CITROËN C3 AIRCROSS, NO USO (COM VÍDEO)

O novo suve compacto da Citroën lembra o antigo AirCross em aspectos dinâmicos e principalmente posição elevada de dirigir e afasta definitivamente a marca de um posicionamento superior na gama do segmento. A Stellantis definiu que a Citroën será a sua marca mais acessível e com essa estratégia precificou o C3 Aircross como segue:

R$ 109.990, versão Feel
R$ 119.990, versão Feel Tech
R$ 129.990, versão Shine (versão testada)

Agora é uma questão de nos acostumarmos que a cada lançamento da marca veremos os carros mais espartanos e limitado ao conteúdo obrigatório pela legislação. Em alguns sistemas poderemos ver um pouco de conforto ou comodidade a mais, mas desde que isso não afete o objetivo de preços de entrada dos segmentos.

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Motor versátil

A engenharia da Stellantis com sede em Betim, MG amplia as opções de utilização do motor T200 1-litro turbocarregado flex com a instalação no C3 Aircross, e mais uma vez prova que o conjunto compacto de motor tricilindro com o câmbio CVT podem ser montados em diversas plataformas do grupo. Isso é um trabalho de engenharia muito bem feito desde sua concepção até sua aplicação em vários modelos.

A potência máxima de 125/130 cv é alcançada a 5.750 rpm e responsável por acelerar o veículo de 0 a 100 km/h em 9,9/9,7 segundos e atingir 191 km/h de velocidade máxima. Mas o que mais agrada na condução desse motor é o torque máximo de 20,4 m·kgf que já é elevado em baixas rotações e tem o pico a 4.250 rpm. Com isso a potência disponível nas rodas é suficiente para dar prazer ao dirigir, mesmo em baixas rotações. O peso em ordem de marcha de 1.216 kg é outro fator que colabora com o bom desempenho. A relação peso-potência também evidencia isso, são 9,35 kg por cv (com álcool).

O câmbio CVT do fornecedor japonês Aisin está ajustado para 7 marchas e acoplado com conversor de torque. As trocas de marchas podem ser feitas em modo manual pela própria alavanca, inexistindo as borboletas no volante. Alternando entre os modos de condução a dirigibilidade é sempre agradável e homogênea, não apresentando a característica incômoda que foi notado no Peugeot 208 com esse mesmo conjunto motor/câmbio em modo Sport.

A integração do conjunto motor-câmbio à carroceria é outro ponto de destaque, pois não se notam ruídos ou vibrações anômalas ao funcionamento do conjunto, e os gráficos abaixo de ruído abaixo mostram que há uma linearidade no nível de ruído interno com o aumento das revoluções do motor. O ruído de rodagem comentado por Wagner Gonzalez na sua matéria de apresentação do veículo não foi algo que chamou a atenção neste período de avaliação. Porém, sabemos que a variação de granulação de asfalto é bem ampla no Brasil e em algumas situações mais severas pode aparecer distúrbios.

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Rodagem macia

A principal característica que o C3 Aircross entrega é conforto de rodagem, há equilíbrio de movimentação entre as suspensões dianteira e traseira e o nível de aspereza de rodagem é absorvido por pneus e suspensão McPherson na dianteira e por eixo de torção na traseira.

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Em curvas nota-se ligeira rolagem da carroceria aumentando essa sensação devido à elevada altura do ponto “H” (altura do assento ao solo). Mesmo posicionando o ajuste de altura do banco do motorista o mais baixo possível, ainda é alto e realça a sensação de rolagem, mas não é uma característica para gerar aborrecimento nos proprietários e passageiros. Os demais bancos não têm ajuste de altura e essa rolagem poderá ser sentida com maior intensidade.

As passagens em lombadas e valetas são facilitadas pela altura livre do solo de 200 mm e os ângulos de entrada (23,8º) e saída (32º) evitam interferências frequentes com o solo. A dinâmica de passagem em lombadas não acusou ruído de queda de roda, indicando o uso de batente hidráulico nos amortecedores dianteiros. As molas são helicoidais e há barra antirrolagem na dianteira.

