas 1 mm, passando para 4.330 mm no EX e EXL, e 55 mm no Advance e Touring, passando para 4.385 mm.

Todas as versões passam a ser oferecidas com iluminação em LED, as rodas são de 17” com três desenhos distintos para diferenciação entre as versões, mas sempre com o mesmo pneu 215/60R17H. Frisos e molduras de caixa de roda de acabamento preto brilhante são o destaque de efeito joia nas versões Advance e Touring, enquanto as outras duas versões utilizam peças texturizadas. Ainda na parte externa é possível observar o novo posicionamento dos retrovisores externos, mais afastados da carroceria e deslocados para frente. Segundo os engenheiros da Honda essa pequena modificação trouxe melhor visibilidade.

Outro fator de diferenciação entre as versões do novo HR-V está na grade frontal. As versões de topo trazem grade com elementos que parecem flutuantes, enquanto as versões EX e EXL a grade é formada por filetes horizontais.

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No interior a diferenciação entre os modelos está nos materiais de revestimento e as novidades aparecem nos novos difusores de ar do painel com modo de distribuição de ar disperso, diminuindo o fluxo de ar direto para os ocupantes e proporcionando climatização mais rápida e homogênea da cabine. O sistema de climatização conta com saída de ar na extensão do console central para maior conforto dos ocupantes do banco traseiro.

Os bancos dianteiros incorporam a nova tecnologia de estrutura apresentada no novo Honda City, permitindo maior conforto e melhor estabilidade lateral para o corpo. No banco traseiro está adotada a configuração magic seat”da Honda, que originalmente equipou o Fit e agora faz parte do conteúdo do City hatch e também do novo HR-V. Esse recurso aumenta a flexibilidade para acomodação de cargas longas e/ou altas.

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Outra novidade é a abertura e fechamento por acionamento elétrico da tampa do porta-malas, disponível apenas na versão Touring. O sistema conta com abertura sem uso das mãos, através de comando com os pés sob o para-choque traseiro, e tem a comodidade do recurso Walk Away Close (fechamento ao se afastar). Antes de pegar a carga no porta-malas, o usuário aciona o botão de fechamento e o mesmo só se fecha quando a pessoa se afastar do vão do porta-malas. Essas funções só funcionam se o usuário estiver de posse da chave.

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O espaço interno é um dos grandes trunfos da Honda no novo HR-V, pois a posição de dirigir passa ater um ponto de visão 10 mm mais alto, e o espaço para pés e joelhos dos ocupantes do banco traseiro tiveram acréscimo de expressivos 35 mm. O ângulo do encosto traseiro foi aumentado em 2 graus. Tudo para dar mais conforto, porém o pênalti ficou na capacidade do porta-malas que perdeu 66 litros, passando a 354 litros.

O myHonda Connect, plataforma de conectividade da marca, estreia no novo HR-V, e certamente aparecerá em outros modelos no futuro. Além de aumentar a segurança do motorista, o aplicativo de smartphone permite ao usuário consultar as condições do veículo, fazer acionamento remoto do motor e climatização da cabine, e encontrar o veículo através de suporte de mapa. O aplicativo recebe mensagens de alerta e permite agendamento de revisões na rede de concessionárias.

Novo motores

As versões Touring e Advance utilizam o novo motor turbocarregado flex que terá seus dados revelados somente no segundo semestre. As versões EX e EXL vêm com motor quatro cilindros em linha, aspiração atmosférica, injeção direta, todo em alumínio e utiliza o sistema que varia a amplitude e duração de abertura das válvulas de admissão, o i-VTEC – Intelligent Variable Valve Timing and Lift Electronic Control. O mesmo comando tem o sistema VTC – Variable Timing Control, que controla o momento de abertura das válvulas de admissão, podendo avançar ou atrasar. Daí sai a nomenclatura: 1,5-L 16V DI DOHC i-VTEC.

Esse motor flex entrega 126 cv a 6.200 rpm, com qualquer dos combustíveis, puros ou misturados em qualquer proporção, e o torque máximo é de 15,5/15,8 m·kgf a 4.600 rpm. A Honda insiste em não divulgar os números de desempenho dos seus modelos produzidos no Brasil, mas a sensação é que o veículo tem aceleração levemente inferior ao novo Honda City que utiliza o mesmo motor e é cerca de 140 kg mais leve.

