O triunfo de Sergio Pérez no GP do Azerbaijão (foto de abertura) mostrou a habilidade do mexicano em circuitos de rua, conquista que tem poder bélico para disparar novos episódios na guerra que ele trava com seu companheiro de equipe Max Verstappen e a própria escuderia. Se o anúncio da renovação de contrato entre a Red Bull e o engenheiro Adrian Newey durante o fim de semana aplacou um pouco a batalha entre os dois pilotos, em outras equipes o fim de semana teve consequências piores: a Ferrari conseguiu finalmente seu primeiro pódio da temporada — Leclerc conseguiu a pole position e o terceiro lugar— mas viu Carlos Sainz sofrendo diante da incapacidade de igualar o rendimento do colega monegasco. Pior de tudo foi o retrospecto da Alpine, um fim de semana para ser esquecido e que culminou com a perda do décimo lugar, e um ponto, no campeonato, cortesia de uma discutível parada para troca de pneus na última volta da prova.
É fato consumado a preferência da equipe Red Bull pelo holandês Max Verstappen, piloto que estreou no time em 2016 vencendo o GP da Espanha. Desde então a lista de companheiros de equipe só fez crescer e vitimou nomes como Daniil Kvyat, Daniel Ricciardo, Pierre Gasly e Alex Albon. De todos eles, quem mais ameaçou o holandês foi o australiano Ricciardo, atualmente piloto-reserva da equipe após passagens pela Renault e McLaren. Sergio Pérez garantiu seu lugar em parte devido à sua habilidade e parte graças ao trabalho de seu empresário, Julian Jakobi. Desde sua incorporação na equipe, em janeiro de 2021, o mexicano já viveu inúmeros momentos de tensão no seu relacionamento o que se pode chamar de “seu inimigo de equipe”. O maior deles foi a decisão de Verstappen, após ter garantido o título de 2022, não trabalhar para que Pérez obtivesse o vice-campeonato.
Este ano a situação tem se mostrado mais conturbada: nas primeiras quatro provas da temporada os dois dividiram as vitórias: Verstappen foi melhor no Bahrein e na Austrália e Pérez triunfou na Arábia Saudita e no Azerbaijão. Graças a um rendimento prejudicado por problemas nos freios em Melbourne, Pérez acumula 87 pontos até agora, seis a menos que Verstappen. Suas melhores atuações costumam acontecer em circuitos de rua, como Baku, fato que gera mais tensão dentro do time posto que duas das próximas três etapas — Miami, neste fim de semana, e Mônaco, dia 28 — são em traçados dessa natureza. Após vencer a Sprint Race e o GP no Azerbaijão, Perez desembarca em Miami com a motivação em alta, sentimento que deverá ser amplificado pela presença maciça de seus fãs mexicanos.
Ao anunciar a renovação do contrato com Adrian Newey, a equipe Red Bull não apenas distensionou o clima de disputa entre seus pilotos como também mexeu com as esperanças de outras escuderias em conquistar os serviços do engenheiro inglês que iniciou sua carreira na equipe Fittipaldi de F-1 em 1980. Desde então passou por vários times e se destacou na Leyton House, consolidando sua capacidade na equipe Williams. Quando Frank Williams recusou-se a lhe dar uma participação acionária na equipe no final de 1996, ele mudou-se para a McLaren e em 2006 passou a integrar seu time atual. É dado como fato que a Ferrari já tentou contratá-lo inúmeras vezes, sem sucesso.
Na semana passada a Scuderia admitiu que seu diretor de competições Laurent Mekies deixa o time para se incorporar à AlphaTauri, equipe júnior da Red Bull, onde substituirá Franz Tost. A saída de Mekies foi amenizada por Frédéric Vasseur, que declarou:
“A notícia (da saída de Mekies) foi tratada com certa agressividade. Eu admito que é uma enorme oportunidade para ele, que conheço há 30 anos e não o impediria de aceitar essa proposta. Mas ainda temos que discutir a forma como ele será desligado da Ferrari.”
Apesar de a Scuderia ter conquistado seu primeiro pódio da temporada em Baku, no mesmo fim de semana o desempenho de Sainz esteve abaixo da média. Em outaras palavras, os problemas continuam pipocando em Maranello.
Pior que isso foi o fim de semana da equipe Alpine, fato admitido por Alan Permane, diretor esportivo do time francês:
“Você precisa começar os treinos em alta para ter um bom desempenho durante todo o fim de semana. Nós tivemos problemas desde a primeira e única sessão de treinos livres e a partir daí vivemos o efeito de bola neve…”, declarou o engenheiro ao site Racer. Para deixar a situação ainda mais traumática, o time optou por chamar aos boxes Esteban Ocon no início da última volta, manobra difícil de entender posto que o francês de origem catalã estava em décimo ugar e marcaria um ponto no campeonato.
O resultado completo do GP do Azerbaijão você encontra aqui.
WG
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