A alguns dias de reiniciar o calendário, a Fórmula 1 dá mostras de que as chamadas férias de verão da categoria não foram exatamente um período de descanso. Dois fatos comprovam isso: na última sexta-feira Christian Horner, o grande chefe da equipe Red Bull, confirmou que Sergio Pérez (foto de abertura) continua no time na temporada de 2024 e Toto Wolff, o par de Horner na Mercedes, lançou o nome de Jérôme D’Ambrosio como seu provável sucessor no comando da equipe alemã. O Campeonato Mundial de F-1 reinicia sexta-feira, quando começam os treinos para o GP dos Países Baixos, no circuito de Zandvoort, cidade à beira-mar situada cerca de 40 quilômetros a oeste de Amsterdã.
A confirmação de que Pérez vai viver integralmente seu contrato com a Red Bull tem várias consequências. A primeira delas é passar ao mexicano o estímulo necessário para ele se empenhar mais na conquista do vice-campeonato: a cada nova vitória de Max Verstappen o título deste ano se aproxima do holandês, vencedor de 10 das 12 provas já disputadas. No ano passado Pérez ficou em terceiro lugar, somando 305 pontos, contra 308 de Charles Leclerc e 454 de Verstappen. Após ter vencido duas provas no início do campeonato atual, ele entrou em uma fase de resultados medíocres, mas ainda assim tem 189 pontos, 40 a mais que o espanhol Fernando Alonso, que não ganhou nenhuma corrida.
Outra leitura que se pode fazer da confirmação de Pérez é de que o futuro de Daniel Ricciardo não passa por seu retorno ao time principal da Red Bull. O sempre sorridente australiano ganhou uma lufada de esperança ao substituir o holandês Nick De Vries na AlphaTauri a partir do GP da Hungria, mas seus resultados nas provas em Hungaroring e Spa-Francorchamps (Bélgica) foram consistentes com os obtidos por De Vries. Suas atuações desprovidas de brilho consolidaram o progresso do jovem japonês Yuki Tsunoda, o fato que o problema maior do time júnior da Red Bull é o projeto do AT-04 e de que seu outrora potencial de campeão mundial parece aniquilado.
O austríaco Toto Wollf é um dos executivos mais workaholics do mundo da F-1: nas corridas na Europa ele tem um motorhome exclusivo e que também serve como sua hospedaria nos finais de semana em vária pistas do calendário. A decisão de nomear Jérôme D’Ambrosio como seu provável sucessor no comando da Mercedes nas pistas é outra prova da sua dedicação ao trabalho.
O ex-piloto belga é o atual diretor da academia de pilotos do time liderado por Wolff e teve uma passagem pouco brilhante na F-1, onde em 2011 substituiu Lucas Di Grassi na fraca equipe Marussia e no ano seguinte alinhou no GP da Itália pela Lotus, corrida em que o franco-suíço Romain Grosjean não participou porque cumpria suspensão por causa de acidente causado na prova anterior, em Spa-Francorchamps.
“Quando eu não puder estar presente em uma etapa do campeonato o Jérôme vai me substituir como team principal”, declarou Wolff, sem esquecer que “nos últimos 11 anos isso só aconteceu três vezes, mas temos que estar preparados para tal…”. O dirigente austríaco, que detém cerca de 30% das ações da equipe Mercedes, enfatizou que o belga precisa conquistar credibilidade com a equipe e com o paddock “e tem tempo para isso”. Após deixar a F-1 D’Ambrosio disputou provas da F-E em entre 2014 e 2021, quando assumiu o posto de vice-diretor da equipe Venturi Racing. Em março deste ano ingressou na Mercedes.
WG
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