A Ford abriu as portas do Campo de Provas de Tatuí, no interior paulista, renomeado Centro de Desenvolvimento e Tecnologia de Tatuí, para a imprensa especializada das áreas automobilística e de tecnologia conhecer o dia a dia dos engenheiros que ali trabalham e, principalmente, para mostrar alguns dos recursos e instalações disponíveis que, a partir de agora, fazem parte do novo modelo de negócio da filial brasileira. O complexo de pistas e laboratórios situado a 130 quilômetros a oeste da capital passa a ser um centro de prestação de serviços que pode ser contratado por fabricantes que não dispõem desse tipo de instalação. A estimativa é de R$ 500 mil de faturamento já em 2022, porém não foi divulgadaa lista de empresas ou serviços contratados.
Ao completar 40 anos de existência, o campo de provas possui cerca de 20 quilômetros de pistas pavimentadas, com vários tipos de calçamento, desde paralelepípedos similar à época do império até circuito asfaltado ao nível dos autódromos mais modernos, onde é possível realizar vários tipos de testes de desenvolvimento e validação de veículos. Adicionalmente há ainda 40 quilômetros de pistas não pavimentadas com trechos para testes de penetração de poeira, e até pista de fora de estrada severo que somente veículos com tração 4×4 e reduzida conseguem superar as dificuldades.
Em termos de laboratório foram mostrados alguns dos equipamentos para gravação e análise de ruídos e vibrações, e o simulador de pistas de quatro vias, onde o veículo é ali colocado e sinais coletados nas pistas ou sinais randômicos podem simular diversos tipos de piso, lombadas, depressões, buracos de forma repetitiva. Esse tipo de equipamento é muito utilizado na indústria automobilística há muito tempo e busca identificar ruídos nos diversos sistemas do veículo de forma mais rápida é prática.
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Veículos especiais
Recentemente a Ford anunciou o aumento da equipe de engenheiros para 1.500 profissionais que estão distribuídos entre a sede em Camaçari, BA e o campo de provas. Esse corpo técnico está com a incumbência de prover serviços de engenharia para as demais unidades de engenharia da Ford no mundo e segundo Alex Machado, diretor da engenharia da Ford, 85% das atividades da sua equipe são para dar apoio as operações da Ford globalmente.
Uma equipe de engenheiros locais tem a responsabilidade de desenvolvimento de adaptações para os veículos comercializados localmente, e como exemplo de serviço realizado por esses engenheiros foi apresentada uma picape Ranger modificada para uso policial e um utilitário Transit transformado em ambulância. Os engenheiros dessa equipe trabalham em sincronia com os fornecedores dos implementos e estão aptos a desenvolver e validar diversas soluções, de acordo com a necessidade dos clientes.
Experiências a bordo
Depois da oportunidade de dirigir o Bronco Sport e a Ranger FX4 pelas pistas fora de estrada do complexo, e comprovar novamente a ótima adequação desses produtos ao uso recreativo e laboral em tais situações, foi apresentado o robô que substitui o motorista para testes que precisam de repetibilidade.
Um Bronco Sport estava com o equipamento montado e dois engenheiros fizeram a demonstração da capacidade de repetir manobras de aceleração, curvas e até frenagem em situação de emergência, sem a interferência do motorista.
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Em outro momento foi possível dirigir a picape Ranger e experimentar a atuação do sistema de frenagem autônoma de emergência devido a um veículo parado na via e uma bicicleta atravessando-a. São situações que nos testes semanais que executamos no AE não podemos simular por não termos os recursos para isso. Dentro de um campo de provas tudo é feito com muita segurança e principalmente repetibilidade.
E não poderia faltar uma volta na pista de alta velocidade com o Mustang Mach 1, onde o engenheiro-piloto Luís Gozzani, único latino-americano que possui nível 4 na escala de pilotos de testes da Ford, conduziu o bólido praticamente no limite da pista, que por incrível que pareça ainda está abaixo do limite do carro.
A cereja do bolo
A eletrificação também faz parte dos planos da Ford para o Brasil, e para mostrar que o novo centro de desenvolvimento está no apto a trabalhar com novas tecnologias, fomos levados até uma sala secreta onde estava o Mustang Mach-E. O suve superesportivo elétrico da marca que atualmente está com vendas esgotadas nos EUA, e que ainda não tem previsão de data de vendas no Brasil. O que foi dito é que o veículo já está em testes no campo de provas, e fica a especulação que logo, logo pode ser anunciado por aqui.
São 480 cv e praticamente 90 m·kgf de torque instantâneo para acelerar de 0 a 100 km/h em 3,6 segundos. Conta com tração integral, sistema de amortecedores adaptativos para dar conforto a um carro com desempenho espetacular, segundos relatos que obtive na mídia internacional.
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Foram poucos minutos ao redor do carro para conseguir descobrir e identificar todos os equipamentos e tecnologias que estão disponíveis, mas ficou a certeza que apesar de a Ford ter deixado de fabricar carros no Brasil, ela não saiu do país e a cada dia surpreende com oferta de novos produtos, tecnologias e, agora, de serviços de engenharia.
GB
Corrigido valor do negócio de US$ 500mil para R$ 500 mil (12ago2021 – 9:45)