“Triplo E” é como os americanos definem os requisitos para um trânsito eficaz e seguro. “E” de engineering (engenharia), de education (desnecessário traduzir) e de enforcement (fiscalização quanto ao cumprimento da lei de trânsito). O primeiro é relativamente simples de ser atingido, dependendo apenas de competência associada a vontade política. Os outros “E” já são mais difíceis e algo demorados para serem aplicados.
Em 1976 foi criada em São Paulo uma empresa de economia mista chamada Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP), com participação majoritária da Prefeitura do Município de São Paulo. Foi idealizada em 1976 pelo engenheiro Ion de Freitas e sugerida ao então prefeito Olavo Egídio Setúbal e seu primeiro presidente foi o engenheiro e jornalista Roberto Salvador Scaringella.
A criação de um órgão especificamente para cuidar de trânsito evidencia a importância da engenharia para cuidar do assunto na vida de qualquer cidade e, por extensão, das rodovias, Só que as coisas, nesse terreno, estão longe do ideal em duas áreas, sinalização horizontal e controle d controle semafórico. dois elementos fundamentais para um trânsito minimamente razoável apesar da nossa frota, em especial nas cidades grandes. ser volumosa. Em São Paulo já passou de 7,2 milhões de veículos, motocicletas fora dessa conta.
O que se vê São Paulo é uma total insanidade, senão burrice, na largura das faixas de rolamento. Chegamos ao ponto de mesmo carros compactos requererem dos motoristas extremo cuidado para não tocarem os carros das faixas adjacentes. Quem dirige picapes médias pena para não sair da sua faixa. Atualmente é preciso ficar atento aos espelhos para ver senão há ônibus se aproximando, pois eles não cabem mais em muitas faixas e é assustador quando na faixa exclusiva deles passam pela nossa em velocidade maior que as demais normalmente congestionadas. O resultado não pode ser outro senão lentidão nas colunas de tráfego. e congestionamentos.
A Prefeitura de São Paulo, e acredito que ouras também, tem normas a respeito de faixas que são nitidamente ignoradas, É desnecessário ser especialista em trânsito para notar isso. A consequência funesta desse descaso levou algum “jênio” a idealizar as micro-faixas para motocicletas, uma aberração em si mesmas. Tivessem as faixas larguras regulamentares, portanto decentes, motocicletas poderiam passar no “corredor”, entre os veículos, como fiz durante anos no Rio de Janeiro e aqui, com toda segurança — desde que não em velocidade tresloucada como ocorre nas faixas azuis de hoje. Mas teriam que ser removidas todas as tachas reflexivas, incômodas e danosas aos pneus das motos. Elas são absolutamente desnecessárias quando as ruas e avenidas têm iluminação pública.
Com as faixas voltando às dimensões regulamentares (foto de abertura) acabaria a triste visão de ver uma ambulância sem poder sair do lugar, presa no congestionamento. Ela poderia voltar a se movimentar entre os carros.
Semáforos
Semáforos, ou sinais luminosos , são indispensáveis, é inegável. Mas eles ao mesmo tempo em que provêm segurança, podem atrapalhar em vez de ajudar. Eles atrapalham quando fecham de maneira desordenada, uma vez que a esperada fluidez do trânsito cessa desnecessariamente.
Há décadas é possível estabelecer uma rede de semáforos inteligentes mediante controle computadorizado e com supervisão de câmeras, de modo que os eventos de fechamento e sua permanência sejam de acordo com as necessidades do momento ao contar com a intercomunicação da rede em tempo real. Isso não é novidade, portanto plenamente viável. Tem seu custo, claro, mas o benefício é imensurável.
O quadro de hoje não pode continuar, por exemplo, numa avenida ver-se uma sucessão de semáforos em verde ou em vermelho, ou seja, onda verde zero.
Já é mais do que tempo para as administrações municipais enfrentarem e resolverem essa deficiência do trânsito brasileiro em benefício de toda a sociedade.
BS
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