A Fórmula 1 viveu momentos importantes nos últimos sete dias, quando cinco das dez equipes que disputam o Campeonato Mundial apresentaram seus modelos para a temporada 2023. Tão ou mais importante do que isso é o fato que o presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), o saudita Mohammed bin Sulayem, decidiu reduzir drasticamente sua presença — algo que muitos classificariam como intromissão — nos desígnios da categoria. Com essa decisão o elo entre a entidade e planeta F-1 será administrado pelo grego Nicholas Tombazis, que atua nesse meio desde 1992, quando foi contratado como aerodinamicista da equipe Benetton, atual Alpine.
De todos os carros apresentados nos últimos dias o Ferrari SF23 era o mais aguardado. O monegasco Charles Leclerc e o espanhol Carlos Sainz, confirmados para este ano, venceram quatro corridas e obtiveram 12 pole positions, mas sucumbiram por uma combinação de motor pouco confiável, uma sucessão de erros estratégicos e o clima de discórdia dentro da equipe, algo decisivo para a saída do italiano Mattia Binotto e a chegada do francês Frédéric Vasseur, ex-Alfa Romeo Sauber.
O novo McLaren M60 é um aperfeiçoamento do modelo anterior, o McL36. A mudança de sigla é para celebrar os 60 anos do time fundado pelo neozelandês Bruce McLaren em 2 de setembro de 1963. O carro ganhou formas mais volumosas em relação às do ano passado e, como é de praxe, adota conceitos do carro campeão da temporada 2022: o McL60 lembra o Red Bull RB18. O inglês Lando Norris e o australiano Oscar Piastri serão os pilotos do time comandado pelo americano Zak Brown.
Equipe que mais investiu em tecnologia nos últimos anos, a Aston Martin Racing é apontada como a mais inovadora neste início de temporada: o AMR22 tem uma linha de cintura mais alta, algo notável na forma do chassi em torno do habitáculo, e um bico mais alto, além de mais numerosas saídas para o escoamento do ar que passa por interresfriadores e radiadores. O canadense Lance Stroll e o recém-chegado espanhol Fernando Alonso são os pilotos confirmados e o brasileiro Felipe Drugovich um dos pilotos-reserva do time comandado pelo luxemburguês Mike Krack.
A marca AlphaTauri, propriedade do grupo Red Bull, representa uma confecção focada em roupas de apelo funcional e levemente esportivo e que investe em novos materiais. Isso e o recente anúncio da parceria da empresa-mãe com a Ford justificaram o lançamento do AT04 na Fashion Week de Nova York. As tomadas de ar para os radiadores laterais, em torno do habitáculo, foram redesenhadas e o projeto é uma evolução natural do carro de 2022. O austríaco Franz Tost comanda a equipe que terá o japonês Yuki Tsunoda e o holandês Nick de Vries como pilotos.
Última colocada no campeonato passado, a Williams tenta se desvencilhar da posição que ocupou quatro vezes desde 2018; apenas em 2019 ela ficou na oitava colocação. Ainda em meio a uma recuperação conturbada e decorrente do clima interno, o novo chefe da casa de Grove, o inglês James Vowles, sabe que ainda há um longo caminho a percorrer para voltar aos tempos gloriosos. O anglo-tailandês Alex Albon e o americano Logan Sargeant serão os pilotos do FW45, cuja característica mais notada são as caixas laterais (sidepods) mais afiladas e que sugere um fluxo de ar mais limpo para a traseira do carro.
A Alpine pôs ontem na pista para a primeira andada o seu A523 mas não divulgou imagens do carro que será apresentado oficialmente quinta-feira, ação que a Mercedes programou para amanhã.
FIA revê modus operandi
Uma sucessão de críticas decorrentes do comportamento expansivo e invasivo do presidente Muhammed Bin Sulayem levou a FIA a mudar sua política de relacionamento com o Planeta F-1. Nas últimas semanas o saudita esteve em destaque na mídia especializada em decorrência de suas opiniões sobre a estratégia comercial da Liberty Media, empresa que detém os direitos comerciais da categoria, e da intenção de censurar declarações dos pilotos. A empresa americana cogitou processar Sulayem após o dirigente ter declarado que considerava desproposital a venda daqueles direitos a um grupo árabe por US$ 20 bilhões. Certamente o fato de que a F-1 é o maior gerador de renda da entidade pesou na balança. Desde a semana passada o grego Nicholas Tombazis, é diretor de Monopostos da FIA, o responsável pela interação com as equipes e o comando comercial da categoria.
WG