Sabemos que está em curso uma guerra contra o automóvel sob forma de restringir ao máximo seu uso. Hoje vemos em várias cidades brasileiras, a começar por São Paulo, nítida pressão contra o automóvel em favor de faixas exclusivas para ônibus e ciclofaixas, bem como forjando espaço para pedestres.
Quem tem boa memória se lembra das palavras do prefeito de São Paulo, hoje ministro da Fazenda, Fernando Haddad, logo no começo de sua administração se referir à construção de ciclofaixas que implicaria eliminar 30.000 vagas de estacionamento: “O paulistano vai ter que pensar duas vezes antes de tirar o carro da garagem”.
Guerra declarada.
Foi uma verdadeira inundação de ciclofaixas na capital paulista em que se viu loucuras como em ruas de mão única ciclofaixas no lugar da faixa de esquerda e à sua direita estacionamento permitido, com isso carros ficando estacionados no meio da rua.
Houve o caso de uma escola em que as crianças precisavam desembarcar e embarcar atravessando a ciclofaixa com risco evidente de atropelamento. O caso foi parar na justiça e a ciclofaixa teve que ser eliminada no trecho.
Atualmente, é significativo o número de ciclofaixas subutilizadas, entretanto prejudicando moradores e, principalmente, o comércio. Há casos, como no bairro onde moro, Moema, em que a ciclofaixa começa e termina sem levar a lugar algum.
É claro que circular de bicicleta é um direito, deveria haver mais ciclovias segregando o tráfego de bicicletas por serem veículos lentos, mas não se pode esquecer que São Paulo não é uma cidade plana como Amsterdã. O bom senso diz que não deve haver ladeiras nas ciclovias.
Há também casos de transformar importantes vias em espaço público, como fechar o trânsito de veículos na av. Paulista os domingos, importante via onde há hotéis e hospitais, para servir de área de lazer. Sem contar o fechamento do elevado Presidente João Goulart antes Presidente Costa e Silva — troca de nome nitidamente de caráter político enquanto o ex-ditador Getúlio Vargas permanece nomeando vias e ate a famosa Fundação — nos dias úteis após 20h e nos fins de semana e feriados o dia inteiro. O elevado, apelidado de Minhocão, é importante na ligação das zonas Leste e Oeste.
Berlim
A Deustche Welle (DW), empresa publica alemã de radiodifusão fundada há 61 anos, publicou no começo do mês, em seu site, matéria sobre o que está acontecendo em Berlim nas questões de trânsito, em que a administração da cidade está reduzindo o favoritismo para o transporte público e bicicletas. Vale a pena ler, está em português.
Problema de trânsito carregado não é exclusivo das grandes e médias cidades brasileiras, mas sem inteligência o quadro só piora.
BS
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