Ao assistir (várias vezes) ao vídeo do Honda Civic Type R S em Nürburgring (foto), carro de tração dianteira, fiquei pensando, mais uma vez, na velha e complexa questão de qual é a melhor tração para o automóvel, a traseira ou a dianteira.
Há quem defenda a tração traseira alegando não ser bom as rodas dianteiras, destinadas primordialmente a dar direção ao veículo, se incumbirem também de tracioná-lo. Isso tanto pela necessidade de mecanismo de acionamento para cada roda,, quanto por influência maléfica à direção, ao comportamento do veículo. Hoje, porém, esse argumento cai por terra devido a dois fatores, a junta homocinética, tão eficaz e robusta que pouco ou nada se ouve falar dela hoje, e á evolução dos pneus.
Há também os que veneram a tração traseira por ela proporcionar um dirigir esportivo, preciso, colocar o carro em atitude de “traseira alegre”, com isso ser possível contar com atitude sobre-esterçante (sair de traseira) nas curvas, difícil ou impossível quando a tração é dianteira.
Isso é passado. Alguém já viu um F-1, F-Indy ou protótipo-esporte fazer curva saindo de traseira? Mesmo com piso molhado? Todos são de tração traseira e com relação peso-potência baixa. Hoje os carros fazem curvas “no trilho”, até os Stock Car.
É claro que com tração raseira pode-se induzir a saída de traseira aplicando potência, mas isso é impraticável numa via pública. Foi devido a ser possível sair de traseira quando desejado num carro de tração nas rodas traseiras que foi criado o controle de tração, item de segurança essencial para carros de rua com tração traseira, em especial os bem potentes, para evitar acidentes.
Há inúmeros vídeos no YouTube que mostram supercarros de tração traseira em atitude sobre-esterçante com muita fumaça dos pneus, mas isso só é possível desligando o controle de tração. E estar numa pista, obviamente.
Num tração-dianteira, aplicar potência excessiva tudo o que acontece é a frente escapar, mas facilmente corrigível por questão de instinto, basta levantar o pé do acelerador. Num carro de pouca potência como os de 1-lirtro, mesmo turbo, controle de tração é totalmente dispensável, embora seu custo seja desprezível — ´é decisão do módulo de gerenciamento eletrônico do motor ao notar rotação das rodas dianteiras maior que a das traseiras, informado pelo ABS. reduzindo a abertura da borboleta de aceleração.
Já vi autoentusiastas esbravejando por a BMW e a Mercedes-Benz por adotarem tração dianteira no Série 1 e nos Classe A/Classe B/CLA, respectivamente. Por puro capricho,, em minha opinião.
O vídeo do Civic Type R S mostrou um comportamento em pista admirável mesmo o piloto extraindo tudo dele com o objetivo de bater o recorde de pista, como se fosse um treino de classificação para a largada. Com a câmera captando imagem toda a volta e com orientação fixa, em nenhum momento, pela posição do volante, nota-se saída de frente ou de traseira.
Eu, o Paulo Keller e o Arnaldo Keller notamos a mesma excelência de comportamento no teste do Renault Mégane R.S. em dezembro de 2014. Um dos segredos dessa excelência do francês é a suspensão dianteira McPherson com a mola e o amortecedor desacoplados da manga de eixo (ver desenho na matéria com link acima) que acredito haver no Honda.
Ao contrário do que observava no DKW-Vemag, com juntas universais nas semiárvores de tração em vez de juntas homocinéticas, hoje não se nota na direção a presença da tração dianteira no volante.
Em resposta à pergunta do título, são iguais. Só o que varia é a vontade dos projetistas
BS
(Atualizado em 23/4/23 às 20h20,, correção do link para outra matéria sobre o Renault Mégane R.S)
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