A imagem de abertura por si só explica o título. Intriga-me ler notícias sobre “mobilidade limpa” por acaso na coluna de Fernando Calmon desta semana, na qual ele destaca a (demorada) aprovação do Mover (Programa de Mobilidade Verde) pelo Congresso Nacional e cita a questão das emissões de gás carbônico, mais propalado pela sua expressão química CO2. Medidas estão planejadas ou sendo tomadas para reduzir drasticamente as emissões desse gás tido como um dos responsáveis pelas mudanças climáticas via aumento da temperatura média do planeta devido à sua particularidade de impedir a dissipação do calor da Terra no espaço. O efeito desse gás já bem conhecido e discutido, de modo que é desnecessário entrar nesse mérito.
O que me deixa intrigado é as pessoas envolvidas nesse programa e outros de mesma finalidade não se darem conta, ao menos parece, de que é inútil o Brasil se empenhar a fundo nesse mistér, adiantar-se aos países centrais, como disse Calmon, se não vivemos, no Brasil, sob uma redoma de vidro como a arte de abertura sugere. Não adianta descarbonizarmos o ar sozinhos, o ar não tem donos nem fronteiras.
A sonhada descarbonização — impossível eu deixar de estranhar essa palavra, dado que, adolescente, eu habitualmente “descarbonizava” os pequenos motores dois-tempos das bicicletas que tinha — só será possível se todos os 193 países, conforme a ONU, tomarem as medidas elencadas no Mover.
O lado mais obscuro da busca pela descarbonização, no caso específico do Brasil, é a nossa matriz energética baseada excessivamente no álcool e dele dependente, com sua abusiva, vergonhosa e desrespeitosa mistura com a gasolina a 27% e que sabidamente porcentual ainda maior (35%) está a caminho.
Muitos acham que o álcool queimado pelo motor não produz CO2, um grande engano. Produz, porém 80% do gás é capturado pela cana-de-açúcar durante seu novo crescimento, isso significando que ele permanece na atmosfera — do planeta, lembre-se da questão da redoma de vidro — nesse ínterim causando o problema da dissipação do calor da Terra; Ou seja, a composição do ar atmosférico é instável. no que se refere ao gás carbônico. Será que isso faz mal ou não tem nada a ver?
Essa é a mensagem do editor-chefe deste domingo.
BS
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