O lançamento do novo Citroën C3 em setembro do ano passado reveloua estratégia da Stellantis em relação à sua participação no mercado, transformando a marca francesa na linha de entrada de veículos do grupo. Consequentemente, é na Citroën que passamos a encontrar um dos carros mais acessíveis das marcas pertencentes ao grupo formado em fevereiro de 2021. O carro de teste nesta semana foi o C3 Feel 1,0 com câmbio manual de cinco marchas vendido por R$ 81.490 (valor de SP).
Se preferir assista primeiramente ao vídeo de apresentação e teste gravado na região de Joaquim Egídio em Campinas, SP:
Motor
O tricilindro 1-L Firefly oriundo da Fiat é o das versões de entrada do novo C3, todas com câmbio manual de cinco marchas. A elasticidade deste motor é elogiável e os 71/75 cv a 6.000 rpm e os 10/10,7 m·kgf de torque máximo a 3.250 rpm são muito bem aproveitados pelo escalonamento de marchas do câmbio em conjunto com os pneus 195/65R15.
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Manter 120 km/h na estrada é uma tarefa relativamente fácil, porém requer atenção para se antecipar nas acelerações ao iniciar a subida, caso contrário a quarta marcha é requerida. O longo curso do pedal do acelerador acaba desestimulando a utilização de todo potencial do veículo e deste modo privilegia o consumo de combustível. No trajeto de São Paulo a Campinas em velocidade constante a média obtida foi de 16 km/l, porém o sistema de injeção não utiliza sensor de combustível, impossibilitando confirmar se o teor de álcool no tanque era de 27,5%. De todo modo é um bom resultado e está compatível com o homologado junto ao Inmetro de 12,3/9,3 km/l na cidade de 14,1/10,0 km/l na estrada.
O acionamento da embreagem é hidráulico e tem peso adequado para permitir a perfeita modulação nas arrancadas e trocas de marchas. O sistema de trambulador por cabo de aço deixa as trocas bem definidas e com esforço adequado para o padrão do carro. Utilizando o mesmo câmbio dos modelos Fiat que carrega injustificáveis críticas, no C3 não deve acontecer o mesmo.
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Dinâmica agradável
O resultado final da calibração da suspensão McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira é de conforto deixando uma pitada de “fun to drive” (divertido ao dirigir) no conjunto geral de suspensão, direção, rodas e pneus. O carro pode ser exigido ao limite de aderência nas curvas que ainda assim o comportamento é bem neutro e passa segurança para quem está ao volante e a bordo.
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A direção tem assistência elétrica com sistema eletrônico de controle dos mais simples existentes no mercado, mas ainda assim não decepciona. Há boa definição de centragem da direção, porém não faz correções direcionais para compensar as inclinações laterais das vias ou minimizar o efeito de rajada de vento lateral. Em manobras evasivas, em que o rápido esterço do volante é solicitado, pode ocorrer perda momentânea de assistência, fato não observado neste veículo.
No sistema de freio foram adotados discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, tendo boa modulação de esforço de pedal e a relação esforço versus desaceleração obtida também está equilibrada. Mesmo exigindo o freio ao máximo em algumas ocasiões, ainda assim não ocorre aumento do curso do pedal ou fading instantâneo, mostrando que o dimensionamento para um carro de 1.056 kg de peso em ordem de marcha e velocidade máxima de 160 km/h está perfeito.
Medição de ruído interno
Em termos de ruído interno, o Citroën C3 Feel 1,0 apresenta resultado satisfatório e nas medições de ruído efetuadas não se nota nenhuma frequência com maior intensidade, vide gráficos abaixo:
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Habitáculo
O carro pode ser feio ou bonito por fora, mas na verdade passamos a maior parte do tempo dentro do carro, e é no interior que o carro tem que ser bem desenhado para proporcionar conforto e prazer ao dirigir. Nesse ponto o novo C3 esbanja espaço. O ponto “H” do banco do motorista é elevado em relação a outros hatches desse segmento em cerca de 100 mm, permitindo uma posição de dirigir com maior visibilidade em todas as direções..
