Estamos vivendo a era da hipocrisia.
O inimigo público mundial do mundo — e “deste país”, como o presidente-eleito sempre fala em vez de Brasil, como se este fosse um nome repugnante — agora é um gás chamado dióxido de carbono, mais conhecido pela rua representação química CO2.
O CO2 é um produto da queima de combustíveis, de álcool inclusive, Maior a potência exigida, maior o consumo de combustível, maior a emissão de CO2,, fato mais do que conhecido. Apesar “deste país” estar da mãos dadas com a luta mundial contra o CO2, temos uma “fábrica” de CO2 de alta eficiência funcionando em regime 24 x7. O nome desta fábrica é ondulação transversal, conforme o Contran, popularmente chamada de lombada ou então quebra-molas, nas vias de trânsito.
O quadro típico é um veiculo em velocidade constante, seu motorista se deparar com o que chamo — apropriadamente — de dejeto viário, precisar quase parar, transpor o dejeto e retomar velocidade, para isso fazendo o motor desenvolver mais potência por meio do pedal do acelerador. Pronto, mais CO2 emitido, bem mais, do que o necessário. Como somos inteligentes, não?
Não precisa ser perito em técnica automobilística para estimar o que um caminhão com reboque de 50 toneladas de peso bruto total sozinho lancede CO2 na atmosfera a cada dissipação de velocidade (desperdício de combustível) para transpor uma lombada e voltar à velocidade em que vinha
Sem contar os desgaste de freios e ciclos de trabalho adicionais da suspensão de qualquer tipo de veículo devido unicamente a esses dejetos viários que acabam por elevar desnecessariamente o custo dos transportes de passageiros e de cargas, pago por toda a sociedade.
Essa “fábrica” tem zilhôes de “filiais” espalhadas por 8,510345540 milhões quilômetros quadrados — a área “deste país” — e não apenas em vias publicas, também em vias internas de instalações fabris e condomínios industriais e residenciais. Como se mentes doentias achem que não pode haver via de trânsito de veículos sem lombadas.
Qualquer via, até em estradas. Lembro-me de ter visto lombadas até nas curvas das estradas da Ilha de Itaparica ,na Bahia!
“Ah, mas carro elétrico não emite CO2 e regenera energia a cada freada”, podem os dejeto-defensores argumentar. Uma pinoia! A retomada de velocidade requer potência e energia adicionais que a regeneração só proporciona vindo lá de longe como o pé fora do acelerador, o que exige paciência de motorista de Fenemê. Sem contar que energia elétrica produzida “neste país” não é proveniente exclusivamente de produção limpa. Termelétricas “fabricam” CO2 também.
Há poucos dias a Porto Saúde emitiu comunicado à imprensa vangloriando-se de ter adquirido a primeira ambulância elétrica “deste país” (as aspas são nossas), afirmando que “o lançamento faz parte do compromisso da companhia de buscar novas formas de contribuir com a preservação do meio ambiente e promover a conscientização da sociedade para a sustentabilidade.” Como assim, sustentabilidade? O que tem a ver? No comunicado acrescenta que o ,modelo escolhido, JAC iEV750V tem alcance de 235 km e 136 cv de potência, e que segundo a montadora (sic) a bateria tem capacidade de 92,6 kW·h e leva cerca de 12 horas para atingir 100% de carga ou 8 horas para alcanças 50%.”
Se há veículo não pode ser elétrico é ambulância, creio ser desnecessário explicar por quê.
Acrescentou no informe que “Desde 2017 a Porto vem investindo na compra de veículos elétricos, os quais totalizam hoje 21 carros elétricos na frota da holding. Em 2021 deixamos de emitir 6,2 toneladas de gás carbono (sic) equivalente, conforme o Inventário de Gases de Efeito Estufa da Porto, que usa como metodologia o GHG Protocol” (Protocolo de gases de efeito estufa).
E a presença de CO2 na atmosfera não é local, mas mundial, com a imagem de abertura bem mostra. Não existe o CO2 “neste país;”
Complicado!
BS
A coluna “O editor-chefe fala” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.