O câmbio CVT tem sete marchas e tem o recurso de trocas de marcha em manual através das borboletas atrás do volante, indisponível na versão EX. A calibração do câmbio é ajustada para prover as trocas de marcha em acelerações mais vigorosas, acentuando a percepção de mudanças. Nas frenagens o sistema antecipa as reduções de marcha, utiliza o recurso de aceleração interina, e está sempre pronto para a retomada de velocidade. Na prática esse recurso também auxilia a dirigibilidade provendo maior capacidade de freio-motor, melhor tração em contorno e saída de curva, além de contribuir para maior economia de combustível.

A Honda homologou junto ao Inmetro o consumo de 12,7/8,8 km/l no ciclo urbano e 13,9/9,8 km/l no ciclo rodoviário para os veículos com o motor 1,5-l aspirado. Os dados de consumo do novo motor turbocarregado também não foram informados.

Iluminação em LED em todas as versões

Impressões ao dirigir

A avaliação foi realizada na pista de testes da Honda em Sumaré com uma unidade de pré-série na versão EXL Sensing, onde a primeira parte do percurso foi possível sentir a calibração da suspensão do novo suve. Nota-se a preocupação dos engenheiros da Honda em deixar o carro adequado para enfrentar as dificuldades que vemos todos os dias pelas ruas, avenidas e estradas. O curso da suspensão traseira foi alongado para que a atuação do batente de compressão ficasse mais suave, e o resultado foi maior movimentação da suspensão traseira, trazendo conforto principalmente para os ocupantes do banco traseiro.

A suspensão dianteira do tipo McPherson tem amortecedores pressurizados com batentes hidráulicos na distensão para evitar o indesejável ruído de queda de roda, e a calibração de molas e barra antirrolagem segura bem a inclinação da carroceria em curvas. No geral nota-se o suve negociando bem as irregularidades do piso, sem repassar todo desconforto para os ocupantes.

No tocante a ruídos e vibrações a Honda está investindo pesadamente nessa plataforma do City, e utiliza aço de alta resistência para aumentar a rigidez do monobloco, com isso melhora a durabilidade geral e diminui a deterioração pelos rangidos e chocalhos dos acabamentos internos. A maior rigidez contribui também para a menor propagação de ruído de rodagem, que associado ao desenvolvimento de buchas de suspensão e aplicação de materiais fonoabsorventes nas cavidades da carroceria, deixaram o carro em um nível muito bom. Resultado objetivo teremos quando realizarmos o teste de uma semana.

Na segunda parte da avaliação, em asfalto liso e balizado com cones, foi possível experimentar os recursos do Honda Sensing que equipam o novo modelo. Os itens de auxílio ao motorista e segurança presentes em todas versões são: frenagem de emergência para mitigar danos de colisão, controle de cruzeiro adaptativo, sistema de permanência no centro da faixa, alerta de saída involuntária de faixa, farol alto automático, assistente de partida em rampa, e controle de descida em rampa com operação entre 3-20 km/h.

Finalizando a avaliação em asfalto liso havia um circuito de curvas de média e baixa velocidade que permitiu sentir a boa calibração do sistema de direção eletroassistida e aumento de peso indexado à velocidade. A centragem do volante tem boa definição e a resposta de direção é rápida e precisa.

Ainda nesse trecho final foi feita a avaliação do desempenho do sistema de freio equipado com discos nas quatro rodas, onde a modulação do pedal tem boa progressão e não se nota peso excessivo ou sinais de fading. Durante as frenagens ficou evidente a atuação do sistema de redução de marchas antecipada do câmbio CVT, e aquela aceleração interina que todo autoentusiasta adora.

Conclusão

A nova geração do HR-V é a aposta da Honda no segmento de maior competitividade da indústria mundial. Em muitos aspectos esse novo modelo pode ser visto como uma evolução em relação ao anterior, principalmente no conteúdo tecnológico disponibilizado. A introdução do pacote Honda Sensing desde o modelo de entrada, EX, assim como o uso desse termo na descrição da versão demonstra o reforço de marca que a Honda quer dar a essa tecnologia.

A avaliação inicial mostrou ser um carro confortável, espaçoso, com bom nível de equipamentos de série, e desempenho adequado para o propósito de uso destas versões EX e EXL de motor aspirado. Ficou a curiosidade para conhecer o desempenho das versões com motor turbocarregado flex, e obviamente o posicionamento de preços que a Honda dará a esse novo veículo. Vamos aguardar!

GB