Não é segredo que a incorporação de modelos americanos de gestão provocou uma onda de crescimento que há muito era necessária para garantir a sobrevivência da F-1. Esta semana foram anunciados novos investimentos nas equipes Alpine (foto de abertura), Haas e Aston Martin, e a Hitech anunciou que sua proposta para lançar uma equipe de F-1 em 2026 foi aceita pela Federação Internacional do Automóvel (FIA), passo importante para ser aprovada.
Além dela existem outros candidatos: Andretti Autosport, em conjunto com a marca Cadillac, uma iniciativa de Craig Pollock com recursos originados no Oriente Médio. Especula-se a participação de investidores chineses na Aston Martin; o interesse da coreana Hyundai e a estreia da marca Audi em uma operação conjunta com a equipe Sauber. Não bastasse tudo isso, a fabricante de pneus Bridgestone parece cada vez mais interessada em retornar à categoria.
Apesar do indiscutível apelo tecnológico da F-1, boa parte dos novos investimentos feitos na categoria tem origem no mercado de entretenimento e franquias esportivas. Os 200 milhões de euros, cerca de R$ 1,100 bilhão, que entraram no caixa da Alpine provém das empresas Otro Capital, RedBird Capital Partners e Maximum Effort Investments, cujos portfólios incluem interesses no time de futebol americano Dallas Cowboys, a NFL (Liga Nacional de Futebol americano), Toulose Futebol Clube e o Wrexham Futebol Clube. Esse valor representa 24% do valor de mercado da escuderia francesa, avaliada em US$ 900 milhões ou, aproximadamente, R$ 3,82 bilhões. Tão importante quanto esses números é a identificação das pessoas que estão ligadas à essas empresas: o atleta Michael Jordan e o ator Robert McElhenney.
O anúncio remete à presença do italiano Luca De Meo,, atual número 1 da Renault. no GP de Miami, disputado há cerca de dois meses. Na ocasião, Laurent Rossi, executivo-chefe da Alpine, não poupou críticas ao comentar a fracassada participação da equipe na corrida realizada nas ruas do famoso balneário. O evento foi um perfeito cenário para justificar sua ida aos EUA e, de maneira discreta, negociar o acordo ora oficializado.
De acordo com comunicado oficial da equipe, o acordo vai explorar “a expertise coletiva e o histórico do grupo de investidores na indústria do esporte, incluindo mídia, patrocínio, bilheteria, hospitalidade, administração de direitos comerciais, licenciamento e estratégias de merchandising para destravar o crescimento de valores de criação e novas alavancas de crescimento.” Alex Scheiner, fundador e sócio da Outro Capital, passa a ter um assento entre os diretores da equipe Alpine.
No dia da Mulher Engenheira — sim, existe um dia para comemorar essa profissão e gênero — a Haas anunciou parceria com a Escola Americana Internacional de Jeddah e com foco oferecer vagas de engenharia para mulheres junto à equipe de F-1. De acordo com Guenther Steiner, diretor da Haas F-1, “por inúmeras razões, não há muitas mulheres atuando como engenheiras na F-1, mas nós acreditamos que a equipe pode fazer muito ao trabalhar junto com a próxima geração de engenheiras durante seu período de formação.”
Na Inglaterra, o presidente executivo e fundador da Hitech Global Holdings, Oliver Oakes, anunciou ontem que sua equipe solicitou à FIA a licença para competir na F-1 a partir de 2026. O financiamento desse projeto, cujo custo inicial envolve um depósito inicial de US$ 200 milhões junto à FIA e apresentar garantias de que o time tem condição disputar a categoria com seriedade e recursos humanos e técnicos para a empreitada. No caso da Hitech, time que já venceu em praticamente todas as fórmulas de promoção internacionais, o investimento financeiro tem a participação de Vladimir Kim, empresário do Casaquistão que atua nos ramos de aviação bancário e de mineração, ramo onde está incluído entre os 10 maiores produtores de cobre do mundo.
Para os lados da Aston Martin Racing, que a partir de 2026 usará os motores Honda, circulam rumores de que Li Shufu, bilionário chinês proprietário da fábrica chinesa de automóveis Geely (controladora da Lotus e da Volvo), estaria ansioso em aumentar sua participação na marca e, posteriormente, adquirir a operação de F-1. Nas últimas semanas Shufu mais que dorou sua participação na fábrica de automóveis da Aston Martn, onde já detém 17,2 % das ações. Não é segredo que Shufu está disposto a ampliar ainda mais essa quantia e, finalmente, assumir o controle acionário dessa marca tradicional. Nessa estrutura societária, ele é o terceiro maior acionista, atrás de Lawrence Stroll e do Fundo Público de Investimento da Arábia Saudita.
WG
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