Inteligência não dá em árvores, como diz o velho ditado, e foi o caso do designer Brooks Stevens (7/06/1911-4/01/1995) , que em sua genialidade desenhou a Jeep Station Wagon, da Willys-Overland Motors, lançada em 1946 nos Estados Unidos mal terminara a Segunda Guerra Mundial, revolucionando os veículos utilitários da época. Com base no Jeep, a versão 4×2 serviu de referência para todos os demais modelos da camioneta, incluindo a 4×4. Detalhe interessante é a imitação da carroceria de madeira, feita totalmente em chapa estampada de aço
Brooks Stevens (foto ao lado) nasceu nos EUA em 1911 na cidade de Milwaukee no estado de Wisconsin, próximo à Detroit, lar da indústria automobilística americana. Seu pai, William Stevens, era estilista de mão cheia com vários projetos renomados na área, entre eles a alavanca seletora de marchas na coluna de direção e o freio de estacionamento acionado por alavanca abaixo do painel e instrumentos, que permitia acomodar três pessoas no banco dianteiro (motorista e dois passageiros). Em sua juventude, Brooks Stevens acompanhando seu pai na divulgação de suas ideias inovadoras, interessava-se cada vez mais pelo ramo de desenho industrial.
Em 1944, como membro fundador da Society of Industrial Design contribuiu com vários projetos, como o ferro elétrico de passar roupa, auxiliado a vapor e a secadora de roupas elétrica com tambor rotativo. Durante sua vida, idealizou inúmeros objetos, nas mais diversas áreas, com destaque à automobilística, tornando-se um dos desenhistas industriais mais produtivos e criativos de todos os tempos.
Os trabalhos de Brooks Stevens no ramo automobilístico abrangeram inúmeros projetos para várias empresas com destaque a Alfa Romeo, Kaiser, Studebaker, Packard, American Motors, e Harley-Davidson. Na Willys, após o lançamento da Station Wagon em 1946, se tornou responsável direto pelo desenho do todos os seus produtos, incluindo o Aero Ace, lançado em 1952, refletindo um veículo moderno e confortável para seis pessoas.
A Willys-Overland, que já produzia o Jeep, ficou com uma linha de veículos bem interessante que incluía uma picape,, um furgão, a Station Wagon e o Aero-Willys em suas versões Lark, Ace, Wing e Eagle.
Particularmente, a Station Wagon foi amplamente divulgada como veículo da família, forte, bonito e funcional para qualquer tipo de terreno, sendo definitivamente o precursor dos suves tão em moda atualmente. Podemos até afirmar que ele foi realmente o primeiro suve fabricado no mundo. A forte marca Jeep continuava a amparar as propagandas da Station Wagon e cada vez mais as mulheres se interessavam por ela, entendendo como veículo imponente e seguro à sua imagem à família.
A Station Wagon no Brasil
A Willys-Overland se instalou no Brasil no início da década de 1950 em São Bernardo do Campo na região metropolitana de São Paulo e já em 1954, seu primeiro produto, o Jeep CJ-3, foi lançado no mercado brasileiro, no início com muitos componentes importados e que foram pouco a pouco sendo nacionalizados.
Outro produto, a Station Wagon americana, antes importada, começou ser montada no Brasil a partir de 1956 e batizada de perua Jeep. O nome Rural veio em 1957 e em 1959, já com 50% de nacionalização, recebeu a motorização nacional. Com forte inspiração de Brooks Stevens, a Rural ficou diferente de sua irmã americana em muitos detalhes, como a pintura em duas cores (saia e blusa) que tanto sucesso fez em seu lançamento. A partir de 1960, batizado de Rural Jeep e praticamente com 100% de nacionalização, os para-lamas, faróis, para-brisa e muitos outros itens de acabamento também se diferenciaram do modelo original. Como nos Estados Unidos, a SW brasileira foi anunciada coma veículo “pau pra toda obra”, um misto de utilitário e carro de família.
Na versão 4×2, a Rural mostrava seu grande espaço interno para seis pessoas (motorista e cinco passageiros). Em 1968 passou a se chamar Rural Ford, após a aquisição da Willys ao seu grupo no Brasil e em 1971 passou a ser o Ford Rural, sempre com o apelo de veículo utilitário e confortável para o dia a dia da família. Em 1975, a Rural recebeu novo motor quatro-cilindros, o 2,3 OHC produzido na fábrica Ford de Taubaté, SP, no lugar do original BF-161 2,6-litros de seis cilindros. continuando com sua reputação de veículo resistente, seguro e confortável para a família. Sem dúvida, a Rural foi um marco na história dos utilitários de uso misto.
A Ford Rural se despediu em 1977 mantendo sua forte imagem, sendo para mim o primeiro suve brasileiro.
CM