A Stellantis errou na estratégia de se tornar elétrica no segmento A, o de entrada? A Renault também? Ou o mercado europeu está oferecendo oportunidades diferentes para empresas como a Toyota por meio de uma alternativa de baixos peso e consumo com carros urbanos a gasolina? Talvez haja mercado para ambos os caminhos
A Toyota aumentou suas vendas na Europa em 2022 e se tornou a segunda marca atrás da Volkswagen. Ficaram para trás Audi, BMW, Citroën. Fiat, Ford, Hyundai, Kia. Mercedes. Opel-Vauxhall, Peugeot e Renault. Como isso aconteceu? Sustentará a Toyota essa posição?
A Toyota Motor Europe tem sido inteligente o bastante ao manter excelentes relacionamentos com fornecedores (incluindo aqueles de quem compra microchips). Selecionou alianças com fabricantes de forma inteligente (Stellantis para veículos comerciais leves) enquanto se afastava de outras (Stellantis em carros pequenos). Tudo isso significa que ela pode oferecer eletrificação ou motorozação a combustão onde fizer mais sentido fazê-los.
Tudo o que foi dito acima ajuda a explicar como se chegou a esse ponto, em que um modelo do segmento A foi lançado como um projeto isolado, substituindo um que fazia parte de um empreendimento de três marcas. Acabou, portanto, qualquer ligação com os antigos hatchbacks Peugeot 108 e Citroën C1, sendo o novo Aygo X um crossover de baixo custo fabricado na República Checa. Cessam também eletrificação e compartilhamento de tecnologia ou linhas de produção com concorrentes.
A matemática parece bastante sólida. Enquanto o antigo Aygo vendia tão bem como seus contemporâneos PSA/Stellantis, esta última poderá sacrificar um pouco de volume. Isso provavelmente não importa muito, já que o Aygo X é mais caro do que o hatchback anterior. E é tão divertido de dirigir e barato quanto seu aclamado antecessor.
Diversão frugal
O mias parecido com o pequeno Toyota em prazer de dirigir é um Suzuki, o que é um grande elogio. O minúsculo motor de aspiração atmosférica é vigoroso, o preciso câmbio manual tem só cinco marchas bem espaçadas, a direção e o comportamento são caibrados para o máximo de sorrisos. além de seu peso, bem como o consumo, serem bem baixos.
Nenhum dos atributos acima importaria nem um pouco se a aparência do carro fosse feia e estranha. No entanto, aqui está outro novo Toyota que leva à pergunta se este carro vem da mesma fabricante que produziu carros como o Prius anterior ao novo.
Chamar o Aygo Cross de lindo seria exagero, mas como um buldogue francês ele certamente tem uma presença marcante para algo tão pequeno. Também, ele não se parece com algo existente, o que a FCA e agora a Stellantis descobriram com o maravilhoso Fiat 500.
A plataforma GA-B da Toyota foi adaptada para este modelo de 3.700 mm de comprimento, 235 mm mais que o Aygo. Essa pegada compacta também significa um diâmetro mínimo de curva de apenas 9,8 metros.
Embora a distância entre eixos tenha crescido 90 mm, os bancos traseiros são realmente para crianças pequenas apenas. Além disso, os vidros das janelas traseiras são basculantes em vez de subir e descer. Pelo menos existe a opção de um teto solar de lona razoavelmente grande para ajudar a expelir rapidamente o ar quente nos meses de verão.
O porta-malas é acanhado, embora poucos que compram um carro desse porte esperem um compartimento para bagagem grande. Na verdade, para as pequenas dimensões do modelo, o porta-malas de 231 litros de capacidade até que é muito bom. São 60 litros mais do que o Aygo oferecia e, com os bancos rebatidos a capacidade de bagagem sobe para 829 litros.
Corte de custos
Embora seja fácil ver em que a Toyota escolheu economizar dinheiro — câmbio manual sem sexta marcha, aa janelas traseiras, sem porta de carga convencional e assim por diante — a tipo de vidro pelo menos tem um limpador. A lista de carros elétricos que não trazem nada disso é longa.
A Toyota oferece o novo modelo em três níveis de acabamento denominados Pure, Edge e Exclusive. Há também uma edição especial chamada Air, que tem o grande teto solar Todos são propulsionados pelo mesmo motor tricilindro de 998 cm³ que entrega 72 cv e 9,5 m·kgf.
Em algumas condições, como ao subir ladeiras íngremes. um pouco mais de torque seria bem-vindo, O carro não pesa muito (a partir de 945 kg), mas com um passageiro a bordo dá para notar logo a diferença. A aceleração é boa, com o 0-96,5 km/h em pouco menos de 15 segundos, com velocidade máxima de 151 km/h (manual) ou 158 km/h (CVT)
Em resumo, o Cross é como o antigo Aygo, mas com um visual mais encorpado, mais sistemas de segurança e maior proteção em colisões. Portanto, um ótimo carro para quem prefere gasolina a elétrico.
Volto à pergunta do início desta avaliação, quais fabricantes vencerão e quais não, na classe europeia de carros pequenos, com tantas marcas já desistindo e outras decididas a fazer o mesmo, a resposta é simplesmente aquelas que permanecerem.
Um modelo ao jeito Akio Toyoda
Sejam apenas elétricos, como Renault, a combustão e elétrico (a Stellantis ainda vende o antigo 500) ou apenas a combustão no caso da Toyota, o momento é de transição. Devemos também comemorar algo mais, que se tratando da maior fabricante do mundo, a Toyota tem 100% do seu foco na minimização de danos ambientais, ao mesmo tempo em que, obviamente, protege os interesses de seus acionistas e cuida dos empregos de seus fornecedores e funcionários. Fazer isso investindo em todos os tipos de sistemas de propulsão também nos dá uma variedade realmente interessante de novos modelos multitecnológicos.
Os preços do novo Toyota Aygo Cross começam em 15.975 libras esterlinas (R$ 99.500 na conversão direta). O consumo de gasolina combinado cidade-estrada é de19,8-20,5 km/l e a média de emissões de CO2 é de 109-114 g/km (manual/CVT).
AE
Nota: Matéria publicada no site Just-Auto (just-auto.com) em 22/12 último, autor Glenn Brooks