A arrojada e malsucedida manobra de Esteban Ocon no recente GP de Mônaco já tem consequências práticas: piloto e equipe anunciaram que o contrato entre ambos não será renovado para 2025. Esperava-se que o australiano Jack Doohan pudesse substituir Ocon no GP do Canadá, mas a decisão tomada não surpreendeu: há tempos o nome do vencedor do GP da Hungria de 2021, até hoje o único triunfo da marca na categoria, circula como piloto disponível para a próxima temporada.
A decisão é mais uma na já longa lista de mudanças que o time francês acumula desde meados do ano passado, quando toda a estrutura de comando foi alterada, processo que parece estar distante do fim. O próximo episódio pode incluir Flavio Briatore, ex-banido da F-1. O italiano foi o mentor intelectual do crash-gate, escândalo que levou Nelsinho Piquet a bater propositadamente no GP de Singapura de 2008 para facilitar a vitória de Fernando Alonso na prova.
Promessa francesa desde seus tempos no kart europeu, Esteban Ocon pode ser incluído num grupo de pilotos rápidos, mas não eficientes a ponto de liderar uma equipe e disputar o título mundial. Tal classificação não é demérito algum: ele vem de uma família de classe média — seu pai, nascido em Málaga (Espanha) mantém uma oficina mecânica desde que se mudou para a França — e chegou onde chegou por mostrar bom potencial. Boas atuações nas categorias de base, ele contou com a ajuda importante de Toto Wolff para chegar na F-1.
Uma série de disputas mais arriscadas do que arrojadas entre ele e seus companheiros de equipe mostraram uma característica cada vez menos apreciada: numa época em que a F-1 impôs teto anual de gastos, evitar batidas e toques nos guard-rails ganharam o status de qualidade mais bem apreciada. Pior do que isso é não respeitar o que ficou combinado entre os pilotos e a equipe: é sabido que antes da largada do GP de Mônaco ficou estabelecido que não haverá disputa de posições na pista e o carro que estivesse atrás não ultrapassaria o que estivesse à frente.
Desrespeitar esse acordo duas vezes na primeira de 78 voltas de uma corrida disputada no circuito mais travado da F-1 certamente não pode ser incluído na lista de prós a favor de Ocon. Na subida após a curva de Saint Devote ele já tocou o carro de Gasly e na Portier, que dá acesso ao túnel, se autocatapultou ao lançar seu carro sobre o do companheiro, hoje inimigo, de equipe.
Entre as equipes que têm vaga para 2025 está a Mercedes, organização comandada por Toto Wolff, responsável por sua participação de Ocon na equipe Force-India, atual Aston Martin, ambas usuárias dos motores da marca da estrela de três pontas. Com uma nova aposta em seu planejamento — o italiano Kimi Antonelli — é possível que Wolff volte a apoiar Ocon, possivelmente para atuar como piloto-reserva e de desenvolvimento. Outras possibilidades seriam a Haas e Williams. Na primeira já é dado como certo que o inglês Ollie Bearman será anunciado nas próximas semanas e poucos apostam na permanência de Kevin Magnussen. Na segunda é pouco provável que o estilo arrojado de Ocon se encaixe nos planos do cartesiano inglês James Vowles.
Voltando à Alpine, é importante notar as várias menções de um possível retorno de Flavio Briatore à estrutura da Renault, controladora e proprietária da Alpine. Briatore levou a marca francesa e Fernando Alonso a vencer os títulos mundiais de 2005 e 2006 e seu protagonismo na categoria o colocou como possível sucessor de Bernie Ecclestone, algo que não aconteceu. Dono de um estilo de administração pragmático, o italiano nunca escondeu o desejo de retornar à F-1.
Quem sabe esse momento esteja mais próximo do que nunca, inicialmente como conselheiro. Outro retorno possível à categoria envolve o também italiano, Matthia Binotto. O ex-ferrarista estaria tratando com Lawrence Stroll o ingresso como vice-presidente técnico da equipe Aston Martin.
A programação do GP do Canadá inicia com a disputa de duas sessões de treinos livres, na sexta-feira, entre 14h0 e 15h30 e das 18h00 às 19h00. No sábado os carros entram na pista para mais um treino livre (entre 13h30 e 14h30) e para a prova de classificação (das 17h00 e 18h00). A largada está confirmada para as 15h00 de domingo, sempre de acordo com a hora de Brasília e informações publicadas no site da categoria.
WG
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