Ao acessar o site do Detran do estado de São Paulo depara-se com o tópico “Consulta pública – Participe do processo de melhora do trânsito de São Paulo”. Só que ao clicar nele nada aparece no sentido proposto, apenas medidas administrativas sem relação com o trânsito em si. Mas serviu para me inspirar a falar um pouco sobre o que pode ser feito para isso.
Uma medida mais que óbvia, é controlar todos os semáforos por computador. É inconcebível em plena era da tecnologia da informação que ainda não seja assim exceto, ao que parece, numa avenida de Brasília, a W3. É a única maneira, tecnicamente falando, de assegurar um mínimo de fluidez do trânsito.
Há também que se adotar o que é feito na Alemanha, Suíça e Argentina, a mudança de vermelho para verde dos semáforos ser precedida do amarelo. O efeito é benéfico para a fluidez, pois o motorista que está parado no vermelho se prepara para arrancar e o faz assim que mudar para verde, eliminando atrasos nesse processo que ao longo dia se multiplica e faz diferença. O benefício é para a segurança também. Hoje, o motorista da via transversal aproveita a transição verde-amarelo-vermelho para prosseguir contando com a demora do tráfego na outra via em começar a andar, que deixará de existir. Se ele souber que não há mais esse demora, automaticamente se absterá dessa prática.
Há mais. Demolir todas as lombadas construídas sem autorização e corrigir as autorizadas quanto às dimensões, uma vez que raras são as regulamentares nessa questão. A lombada, além de prejudicar a fluidez do trânsito, aumenta o consumo de combustível dos veículos, o que resulta na emissão do temido e combatido gás carbônico, mais conhecido pelo seu símbolo, CO2, um dos causadores do efeito estufa juntamente com o CH4 (metano), que estaria elevando a temperatura da Terra e causando mudanças climáticas.
Além disso, fossem observadas as dimensões determinadas pelo Contran. os carros aqui fabricados ou importados e tropicalizados poderiam ter altura de rodagem de projeto, com ganho em comportamento dinâmico, aerodinâmica e consumo de combustível.
Outra medida para aumentar a fluidez não requer grande mudança nas vias: basta dimensionar a largura das faixas de rolamento para os padrões estabelecido pela Prefeitura. As faixas estreitas atuais prejudicam a fluidez. E nesse processo remover todas as tachas refletivas demarcadoras das faixas. Elas só se justificam nas vias sem iluminação, como as estradas.
Outro erro gritante a eliminar é rotatória em via de mão única com duas faixas, comuns nos bairros. Como só passa um carro por vez na rotatória, o afunilamento é inevitável.
Além das medidas até aqui, remover todas as faixas de pedestres elevadas, as chamadas lombofaixas. Além de inúteis — não é sempre que há pessoas utilizando-as — prejudicam a fluidez.
Por fim, restabelecer limites de velocidade naturais e aceitáveis da era pré-Fernando Haddad. Hoje temos verdadeiros “trombos” sob forma de velocidades aquém do razoável (foto de abertura, av. dos Bandeirantes, era 60 km/h, caiu para 50 km/h).
Mas aproveito para falar mais uma vez sobre a vergonha paulistana: o rodízio. São Paulo é a única cidade brasileira que tem essa restrição à circulação e que já dura quase 28 anos. Não só é ilegal à luz do Código de Trânsito Brasileiro, que em seu artigo 24 Inciso XVI reza que compete aos municípios “planejar e implantar medidas para redução da circulação de veículos e reorientação do tráfego, com o objetivo de diminuir a emissão global de poluentes”, como é um flagrante desrespeito aos cidadãos sem que produza qualquer efeito benéfico ao trânsito. Foi criado quando a frota paulistana era de 3,5 milhões de veículos e hoje está próxima de oito milhões. Chamava-se Operação Horário de Pico e visava reduzir congestionamentos.
Importante salientar que o rodízio não é lei. A que existe sobre o assunto, Lei municipal nº 12.490, de 3/09/1997, apenas AUTORIZA o executivo a implantá-lo. Estranhamente, nenhum prefeito que sucedeu o criador do rodízio, Celso Pitta, acabou com esse absurdo, com esse incômodo para os paulistanos e, mais estranho ainda, o Ministério Público Estadual nunca ter acionado a justiça para fazer cumprir uma lei federal chamada Código de Trânsito Brasileiro.
Bastaria o governando Tarcísio de Freitas baixar um decreto proibindo restrições à circulação não previstas pelo CTB em todo o estado e a questão estaria liquidada. Escrevi ao governador, mas sua assessoria respondeu que o rodízio é lei municipal… Primeiro, não é lei, como escrevi acima (é decreto) e, segundo, lei municipal sucumbe à lei estadual.
A luta continua!
BS
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