Duas semanas atrás, quando escrevi minha coluna sobre Eletrificação com ênfase em Infraestrutura, escrevi logo no início: “Querendo ou não, Gostando ou não” o caminho da eletrificação é um caminho sem volta. Reafirmo o que disse.
Stellantis recentemente lançou o Pulse e o Fastback com a tecnologia semi-híbrido (Bio Hybrid na terminologia deles). Esta tecnologia será a dominante no Brasil com lançamentos cada vez mais constantes nos próximos anos por quase todas as marcas.
Para o Brasil este primeiro nível de eletrificação é considerado ideal por custar pouco (aproximadamente US$ 350,00), por garantir uma redução nas emissões em torno dos 20% e uma diminuição no consumo entre 10 e 15%. Para 2030 estima-se que 25% das vendas de carros de passeio 0-km possuirão esta tecnologia com forte crescimento nos anos seguintes. Outros 25% serão compostos por híbridos, híbridos plug-in e elétricos puros.
A bateria é o item mais oneroso num veículo elétrico puro e tem um valor representativo num veículo híbrido. As maiores dúvidas dos consumidores atuais em relação aos veículos eletrificados dizem respeito às baterias. Segundo estudos de uma empresa americana, a Recurrent, a média de garantia das baterias é de 8 anos, ou 160 mil quilômetros rodados e, de todos os modelos, apenas 1,5% precisou realizar a troca ainda em garantia. Estima-se que a vida útil real da bateria seja algo entre 15 e 20 anos com relatos de que existem veículos circulando nestas condições com baterias operando com 80% da capacidade.
Em um outro estudo, segundo o Sindipeças, a vida média de um veículo automotor no Brasil é de, atualmente, 11,1 anos.
Uma simples análise dos dois últimos parágrafos nos faz entender que a perda de desempenho da bateria não deveria ser um problema real mesmo porque ela afeta, principalmente, apenas os modelos mais antigos.
O maior dilema seria alcance e novas tecnologias. Novos modelos a serem lançados possuem baterias de estado sólido capazes de ter uma recarga de 80% em 15 minutos para um alcance próximo a 1.000 km contra 550 5m em média atualmente. Caso se torne economicamente viável estas novas baterias causariam um impacto negativo nas baterias atuais (no estado líquido). Atualmente ainda outros desenvolvimentos acontecem em relação a materiais que igualmente poderiam causar este tipo de transtorno.
Até este momento a depreciação do veículo elétrico é maior do que a dos veículos a combustão. Entretanto, chegará o momento em que o consumidor entenderá que os veículos elétricos são interessantes, tecnológicos e de baixa manutenção invertendo a lógica da alta depreciação. Difícil prever quando este momento ocorrerá e com qual tecnologia ele irá acontecer mas é fato que irá acontecer!
Outro ponto relevante, somos um mercado menor e estamos mais atrasados em relação aos mercados americano e europeu então teremos acesso às soluções oferecidas por aqueles mercados que foram acertadas em relação ao veículo elétrico e poderemos aplicá-las, de forma regional, em nosso país antecipando a resolução dos problemas.
Em outros países, o problema da depreciação já é melhor combatido com melhores programas de reciclagem das baterias e garantias estendidas. Por aqui a reciclagem é embrionária com previsão apenas pelo Mover e sem qualquer detalhamento e a garantia acima dos 8 anos, acabou de começar.
Num futuro próximo também teremos uma mão de obra mais qualificada para trabalhar com estes produtos, oficinas especializadas e uma oferta mais ampla contribuindo para a diminuição dos custos de reparação e, desta forma, melhorando a depreciação deste tipo de veículo.
O futuro será eletrificado! Queira ou não, goste ou não!
MKN