Ao divulgar o balanço das atividades da Stellantis em 2022, na manhã desta quarta-feira (22/2), informando lucros globais recordes de € 16,8 bilhões (aumento de 26% em relação a 2021) e faturamento total de € 179,6 bilhões (aumento de 18%, em relação aos € 152 bilhões de 2021), Carlos Tavares voltou a mostrar preocupação com o suprimento para veículos elétricos a bateria (BEV).
O presidente da corporação automobilística mundial, com sede em Amsterdã, formada em 2021 após a fusão da Fiat Chrysler Automobiles e do Groupe PSA, destacou que, apesar de um aumento de 41% nas vendas globais de BEVs pela Stellantis, com total de 288.000 veículos em 2022, a posição da empresa ainda é de expectativa com relação à capacidade da cadeia automobilística produzir baterias suficientes para atender o mercado.
O grupo já fabrica 23 modelos BEVs e deve lançar mais nove este ano. O portfólio BEV da Stellantis está definido para 47 modelos até o final de 2024 e com o objetivo de produzir mais de 75 modelos totalmente elétricos em 2030. O grupo está investindo US$ 35 bilhões na produção de elétricos e espera atingir vendas anuais de 5 milhões de veículos elétricos globalmente até 2030.
Uma das preocupações de Carlos Tavares com o suprimento se refere à produção de BEVs no Reino Unido, onde o Grupo Stellantis está aumentando a montagem de vans compactos elétricos, em sua fábrica de Ellesmere Port, e investindo na mudança da instalação de fabricação de vans da Vauxhall, em Luton, também para produzir apenas versões elétricas, conforme detalhou o executivo à revista Autocar.
Atualmente o Reino Unido é local de produção ideal para a Stellantis, porque pode importar baterias da UE sem tarifas, mas isso poderá ser um problema futuramente, na opinião de Tavares. “O Reino Unido precisa de seu próprio suprimento de baterias para se proteger contra futuras guerras comerciais com a União Europeia. Qualquer colapso no acordo com a UE pode comprometer a fabricação de veículos elétricos no Reino Unido”.
No momento, o acordo comercial entre o Reino Unido e a UE permite o envio de peças sem tarifas, mas qualquer entrave nesse acordo pode prejudicar a indústria de fabricação de veículos do Reino Unido, disse o executivo-chefe da Stellantis em coletiva de imprensa. “No dia em que algo der errado no acordo entre o Reino Unido e a Europa continental, o mercado local sofrerá certamente”, concluiu Carlos Tavares.
RM