Apesar de não ter assumido ainda oficialmente o cargo de presidente da Toyota, o que só vai ocorrer em abril, Koji Sato já definiu que a divisão Lexus vai se concentrar nos veículos elétricos. A decisão, tomada algumas semanas após ele ter sido anunciado como substituto de Akio Toyoda, visa tornar a marca premium do grupo como a base para o desenvolvimento e comercialização de veículos elétricos do conglomerado japonês.
Esta decisão foi comentada pelo novo presidente internacional da Lexus, Yoshihiro Sawa, em entrevista ao site australiano WhichCar, quando esteve em Melbourne, na semana passada. O executivo disse que a estratégia vai ao encontro da preocupação do grupo Toyota, que continua observando a situação mundial do mercado de EVs com muito cuidado, em particular com relação à China, o maior produtor mundial e consumidor de EVs.
Sawa disse que esta preocupação do grupo japonês se refere ao fim dos incentivos do governo chinês para os veículos elétricos. “Assim que eles pararem com os incentivos é bem provável que haja uma queda forte na comercialização de EVs por lá”, afirmou o executivo que disse ainda que os consumidores chineses estão mais interessados em modelos híbridos, que garantem maior alcance do que os totalmente elétricos.
Mesmo que muitas empresas, incluindo Mercedes-Benz e Audi, defendam que os trens motizes híbridos são pouco mais do que uma medida paliativa no caminho para a eletrificação total, Sawa tem visão diferente. “Nossos modelos híbridos com baterias de níquel-metal hidreto vão indo bem”, disse. “Elas são mais caras, porém mais fáceis de reciclar. As baterias de lítio, são mais baratas, mas a capacidade de produção também é problema.”
Sawa abordou sobre a nova tecnologia de bateria em estado sólido dizendo que elas podem possibilitar alcance de até 1.000 km. Os melhores números de alcance de EV atualmente estão menos da metade disso. No entanto, fez uma ressalva. “Estamos trabalhando na tecnologia, mas ainda não podemos lançá-la”, disse. ‘É possível percorrer 1.000 km com uma carga, mas o tempo de recarga ainda é muito longo.’
Uma bateria de estado sólido difere porque não contém o eletrólito líquido usado nas baterias de íons de lítio. A eliminação dessa característica na bateria reduz consideravelmente o risco de incêndio, ao mesmo tempo em que melhora a capacidade da bateria de armazenar energia. Uma bateria de íons de lítio pode usar apenas 75% de sua energia potencial devido a sua relativa ineficiência.
Sawa destacou também que, por isso, a necessidade de desenvolver uma maneira de reciclar baterias dos carros elétricos é assunto de extrema importância. “É necessário trabalhar no ciclo de reciclagem das baterias”, disse ele, acrescentando que há potencial para baterias de EVs, usadas, serem reutilizadas em residências para armazenamento de energia gerada por painéis solares fornecendo assim uma fonte alternativa, barata e limpa, de energia para as casas e também para recarregar a bateria do EV.
RM