A Royal Enfield apostou forte nas virtudes de sua nova motocicleta de uso misto, a Himalayan 450. Para comprovar a sua capacidade, nos chamou para uma aventura pelas estradas que circundam os câniones da região sul do país. Foram 315 km de muita emoção, em estradas de terra, com muitas pedras soltas, e algumas boas vias asfaltadas.

O percurso que circunda os belos vales dos câniones, que forma a divisa entre os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, durou apenas um dia, cerca de dez horas de estrada, mas foi suficiente para nos fornecer, como primeiras impressões, uma boa ideia de tudo o que a nova motocicleta é capaz.

Bem diferente de sua antecessora de mesmo nome, a Royal Enfield Himalayan 450 não é uma evolução da Himalayan 411, uma vez que não herdou nenhum componente desse modelo, mas sim uma motocicleta completamente nova, desde suas características mecânicas até seu visual.

Mais moderna e mais bonita (acho que todos concordariam com isso), a nova Royal Enfield Himalayan 450 tem muito mais tecnologia, como o acelerador eletrônico, que permite escolher modos de pilotagem, ou o painel de instrumentos digital de TFT em cores que vem com um novo navegador, o Tripper Dash, bem mais detalhado e preciso do que o Tripper já conhecido de outros modelos da marca.

Um belo mostrador circular reúne todas as funções do painel, que pode ser configurado no formato digital ou analógico, claro ou escuro, ou mesmo com mudança automática, dependendo da luminosidade externa.)

Mais do que as setas que o antigo sistema de navegação oferecia, o novo Tripper Dash projeta o mapa na tela, quase como se repetisse o mapa do Google do telefone celular ao qual está conectado. É possível dividir a tela entre mapa e informações de pilotagem e de controle da motocicleta. O sistema permite, também, parear aplicativos e até ouvir uma trilha sonora, tudo controlado por comandos nos punhos.

Quanto à pilotagem, o banco do piloto pode ser regulado na altura em quatro posições, facilitando as manobra em baixas velocidade, e o guidão pode ser mexido levemente de forma a facilitar a pilotagem de pé, o que, nesta avaliação, foi a maior parte do percurso.

O Sherpa 450 é o novo motor da Royal Enfield Himalayan, que tem cilindrada exata de 451,4 cm3, resultado de um monocilindro de 84,0 mm de diâmetro, com curso do pistão de 81,5 mm. Tem arrefecimento a água (a primeira Royal Enfield com esse sistema), duplo comando variável e quatro válvulas. A potência é de 40 cv a 8.000 rpm e o torque é de 4,1 m·kgf a 5.500 rpm, sendo que 90% desse valor aparece a partir das 3.500 rpm. E isso não é apenas discurso técnico, realmente um bom torque surge bem cedo, mesmo rodando devagar em quinta marcha.

A constatação desse fato pôde ser feita em muitos momentos durante os 315 km da avaliação, a grande maioria deles no fora de estrada e com muito trechos de pedras. Rodando relativamente devagar, às vezes constatei que estava em uma marcha muito alta, quinta marcha, até, sendo que bastava girar o acelerador para o motor crescer sem mesmo precisar reduzir uma ou duas marchas.
Sem carga, ou seja, rodando em velocidade constante sem que o motor pareça empurrar a motocicleta, o Sherpa 450 pode parecer meio “solto”, mas em aceleração o seu comportamento chega a ser surpreendente. Chegando às 7.000 rpm, e daí para cima, até a escala do conta-giros eletrônico se tornar vermelha e antes da rotação de corte (que é bem alta), o ronco do motor muda e empolga, seus 40 cv se fazem valer e fica muito gostoso pilotar assim.
No asfalto, melhor ainda. Não tive a oportunidade de checar sua máxima velocidade em um trecho plano de asfalto, mas deve chegar perto dos 170 km/h. Assim, é possível manter uma velocidade de cruzeiro de cerca de 120/130 km/h por longos períodos, sem cansar (motocicleta e piloto), principalmente em sexta e última marcha, que é longa e desmultiplicada.
Equipada com os pneus originais, de características mais on do que off road, a Royal Enfield Himalayan 450 surpreendeu também em curvas de bom asfalto, com uma dirigibilidade extremamente linear e com bastante estabilidade em curvas mais velozes.

No fora de estrada, esses pneus também cumpriram sua missão, até porque não havia trechos de lama ou areião, caso em que pneus de gomos seriam mais apropriados.
A suspensão dianteira da Himalayan 450 é do tipo invertida, com bengalas de 43 mm de diâmetro e amortecedores Showa, com curso da roda de 200 mm. A suspensão traseira é monoamortecida com ajuste de pré-carga da mola.
Os freios são a disco nas duas rodas e com pinças da marca ByBre, do grupo Brembo, dotados de antibloqueio ABS de dois canais (desligável para a roda traseira). As rodas são de 21 polegadas na dianteira e de 17 polegadas na traseira, com pneus sem câmara na versão de topo do modelo.

Dessa forma, é certo e justo dizer que a Royal Enfield Himalayan 450 cumpre com a sua proposta, que é de ser uma aventureira não radical, bastante acessível e pronta para uma viagem nos moldes da que fizemos nesta sua apresentação.

A Royal Enfield Himalayan 450 pode ter quatro cores, em três versões diferentes. A primeira, versão de entrada, é a Slate Himalayan Salt, na cor cinza com faixas laranja, e a Slate Poppy Blue, na cor cinza com faixas azuis. Ambas custam R$ R$ 29.990. A versão intermediária é a Hanle Black, preta com faixas douradas, que custa R$ 30.990. A versão topo de linha tem pneus sem câmara e duas cores, a preta, Hanle Black Tubeless, e a branca, a Kemet White Tubeless. Estas custam R$ 31.990.

A Royal Enfield Himalayan 450 tem um pacote de acessórios especial para o lançamento com preço diferenciado, R$ 10.000, composto por protetor de motor, protetor de radiador, para-brisa adventure, assento para condutor adventure, assento para passageiro adventure, baú superior adventure, suporte para baú superior adventure, capa de moto impermeável azul marinho, malas laterais adventure e suporte para as malas laterais. Estarão disponíveis apenas 150 desses kits Adventure Touring, que, completos, custam menos do que todos esses itens adquiridos separadamente.
GM