A coluna traseira (C) é bem larga e não incomoda para as manobras e conversões. Para frente a visibilidade é muito boa, o mesmo que acontece pelas laterais.
O painel de instrumentos incorpora apliques plásticos coloridos que ornam com a cor exterior do carro, deixando o interior mais alegre e eliminando o pretinho básico. A funcionalidade está espalhada por todo o interior com diversos porta-objetos e porta-garrafas, primordialmente na parte dianteira.
Os bancos são revestidos em tecido com costura dupla colorida e proporcionam bom conforto. Mesmo em viagens mais longas não foi notado nenhum incômodo. Na dianteira a posição de dirigir é facilitada pelo ajuste do volante em altura somente. Na traseira o espaço para as pernas dos ocupantes é suficiente e certamente só deve causar reclamação de pessoas com estatura mais alta.
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O porta-malas de 315 litros (VDA) é compatível com demais hatchbacks do mercado e a capacidade de carga de 410 kg pode ser dividida entre 350 kg de cinco ocupantes, restando ainda 60 kg para o compartimento de carga. Nada mau para um hatch compacto.
A central multimídia ao centro do painel de instrumentos está montada em posição elevada e flutuante e é destaque, contrapondo-se ao minúsculo quadro de instrumentos que apresenta apenas velocidade em leitura digital, nível de combustível, temperatura do líquido de arrefecimento e funções básicas do computador de bordo. Para um carro com câmbio manual a falta do conta-giros pode ser sentida por alguns usuários, por outro lado a indicação de marcha e aviso de troca de marchas em função da carga no pedal do acelerador, mais o corte de rotação que todo carro tem há anos, minimiza a falta desse valioso instrumento para os autoentusiastas.
O pareamento de Android Auto e Apple CarPlay é feito através de cabo USB com porta de conexão no console central, onde há uma pequena prateleira para acomodar o celular — local bem propício para receber o carregador de bateria por indução no futuro.
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No evento de lançamento no Rio de Janeiro não foi possível testar toda capacidade do ar-condicionado, pois a temperatura ambiente estava amena. Já nesta semana de teste de Janeiro, apesar das chuvas, as temperaturas estiveram mais elevadas e o sistema reforçado desenvolvido pelos engenheiros da Stellantis mostraram seu valor pelo bom desempenho. Os comandos manuais são de fácil ajuste e bem posicionados ao centro do painel de instrumentos logo abaixo dos difusores de ar de climatização.
Exterior que agrada
As novas linhas da carroceria do Citroën C3 agradam no visual e a combinação de cores com teto na cor branca do carro testado são harmoniosas e chamam atenção por onde passa. A utilização de cromados para dar destaque estão concentradas na linha de fechamento do capô formando o logotipo de duplo “V” invertido da marca. As luzes de rodagem diurna (DRL) são a extensão do friso na horizontal, enquanto o segundo friso complementa a segunda parte da DRL pelos faróis.
A versão Feel 1,0 é desprovida de farol de neblina, existindo no para-choque a cavidade para instalação como item de acessório da marca, que ainda pode ser acompanhado de moldura branca para maior destaque visual.
Complementando o visual externo aparecem as rodas de liga de alumínio com pintura escurecida, as carcaças dos espelhos retrovisores na cor do teto e repetidora da seta, maçanetas da cor da carroceria e moldura plástica que circunda toda carroceria pela parte inferior, incluindo o contorno das caixas de roda e parte inferior dos para-choques.
Conclusão
A falta de itens avançados de auxílio ao motorista não prejudica o resultado geral da avaliação do Citroën C3 Feel, dada a estratégia de preço como carro de entrada do grupo Stellantis. Afinal, o carro oferece tudo que é necessário para o uso diário com conforto e prazer ao dirigir.
Anteriormente o C3 era posicionado como carro acima da média perante os demais compactos tradicionais do mercado, mesmo sem oferecer tudo que prometia. Agora passa a ser um dos carros mais acessíveis na categoria de hatches compactos, e se a rede de concessionárias crescer na satisfação do consumidor, o novo carro tem tudo para emplacar e ser um dos mais desejados. Para ser um dos mais vendidos a fábrica de Porto Real, RJ precisaria crescer ainda mais sua produção, e talvez esse não seja os planos no momento.