O sistema de direção tem assistência elétrica sem incorporar sistema de permanência ou centralização em faixa, mas apresenta uma calibração adequada para o propósito do veículo. A sensação de centragem do volante é positiva e bem-definida e o retorno é espontâneo após contorno de esquinas em baixa velocidade.

No sistema de freio a disco ventilado na dianteira e tambor na traseira não apresenta sinais de fading prematuro após frenagens consecutivas e o balanceamento entre esforço no pedal e curso é proporcional à desaceleração obtida, mostrando que o sistema está bem dimensionado, a que pesem as críticas de alguns pela falta de freio a disco na traseira.

Interior espaçoso

O espaço no interior do veículo surpreende, pois se pelo lado externo o C3 AirCross pode ser confundido com seu irmão menor, o hatch C3, por dentro traz bom espaço e facilidade de acomodação para até 5 adultos. A versão de 7 lugares será testada assim que o fabricante tiver veículos disponíveis em sua frota de imprensa.

O revestimento dos bancos mescla cores e desenhos das costuras para atenuar o material de menor gramatura utilizado. O formato dos bancos dianteiros carece na sustentação lateral do corpo e no banco traseiro há espaço suficiente para as pernas, com boa inclinação do encosto. O rebatimento é feito apenas no encosto inteiro e eleva o volume de carga de 493 litros para mais de 1.000 litros. Mas fica a desvantagem por não ter rebatimento dividido.

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No quadro de instrumentos aparece a melhor notícia em relação ao C3 hatch. O mostrador digital é maior, é colorido e de fácil leitura. A velocidade é apresentada em digital ao centro do conta-giros, que também pode ser ocultado nas configurações. A temperatura do motor é apresentada graficamente na direita em oposição ao marcador de combustível na esquerda.

O controle de velocidade de cruzeiro é do tipo convencional com acionamento no volante de direção das funções set, +/- e cancel, mas utiliza um grafismo não ortodoxo. A ativação do sistema é feita por um interruptor no painel secundário à esquerda da coluna de direção, onde também estão os botões de travamento das portas e ativação do modo e condução Sport.

Visando economia de materiais a Citroën posicionou na porta do motorista apenas os comandos dos vidros elétricos das portas dianteiras, e na extensão traseira do console central o comando dos vidros elétricos traseiros. Estes são para uso dos próprios ocupantes do banco traseiro como do motorista/passageiro dianteiro. Com isso eliminou-se dois interruptores e mais alguns metros de cabos elétricos.

O sistema de ar-condicionado de uma zona e ajuste manual tem bom desempenho, mostrando-se muito eficiente nos dias mais quentes deste verão. Os difusores de ar despertam a atenção pelo seu desenho de formas marcantes, como é encontrado no exterior do veículo.

A central multimídia é grande e chega a parecer desproporcional ao tamanho do painel de instrumentos, mas cumpre seu papel de apresentar com maestria as informações através de caracteres amplos e bem desenhados. O pareamento para Android Auto e Apple CarPlay é sem fio, porém necessita do cabo USB para o carregamento.

Conclusão

As formas externas do veículo são bem definidas e exploram os elementos em três dimensões como é visto nos para-choques dianteiro e traseiro e nas lanternas e tampa traseira. Na dianteira o DNA está marcado pela grade com, o motivo Citroën e o sistema de iluminação foi dividido em três blocos. O superior forma a luz de rodagem diurna em conjunção com o central. No centro está o refletor principal e no para-choque estão embutidoa o farol de neblina.

As barras longitudinais no teto surpreendem ao não permitir alocação de carga, pois um veículo dessa categoria e que pretende expandir para até 7 passageiros. Consumido o espaço do porta-malas, ficará sem opções para bagagem.

No geral, é um veículo que agrada dinamicamente, tem conforto e espaço interno e incorpora os principais itens de comodidade em seu interior. Em termos de desempenho não fica devendo aos demais carros do segmento de suves compactos, mas, no futuro, ao carregá-lo com sete passageiros, ou mais de 490 kg, poderá ultrapassar o peso bruto de 1.700 kg. Como será num serra de forte inclinação? A conferir!

GB