Há um circuito de corridas em Stuttgart chamado Solitude, utilizado antigamente. Solitude foi utilizado até mesmo para a Fórmula-1, de 1961 a 1964. Também o motociclismo teve várias provas dos mundiais.
A pista tem 11,7 km de extensão, passando em frente ao castelo que dá nome ao circuito. Este é o quinto ano que a Mercedes-Benz promove o Solitude Revival, uma homenagem às provas e ao circuito, colocando na pista carros da coleção da empresa, sob os cuidados do Mercedes-Benz Classic, a divisão de manutenção e restauro dos antigos Mercedes.
O evento será de 21 a 23 de julho, e vários carros interessantes estarão presentes, como o Model S de 1927 e AMG 300 SEL 6,8 de 1971, um sedã grande com um motor muito potente. Alguns pilotos presentes serão também de anos passados, como Dieter Glemser, Hans Herrmann, Jochen Mass , junto com o jovem Jan Seyffarth, que trabalha no desenvolvimento dos carros atuais da AMG.
Glemser nasceu em 1938, começou vencendo provas de subida de montanha e depois Nürburgring. Pilotou para a Mercedes-Benz a partir de 1963, vencendo o Rali da Polônia com um 220 SE, e depois tendo outros bons resultados em pista com carros de turismo. Correu também pela Ford, tendo sido campeão europeu de Turismo em 1971, venceu a 24 Horas de Spa-Francorchamps e o campeonato alemão de 1973 e 1974. Trabalhou depois como gerente de organização das equipes de corrida da Mercedes e em treinamento de pilotos e de segurança, e hoje é um dos embaixadores do Mercedes-Benz Classic.
Hans Hermann é mais velho. Nasceu em 1928 lá mesmo em Stuttgart, e foi Solitude que o fez pilotar para a Mercedes, depois de ser o mais rápido em um teste em 1953, diante de pilotos já contratados. Alfred Neubauer o colocou na equipe para a temporada de 1954, com o W196 de F-1. Hermann foi o mais rápido em Reims, na França. No ano seguinte se feriu gravemente em Mônaco, e ficou quase um ano parado. Sua carreira havia começado nos ralis, e venceu várias provas na Alemanha e uma vez na Itália, a importante Mille Miglia. Correu também de Porsche, além de Fórmula 2 e Fórmula 1 pela BRM, Cooper, Maserati e Veritas. Algumas outras provas famosas que venceu foram a Targa Florio (1960), a 24 horas de Daytona (1968) e 24 Horas de Le Mans (1970), quando encerrou sua carreira de piloto, permanecendo sempre ativo junto das atividades de automobilismo e clássicos da marca Mercedes.
Jochen Mass nasceu em 1946. Começou profissionalmente nos carros de turismo com a equipe da Alfa Romeo em 1968, e depois como piloto de fábrica da Ford de 1970 a 1975. Venceu a 24 horas de Spa em 1972. Participou da Fórmula 2 em 1973, e depois passou à F-1, correndo de 1973 a 1982, em 105 GPs. Em 1984 a Mercedes colocou um 500 SLC no rali Paris-Dacar, e Mass foi o piloto. Também correu com Porsche de 1985 a 1987, mas voltou à Mercedes em 1988, ficando até 1991 nas corridas de esporte-protótipo grupo C. Venceu em Le Mans em 1989 com a Sauber-Mercedes C9. Passou à direção da equipe no Campeonato Alemão de Carros de Turismo, o DTM, e até hoje participa dos eventos do MB Classic pilotando os antigos carros de corrida, pois conhece todos eles muito bem.
Hans Hermann, tem uma associação especial com o circuito de Solitude. Em 12 de outubro de 1953, como o mais jovem participante da prova, marcou a volta mais rápida do dia, com 4 minutos e 52 segundos para cobrir os 11,7 km, fato obtido com o 300 SL (W194), um carro com desenho da dianteira diferente dos outros SL de pista, e apelidado de Wood Plane. Hermann está presente ainda hoje, como embaixador da marca em eventos especiais como este.
