Uma alta nas vendas animou os concessionários e fabricantes. A Anfavea vinha apostando nessa reação há meses, mas ela não vinha. Pois veio, foram licenciados 204.011 autoveículos, sendo 192.052 automóveis e comerciais leves, 10.208 caminhões e 1.751 ônibus, o segundo melhor mês do ano.
Nos vinte dias úteis do mês, os emplacamentos diários de leves atingiram a média de 9.603, a média mais alta de 2.022, porém a participação nas vendas diretas de automóveis de passageiros também foi a mais elevado do ano, 55,4%, o varejo teve também melhora, embora ainda tímida, nos onze meses o patamar de 70.000 unidades nas lojas foi ultrapassado somente quatro vezes, contando com novembro (gráfico abaixo).
Na comparação de períodos acumulados entre 2022 e 2021, os licenciamentos de leves encolheram 1,4%, com 12% a menos no varejo e 13% a mais de vendas diretas. Uma situação não favorável à rentabilidade que os fabricantes consideram adequada. As locadoras estão com apetite, mas não é uma situação que perdure.
Dadas as dificuldades enfrentadas de abastecimento, principalmente o de semicondutores, que não foi totalmente sanado, podemos considerar esses números como uma vitória e a indústria abre o ano de 2023 em busca de retomar os números pré-pandemia, estamos pouco mais de 25% aquém do patamar atingido em 2019.
Olhando para os números dos automóveis, também se percebe que houve uma distribuição nas vendas diferente do que se tinha até então, somente dois suves entre os dez primeiros, Tracker e Compass e os compactos ocupando as outras oito posições. Novembro também será o penúltimo mês dos modelos Gol, Voyage e Saveiro da VW, uma aposentadoria anunciada durante o ano e que deve mudar o posicionamento da marca alemã, afastando-a dos modelos mais populares e de maior volume. O mercado brasileiro deve fechar com cerca de dois milhões de unidades de leves.
RANKING DE NOVEMBRO E DOS ONZE MESES DO ANO
A Fiat liderou e abriu ainda mais distância, com 44.934 unidades licenciadas, seu melhor mês no ano, um salto de 46% sobre mesmo mês do ano passado. A VW ultrapassou a GM, com 29.757, depois 27.052, Toyota em 4º, 17.493, Hyundai em 5º, Jeep, Renault. No acumulado em onze meses a Fiat registrou vendas de 388.431 veículos, 2% a menos que ano passado, num mercado que encolheu 1,4%. GM ficou com a vice-liderança garantida, com 258.871, VW em 3º, 235.879, Hyundai e Toyota praticamente empatadas, respectivamente 171.312 e 170.560.
Nos automóveis, o HB20 firma-se como o novo líder do mercado, um feito para uma marca tão jovem de Brasil, foram emplacadas 9.457 unidades, seguidos do Mobi, com 8.724, Onix Plus, 8.035, Argo, 7.737, Onix, Gol. Nos onze meses o ranking é pouco diferente, HB20 já garantido como o mais vendido, 89.229 unidades, depois o Onix, 75.569, Onix Plus, 67.133, Mobi, Gol, Tracker.
Vale o registro que Gol e Voyage e Saveiro estão de despedida dos consumidores brasileiros, depois de quatro décadas de enorme sucesso. A VW reposicionou o Polo (matéria do AE) em preços e conteúdo, na tentativa de fazê-lo ser o sucessor do Gol. Os volumes serão o seu grande desafio na nova vida sem o trio e deve passar a se encaixar entre o 6º e 7º lugares no ranking, surpreendente para quem liderou a motorização do brasileiro desde 1961 A soma da média mensal de emplacamentos, nos últimos dois anos, dos três modelos que estão saindo tem sido de cerca de 10-11.000 unidades, ou quase metade de suas vendas. Quantos desses serão absorvidos pelo Polo repaginado?
A GM começa a vender a nova Montana em fevereiro, no segmento de picapes compactas chiques (ar-condicionado, câmbio automático, turbo, telona no painel, cabine dupla), aproximando-as dos suves dos quais derivam, segmento esse que promete crescimento robusto para esta década.
Curiosamente a VW apresentou o conceito Taroc como uma resposta à Toro no último salão (2018) arrancou inúmeros elogios e abandonou a ideia logo depois, deixando a disputa para somente três fabricantes, Fiat, GM e Renault. Incompreensível.
Falando em picapes, Strada (foto de abertura)mais líder que nunca, com 9.240 unidades (103.200 em onze meses e liderança no geral), seguida por Hilux num número surpreendente, com 4.816, depois Toro, 3.473, Saveiro, 2.875, Fiorino, Oroch. O segmento de comerciais leves encolheu 10% este ano, comparando com 2021.
A Fiat ensaia lançar na Strada a motorização 1,0 turbo para enfrentar a nova Montana, deixando o segmento ainda mais interessante.
Que venha 2023!
MAS