O nome Bertone, um dos mais importantes na história da evolução do desenho do automóvel e que foi declarado insolvente em 2014, volta às manchetes agora como marca fabricante de um supercarro com motor central V-10, conforme detalha o site da publicação americana MotorTrend.
O Bertone GB110 (GB em homenagem a Giovanni Bertone que fundou a empresa em 1912) e 110 não só para marcar a idade da icônica marca, mas também a opção pelo motor V-10 que, conforme especula MotorTrend, deverá ser fornecido pelo Grupo VW, tem como fabricante uma empresa comandada pelos irmãos franceses Maurice “Mauro” e Jean-Franck Ricci.
O modelo já está em fase de testes e, conforme divulgou a nova Carrozzeria Bertone, o supercarro “fornecerá visões técnicas em desempenho e na sua construção, inclusive com uma solução de combustível inovadora exclusiva feito a partir de resíduos plásticos”, como uma “solução verde não vista ainda no mercado.”
Segundo informações divulgadas pela a empresa que adquiriu os direitos da marca Bertone, o esportivo será capaz de funcionar com o Select Fuel desenvolvido especialmente e convertido a partir de resíduos de policarbonato, embora não tenham sido dadas maiores informações de como e por quem ele será produzido, nem sobre seu custo e distribuição.
A fabricante não divulgou a especificação técnica completa do modelo, mas afirma que o motor V-10, de 5 litros biturbo de 1.140 cv e 112,1 m·kgf. Montado em posição central e acoplado ao transeixo com câmbio robotizado de dupla embreagem e sete marchas, tem configuração bastante semelhante a utilizada no Audi R-8 e Lamborghini Huracán.
Ainda não há informações sobre o preço do esportivo, mas ele deverá ter pequena série, conforme detalha o fabricante: “restringir a produção a quantidades limitadas”. Segundo o site Motor1, apenas 33 exemplares do GB110 serão produzidos. A Bertone afirma que o carro acelera de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos e a velocidade máxima será limitada a 350 km/h.
O resgate do nome Bertone pode ser considerado uma homenagem não apenas à empresa original, mas também aos carrozzieri italianos que tiveram importância fundamental no desenho do automóvel, especialmente na segunda metade do século 20, mas que com a concentração industrial neste século acabaram absorvidos por grupos industriais maiores.
A empresa fundada por Giovanni Bertone em 1912 iniciou as atividades construindo carruagens puxadas a cavalo e somente dez anos depois passou a montar carrocerias sobre chassis fornecidos por fabricantes italianos como Ansaldo, Chiribiri, Fast, SCAT e SPA, antes de fechar parceria para a Lancia, da qual se tornou fornecedor oficial durante a década de 1930.
Após a Segunda Guerra Mundial, quem assumiu o comando da empresa foi o filho de Giovanni, Giuseppe (“Nuccio”) Bertone, que se não tinha talento como designer, soube descobrir alguns dos mais brilhantes designers que projetaram diversos modelos icônicos como o Alfa Romeo Giulietta Sprint, desenhado por Franco Scaglione, na década de 1950.
Quando Scaglione se demitiu, Nuccio colocou como chefe de desenho da empresa um jovem de apenas 22 anos de idade, Giorgetto Giugiaro que, entre diversos projetos criou o charmoso Alfa Romeo Giulia Sprint, um dos mais belos automóveis de produção em série. Quando Giuggiaro saiu para montar a Italdesign, Bertone já tinha o substituto: Marcello Gandini.
Além de criar o Lamborghini Miura, um dos mais admirados e desejados esportivos já fabricado, Gandini também foi o desenhista dos modelos Lamborghini projetados por Bertone até à década de 1990. Porém, com a morte de Nuccio Bertone, em 1997, a empresa perdeu seu “motor” e gradualmente foi definhando até ser decretada a falência em 2014.
RM