
Quando o assunto é automóvel, tem muita dica furada. Uma recente é de trocar o carro por um antigo para deixar de pagar o IPVA. E acreditar numa eventual valorização.
Mas, atenção, pois o imposto é estadual e os prazos variam, de dez até 30 anos de fabricação. Pode estar certo de que não vale a pena a isenção, pois o custo da manutenção será muito superior. Principalmente se o carro for colocado para rodar no dia-a-dia: a chance de ele dar problemas é muito maior. E pelo custo das peças ou mesmo encontra-las. E também da mão de obra que vai ficando cada vez mais especializada e difícil de se achar.
Quanto à possível valorização, ela é bem possível. Mas nem sempre é uma certeza…
Importante saber que os mais velhinhos exigem cuidados especiais. Veja uma dúzia de regrinhas básicas:
1 – Se vai ficar parado umas semanas, está enganado quem acha que basta ligar o motor uma vez por semana durante uns cinco minutos. Pois haverá contaminação do óleo do cárter pelo combustível. Melhor não fazer nada. O certo é sair e dar, no mínimo, uma volta de uns 10 minutos uma vez por mês.
2 – Não deixe o freio de estacionamento acionado. Lonas pressionadas contra os tambores correm risco de oxidação, “grudarem” e dificultar ou impedir a movimentação do carro.
3 – Não desligar a bateria pelos cabos, mas preferencialmente por uma chave-geral. Extremamente recomendável nos “velhinhos” e deverá ser desligada quando o carro ficar parado durante algumas horas, ou dias. Além de proteger a bateria, evita-se também um princípio de incêndio que pode resultar da fiação antiga.
4 – Extintor de incêndio à mão. Não o guarde no porta-malas ou em local de difícil acesso. O ideal é prendê-lo ao banco do motorista, rente ao chão.
5 – Nunca espere atingir a quilometragem para trocar o óleo lubrificante. Como carro antigo roda pouco, o óleo e filtro devem ser substituídos a cada doze (ou 18) meses. Não importa quantos quilômetros rodou. E, em teoria, se o motor ficou sem funcionar mais de um ano o ideal é que o óleo seja troca dp antes de liga-lo.
6 – O contato por período longo dos pneus com o piso pode deformá-los. Ficam “quadrados”. O ideal é deixar o carro sobre cavaletes. Na impossibilidade, inflar o pneu com uma pressão bem superior à recomendada e movimentar o carro ligeiramente de tempo em tempo para mudar o ponto de contato dos pneus com o solo.
7 – Gasolina com álcool não faz bem aos carburadores. Na previsão de o carro ficar parado por períodos mais longos, desligue a alimentação de combustível e funcione o motor até ele parar.
8 – Preste especial atenção a todas as mangueiras: de combustível, fluido do freio, sistema de arrefecimento, etc. É grande sua tendência a ressecar, surgirem fissuras e permitir indesejáveis (e perigosos) vazamentos. De olho também em componentes de borracha como limpadores e correias, que perdem flexibilidade com o tempo.
9 – Em carro antigo, é muito comum que os pneus estejam “novinhos” e “borrachudos”, porém o DOT (data de fabricação gravada na banda lateral) revela estarem vencidos. Se foram fabricados até dez anos, dá para rodar. Caso contrário, lixo!
10 – Muita atenção para os “drenos” no fundo da parte interna das portas e porta-malas. Quando entopem, pela sujeira e terra, água se acumula. Basta passar um arame para desentupi-los e evitar a oxidação, ou ferrugem. Outra dica é rodar alguns quilômetros com o carro depois de ser lavado, para a água escoar pelos drenos.
11 – Sempre esquentar o motor até atingir a temperatura de funcionamento, pois o antigo não tem os mesmos recursos que o novo. Para “pegar”, utilizar o afogador para enriquecer a mistura, mas não deixá-lo acionado por mais que alguns minutos.
12 – É normal o motor que já rodou cerca de 100 mil km ou mais queimar um pouco do óleo lubrificante. Se não for exageradamente (aí a solução é a retífica), usar um óleo de maior viscosidade. Existem no comércio óleos especiais para motores de “alta quilometragem”. Entre eles, o Lubrax (da Petrobrás) é o único que, além da maior viscosidade, tem um aditivo especial (seal swell) que dilata retentores e anéis de vedação para diminuir a passagem de óleo.
BF
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
Mais Boris? autopapo.com.br