Divido motoristas em dois tipo, os que têm responsabilidade e os que têm medo de serem flagrados. Ambos respeitam a Lei, mas de maneiras diferentes.
Os que têm responsabilidade é porque lhes ensinaram a tê-la ainda na infância, tipo “não mexa no que mão deve” ou “não leve o que não é seu.”. Ainda, se há um aviso de que algo “é proibido”, é para ser obedecido.
Digo isso de maneira simplificada, pois o processo de formação da personalidade é bem longo e complexo, está inserido no que se chama de educação e seus efeitos transparecerão nas pessoas por toda a vida, inclusive na condução de veículos, motorizados ou não, já que trânsito, como qualquer atividade humana, tem regras
Por que trânsito tem regras? São dois os motivos. Um, ordená-lo. É inconcebível não tê-las, seria a maior balbúrdia se cada um, cada motorista fizesse o que lhe viesse à cabeça ao dirigir um veículo automotor. Ou ao cavalgar, Ou ao conduzir uma bicicleta.
O outro motivo de haver regras de trânsito é proteger a vida, em especial a humana. Isso desde a alvorada do automóvel, no século 19. A proteção à vida torna-se mais complexa à medida que mais pessoas e veículos dividem o mesmo espaço. Torna-se imperativo focar na convivência harmoniosa desses dois atores do trânsito por uma razão mais do que óbvia: o corpo humano, a despeito de ser uma complexa, porém perfeita máquina, é frágil.
É por isso que o artigo 220 Inciso I do CTB classifica como infração gravíssima “deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito: quando se aproximar de passeatas, aglomerações, cortejos, préstitos e desfiles”. Note-se que o artigo não fala numa velocidade específica, apenas em “velocidade de forma compatível com a segurança do trânsito”. Motoristas responsáveis o fazem instintivamente; os que têm medo, só se notarem presença policial nesses locais.
O melhor exemplo de proteção da vida humana no trânsito que conheço é nos EUA. Sempre que um ônibus escolar para e exibe as placas “STOP” nos dois lados — ficam dobradas como espelhos retrovisores externos com o coletivo em movimento — todo o tráfego tem que parar, mesmo que a rua seja de mão dupla, até que as placas “STOP” sejam dobradas.
Independente da radares e câmeras de velocidade, um trânsito seguro não pode prescindir da presença policial de verdade (nada de guardas civis metropolitanas ou agentes de trânsito municipais, viu, Brasil?).
É a presença policial que poderá avistar um carro com movimento errático típico de motorista dirigindo sob influência de álcool — embriagado de fato, não por ter ingerido álcool comedidamente que não deixa ninguém bêbado), entorpecente ou medicação que o impeça de dirigir com a necessária atenção e segurança. É a presença policial que deterá esse motorista e evitará que ele cause um acidente que eventualmente poderá ser fatal.
Um caso recente em que a presença policial poderia evitar uma morte é o do Porsche 911 que em altíssima velocidade atingiu um Renault Sandero na traseira numa avenida em São Paulo (foto de abertura), ocasionando a morte de seu motorista. Houvesse presença policial e esta fosse avisada de haver um carro em velocidade absurda, ela se mobilizaria para interceptá-lo. com muita chance de sucesso.
O dia em que esse tipo de “caçada” for rotina se instalará o medo de ser flagrado e ocorrências desse tipo tenderão a zero.
BS
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