Um ano exato atrás escrevi a matéria “Marchas simuladas, nada, elas são é reais”.
Anteontem precisei indicá-la a um leitor que comentou serem simuladas as marchas nos câmbios CVT e não verdadeiras. Seu nome é público, está nos comentários à matéria de Gerson Borini sobre o novo Honda Civic Híbrido publicada na última sexta-feira.
É preciso entender que “marcha” não significa necessariamente duas engrenagens . Por exemplo, a última marcha de um câmbio manual de 4-marchas como o de Chevette, Opala, Polara, Dart e de outros carros de mesma configuração — motor e câmbio dianteiros e tração traseira — poderia ser chamada de virtual, uma vez que não há engrenagens formando a quarta marcha. Mas não é virtual, apenas é usada outra solução, como no câmbio CVT e mostrado no breve vídeo na citada matéria.
A quarta é simplesmente a conexão direta da árvore de entrada no câmbio com a árvore primaria, e desta diretamente para o eixo traseiro pelo cardã. No eixo traseiro está o par de engrenagens cônicas helicoidais que muda em 90º o sentido de rotação do cardã para que seja possível o acionamento das rodas;. E nesse conjunto encontra-se o diferencial propriamente dito. com a função de absorver as rotações diferentes das rodas, seja nas curvas. seja nos pisos irregulares, para que não haja arrasto de pneus.
É daí que vem o termo, pouco usado hoje, prise, forma reduzida de prise directe, tomada direta em francês, que em inglês é direct drive. Nos meus anos de adolescente e juventude era comum ouvir proprietários de carros americanos dizerem orgulhosamente “meu carro sobe a serra de Petrópolis em prise”, símbolo de poder mecânico dos motores de então. em que os carros que faziam o percurso em terceira (e última) marcha, sem necessidade de reduzir.
Se formos chamar de “simulação” uma direção leve ou um freio que não requer grande esforço para ser aplicado, será um erro de conceito, pois trata-se de sistemas criados para assistir, ajudar o motorista na tarefa de conduzir o veículo. É por isso que no AE nunca escrevemos “direção elétrica”, sempre direção com assistência elétrica. ou direção eletroassistida. Direção “mecânica” por não ter assistência? Jamais, seria redundância, uma vez que todo sistema de direção é ,mecânico (há estudos e desenvolvimento de direção elétrica de verdade).
Pelo que foi dito ate aqui, mais a matéria com link no começo, fica claro que não há simulação alguma nos carros atuais de motor a combustão, salvo em ruído.
Lembro-me de que o roadster BMW Z4, lançado em 2002,, tinha um sistema acústico que trazia para o interior o som do motor. novidade absoluta. Mais para cá vi isso em Audis e Volkswagens, no caso o Jetta GLI. Mas recurso semelhante no novo Civic Híbrido, som na cabine de motor a combustão estando em propulsão elétrica, é a primeira vez. Não apenas simular um motor a combustão pura e simplesmente, mas ouvi-lo variar rotação com as trocas de marchas! Assista ao vídeo da matéria.
Isso sim é que é simulação, um admirável feito de engenharia eletrônica que mostra não haver limite para a criatividade e imaginação humana, tampouco para a eletrônica.
BS