O nome Bertone, um dos mais importantes na história da evolução do desenho do automóvel e que foi declarado insolvente em 2014, volta às manchetes agora como marca fabricante de um supercarro com motor central V-10, conforme detalha o site da publicação americana MotorTrend.
O Bertone GB110 (GB em homenagem a Giovanni Bertone que fundou a empresa em 1912) e 110 não só para marcar a idade da icônica marca, mas também a opção pelo motor V-10 que, conforme especula MotorTrend, deverá ser fornecido pelo Grupo VW, tem como fabricante uma empresa comandada pelos irmãos franceses Maurice “Mauro” e Jean-Franck Ricci.
![](https://autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2023/12/Bertone-GB110-supercar-7-800x450.jpg)
O modelo já está em fase de testes e, conforme divulgou a nova Carrozzeria Bertone, o supercarro “fornecerá visões técnicas em desempenho e na sua construção, inclusive com uma solução de combustível inovadora exclusiva feito a partir de resíduos plásticos”, como uma “solução verde não vista ainda no mercado.”
Segundo informações divulgadas pela a empresa que adquiriu os direitos da marca Bertone, o esportivo será capaz de funcionar com o Select Fuel desenvolvido especialmente e convertido a partir de resíduos de policarbonato, embora não tenham sido dadas maiores informações de como e por quem ele será produzido, nem sobre seu custo e distribuição.
![](https://autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2023/12/Bertone-GB110-supercar-3-800x450.jpg)
A fabricante não divulgou a especificação técnica completa do modelo, mas afirma que o motor V-10, de 5 litros biturbo de 1.140 cv e 112,1 m·kgf. Montado em posição central e acoplado ao transeixo com câmbio robotizado de dupla embreagem e sete marchas, tem configuração bastante semelhante a utilizada no Audi R-8 e Lamborghini Huracán.
Ainda não há informações sobre o preço do esportivo, mas ele deverá ter pequena série, conforme detalha o fabricante: “restringir a produção a quantidades limitadas”. Segundo o site Motor1, apenas 33 exemplares do GB110 serão produzidos. A Bertone afirma que o carro acelera de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos e a velocidade máxima será limitada a 350 km/h.
O resgate do nome Bertone pode ser considerado uma homenagem não apenas à empresa original, mas também aos carrozzieri italianos que tiveram importância fundamental no desenho do automóvel, especialmente na segunda metade do século 20, mas que com a concentração industrial neste século acabaram absorvidos por grupos industriais maiores.
A empresa fundada por Giovanni Bertone em 1912 iniciou as atividades construindo carruagens puxadas a cavalo e somente dez anos depois passou a montar carrocerias sobre chassis fornecidos por fabricantes italianos como Ansaldo, Chiribiri, Fast, SCAT e SPA, antes de fechar parceria para a Lancia, da qual se tornou fornecedor oficial durante a década de 1930.
![](https://autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2023/12/Bertone-e-Gandini.jpg)
Após a Segunda Guerra Mundial, quem assumiu o comando da empresa foi o filho de Giovanni, Giuseppe (“Nuccio”) Bertone, que se não tinha talento como designer, soube descobrir alguns dos mais brilhantes designers que projetaram diversos modelos icônicos como o Alfa Romeo Giulietta Sprint, desenhado por Franco Scaglione, na década de 1950.
![](https://autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2023/12/Bertone-e-Giuggiaro-800x333.jpg)
Quando Scaglione se demitiu, Nuccio colocou como chefe de desenho da empresa um jovem de apenas 22 anos de idade, Giorgetto Giugiaro que, entre diversos projetos criou o charmoso Alfa Romeo Giulia Sprint, um dos mais belos automóveis de produção em série. Quando Giuggiaro saiu para montar a Italdesign, Bertone já tinha o substituto: Marcello Gandini.
Além de criar o Lamborghini Miura, um dos mais admirados e desejados esportivos já fabricado, Gandini também foi o desenhista dos modelos Lamborghini projetados por Bertone até à década de 1990. Porém, com a morte de Nuccio Bertone, em 1997, a empresa perdeu seu “motor” e gradualmente foi definhando até ser decretada a falência em 2014.
RM