Faz alguns dias, na casa de amigos, conversando com o jovem filho do casal, ele me contou uma velha piada, que muitos dizem ser um fato verdadeiro. É o caso daquela senhora, com seus mais de 65 anos, proprietária de um lindo Fusca azul “calcinha”, entrou na concessionária, onde havia comprado o carro uma semana antes, com cara de poucos amigos.
Quando o chefe da oficina, solícito, perguntou sobre a razão do seu aborrecimento ela disse que o carro não andava, que falhava muito e que ela estava muito chateada com aquilo.
Fusca examinado, nenhum problema encontrado, Fusca devolvido à senhora que saiu da oficina certa de que tudo estava bem. Mas não! Dois dias depois, lá estava a senhora, mas aborrecida ainda e querendo seu dinheiro de volta, pois iria comprar um outro carro. Talvez um Gordini, sobre o qual ouvira falar de um teste em Interlagos, com muitos quilômetros de voltas na pista, que antigamente, antes da desfiguração sofrida, tinha quase 8 km de extensão e um anel externo de 3,25 km, justamente onde o tal teste fora realizado.
Então o chefe da oficina perguntou se ele poderia acompanhá-la em uma volta pelo quarteirão, para que ele sentisse o problema e achar uma solução para ele.
A senhora entrou no carro, puxou o afogador, pendurou sua bolsa (foto de abertura, ilustrativa), deu na partida e saiu falando das falhas que o seu Fusca apresentava.
Não é preciso explicar a razão do problema, certo?
Mas aí surgiu outro: o jovem queria saber o que era afogador. Daí, recorrendo ao Google, respondi que “a função dele é enriquecer a mistura de ar e combustível no momento da partida. É muito útil quando o carro está frio, principalmente para carros antigos movidos a álcool. Isso porque esse combustível tem uma queima um pouco mais difícil do que a da gasolina”.
Então eu perguntei a ele sobre elementos imprescindíveis para os carros de décadas atrás, mas que não aparecem mais nos fabricados nos dias de hoje.
O que era um platinado?
Ele pensou muito e fez um movimento em direção ao computador. Ele também queria consultar o Google. Eu disse que não valia e que ele deveria usar a sua imaginação para responder.
— Acho que ele era o namorado daquela moça, a Vênus Platinada”, não?
Dei uma boa risada e disse que ele, mais tarde, procurasse a resposta no Google, que era algo não usado na fabricação dos carros da atualidade.
O que era um distribuidor?
Sorriu e disse que aquela era fácil, que deveria ser algo como um motoboy que faz entregas de pizzas, no domingo à noite na sua casa. Não podemos criticá-lo por fazer esta confusão que, afinal, ele nunca ouvira falar em um distribuidor no carro do seu pai, ou no da sua mãe. O dela, híbrido.
O que era um carburador?
Bem, esse ele nem tentou adivinhar o que era. Ainda arriscou um “um cara carburado, bêbado”, mas ficou nisso. O carro do pai tem injeção eletrônica, que chegou ao Brasil em 1988 e o híbrido da mãe não requer nenhum dos dois.
E quebra-vento?
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Para fugir da área tecnológica, perguntei ao jovem se ele sabia o que era um quebra-vento.
— Isso é fácil — respondeu ele afirmando que ninguém pode quebrar o vento porque ele não é um corpo sólido. Mas sabe ele que antigamente, quase todos os modelos de carro tinham lá o seu quebra-vemto, com poucas exceções como o Maverick e o Chevette dos primeiros anos.
A “vingança”
Depois de darmos algumas risadas com o seu desconhecimento, o jovem filho dos meus amigos me convidou para jogar Mobile Legends: Bang Bang, Paladins ou Arena Of Valor.
— Qualquer um, pode escolher, tio!!!. E deu um sorriso maroto e desafiador.
CL
A coluna “Histórias & Estórias” é de exclusiva responsabilidade do s eu autor.