GB
FICHA TÉCNICA DO NOVO CITROËN C3 1,0 FEEL | |||
MOTOR | |||
Designação | 1.0 Firefly | ||
Descrição | 3 cil. em linha, dianteiro, transversal, bloco e cabeçote de alumínio, comando de válvulas no cabeçote, variador de fase, corrente, duas válvulas por cilindro, injeção no duto, flex | ||
Cilindrada (cm³) | 999 | ||
Diâmetro e curso (mm) | 70 x 86,5 | ||
Taxa de compressão (:1) | 13,2 | ||
Potência (cv/rpm, G/A) | 71/75/6.000 | ||
Torque (m·kgf/rpm, G/A) | 10/4.250 /10,7/3.250 | ||
TRANSMISSÃO | |||
Conexão motor-câmbio | Embreagem monodisco a seco, comando hidráulico | ||
Câmbio | Transeixo com câmbio manual de 5 marchas e ré, tração dianteira | ||
Relações da marchas (:1) | 1ª 4,273. 2ª 2,429; 3ª 1,529; 4ª 1,029; 5ª 0,765; ré 4,200 | ||
Relação de diferencial (:1) | 4.600 | ||
SUSPENSÃO | |||
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular transversal, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem | ||
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado | ||
DIREÇÃO | |||
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade | ||
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,5 | ||
FREIOS | |||
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/252 | ||
Traseiros (Ø mm) | Tambor/203 | ||
Operação | Servoassistência a vácuo, ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem e assistente a frenagens de emergência | ||
RODAS E PNEUS | |||
Rodas | Liga de alumínio 5,5J x 15 | ||
Pneus | 195/65R15 | ||
CARROCERIA | |||
Construção | Monobloco em aço, hatchback, quatro portas, cinco lugares, subchassi dianteiro | ||
DIMENSÕES (mm) | |||
Comprimento | 3.981 | ||
Largura sem/com espelhos | 1.733 / 2.012 | ||
Altura | 1.586 | ||
Distância entre eixos | 2.540 | ||
Distância mínima do solo | 180 | ||
ÂNGULOS | |||
Entrada (º) | 23 | ||
Saída (º) | 39 | ||
PESOS (kg) | |||
Em ordem de marcha | 1.056 | ||
Carga útil | 410 | ||
CAPACIDADES (L) | |||
Porta-malas (VDA) | 315 | ||
Tanque de combustível | 47 | ||
DESEMPENHO | |||
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 15,0 /14,1 | ||
Velocidade máx. (km/h, G/A) | 160/160 | ||
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBEV | |||
Cidade (km/l, G/A)) | 12,9 / 9,3 | ||
Estrada (km/l, G/A) | 14,1 / 10,0 | ||
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |||
V/1000 em últ. marcha (km/h) | 33 | ||
Rotação a 120 km/h, 5ª, (rpm) | 3.640 | ||
Rotação à vel. máxima, 4ª (rpm) | 6.500 |
CONTEÚDO DO NOVO CITROËN C3 1,0 FEEL |
Alarme perimétrico |
Ar-condicionado |
Assistente de partida em rampa |
Banco dianteiro com ajuste de altura |
Barras longitudinais no teto |
Bolsas inefáveis frontais |
Conectores USB traseiros (2) |
Chave com telecomando |
Citroën Connect 10 pol. com Android Auto e Apple CarPlay |
Comandos de áudio e Bluetooth no volante |
Conector USB dianteiro |
Controle de estabilidade e tração |
Direção eletroassistida |
Emblema Chevron cromado |
Indicador de troca de marcha |
Limpador e desembaçador do vidro traseiro |
Luzes de rodagem diurna de LED |
Maçanetas externas na cor da carroceria |
Monitor da pressão dos pneus |
Painel Interno com faixa azul metálica |
Rodas de 15 pol. com calotas |
Rodas de liga de alumínio de 15 pol. |
Vidros dianteiros elétricos |
Vidros traseiros elétricos |
Volante com ajuste de altura |
Volante revestido de couro |