Em entrevista à agência de notícias americana Bloomberg, na semana passada, o executivo-chefe da Ferrari, Benedetto Vigna, foi enfático: “A Ferrari fará o seu próprio caminho na eletrificação”, ao contestar a pergunta se a marca estava atrasada em relação a projetos e fabricação de modelos totalmente elétricos. Ele afirmou: “Isso não é verdade. Estamos dentro dos prazos e o primeiro modelo Ferrari 100% elétrico será revelado em 2025, e vai estar à venda em 2026”.
Vigna também explicou: “Penso que uma marca como a nossa não pode impor única escolha aos clientes e, por isso, enquanto for possível e rentável iremos oferecer a melhor mistura de tecnologia. Ou seja, motores de combustão interna, híbridos e elétricos”. O executivo também lembrou que a eletrificação “deve ser uma nova forma de oferecer aos clientes uma experiência de condução única. E não tenho dúvida que os nossos motores elétricos vão oferecer as mesmas emoções que os motores a combustão”.
Para o chefe da Ferrari, “o principal é extrair a melhor emoção no uso desta tecnologia, oferecendo algo único aos nossos clientes. Por outro lado, a emoção na condução é obtida por uma combinação de fatores, como acelerações longitudinais e laterais, ronco do motor, passagens de marcha e frenagem. Estas premissas não mudam se o motor for elétrico”. Será que a engenharia da Ferrari está preparando algo revolucionário?
Questionado sobre as ameaças que a eletrificação coloca à Ferrari, Benedetto Vigna disse, simplesmente, “Nenhuma! Eletrificar um veículo é, tecnologicamente, fácil. A dificuldade está em extrair dele a melhor emoção para oferecer ao condutor utilizando a nova tecnologia elétrica. Ela é apenas uma ferramenta e, por isso, acho que estão despejando muito dinheiro nisto. Mas temos de reconhecer que a falta de conhecimentos e de alguma visão ajuda nesta situação.”
Para ele não há nenhuma ameaça especifica à Ferrari com relação a eletrificação de seus esportivos. “O que há é uma ameaça para a indústria do luxo, em geral, que é ter a percepção de como as novas gerações vão reagir aos bens de consumo. Por isso temos colocado a sustentabilidade com um verdadeiro plano de desenvolvimento interno e quando dizemos que em 2030 seremos carbono neutro, em 2030 vamos reduzir, mesmo, as nossas emissões a zero.”
E ao ser contestado se eletrificação já é algo pacífico para a Ferrari, Vigna ressaltou: “Os reguladores decidiram que a comunidade teria de ter automóveis elétricos, seja essa decisão certa ou errada, está decidido, vai acontecer. A Ferrari terá que fazer seu próprio caminho. Mas há que lembrar que a eletrificação é, apenas, uma parte da equação. Na minha opinião estão todos a concentrados em demasia na tecnologia e lançam ideias e propostas que ninguém percebe, ignorando o mais importante: a percepção do cliente.”
Por isso, ao ser indagado porque o Purosangue, primeiro suve da marca do Cavallino Rampante já não ter sido lançado eletrificado, ele destacou: “O Purosangue é o melhor exemplo de que ainda há espaço para todas as tecnologias. A lista de pedidos foi esgotada rapidamente, mais depressa do que esperávamos e, mesmo assim, o modelo só será responsável por 20% de nossa produção”.
RM