A Daimler-Motoren-Gesellschaft (DMG) competiu no circuito triangular com os carros Mercedes de corrida desde 1922. Separadamente, a subida de montanha para motos foi aberta em 1903, e para os carros só em 1922.
Já no ano seguinte, um jovem piloto da Mercedes venceu sua classe nessa subida, como parte do ADAC Reichs Rally. O nome se tornaria muito mais famoso, vencendo já na segunda corrida com a marca, e mais duas em seguida, com o carro de 1,5 litro. Seu nome era Rudolf Caracciola, alemão apesar do sobrenome. No ano seguinte a Mercedes venceu novamente a prova de subida de montanha, com Adolf Rosenberger, piloto oficial da fábrica.
“Around Solitude”
Em 1925 foi realizada a primeira prova “Around Solitude” (ao redor de Solitude). Otto Merz venceu a corrida inaugural para carros de mais de 2 litros, com o carro de quatro cilindros e compressor.
Uma vitória em cada casse para a Mercedes, nesse circuito que englobava mais estradas, com 22,3 km de extensão no total. Em 1926 a DMG e a Benz & Cie. Se associaram, surgindo a Daimler-Benz AG e marca Mercedes-Benz. No mesmo ano, em 12 de setembro, um modelo K venceu a prova para carros acima de cinco litros de cilindrada, e na mesma prova começava a trabalhar como diretor de corridas o lendário Alfred Neubauer, que colecionaria vitórias para a marca até 1955.
Naquele tempo as corridas em Solitude eram verdadeiros festivais de velocidade, com o interesse do público crescendo muito, e junto com a potência cada vez maior e maior velocidade, fez com que os carros fossem banidos do local, sendo permitido apenas às motos prosseguir em provas. Isso começou em 1928. Em 1937, porém, Hermann Lang fez uma demonstração de alta velocidade com o W125 de Grand Prix para uma plateia entusiasmada.
Veio a guerra, e o circuito ficou sem provas. Só em meados da década de 1950 é que surgiu o rali Solitude, ao mesmo tempo em que a Mercedes-Benz utilizava o traçado para teste de veículos de corrida e treino, além de seleção de pilotos para as equipes de fábrica.
Depois de 1965, quando ocorreu a última temporada de campeonatos que utilizavam a pista, apenas em 2008 voltou-se a ter eventos públicos, com o Solitude Revival.
Alguns modelos que estarão nas provas desse anos são, o S (W06) de 1927, primeiro carro de uma série que adotaria compressores e se tornaria famosa. Correndo pela primeira vez em Nürburgring em 1927, estreou com tripla vitória, com Rudolf Caracciola, o piloto de maior sucesso do pré-guerra.
Foram feitos 146 unidades desse carro, também vendidos para clientes que os utilizaram nas ruas e em corridas. Desse modelo base, vieram o SS (Super Sport) e o SSK (Super Sport Kurz) curto, durante 1928, com o mais extremo deles chegando apenas em 1931, o SSKL, o L de leicht (leve). O S tinha motor de seis cilindros em linha com 6.789 cm³, 120 cv sem compressor, 180 cv a 3.000 rpm nas versões comprimidas, e chegava a 170 km/h.
Esses carros eram pintados de branco para as corridas naquela época, e pelo tamanho e ruído de seus compressores, ficaram conhecidos como Elefantes Brancos pelo público.
Outro modelo exposto e andando será o sedã AMG 300 SEL 6,8, que Hans Heyer e Clemens Schickentanz utilizaram para vencer a primeira corrida que o carro participou, a 24-Horas de Spa–Francorchamps, em 24 de julho de 1971, com o segundo lugar na geral. Nesse ano a AMG era desconhecida, tendo sido fundada em 1967 por Hans Werner Aufrecht e Erhard Melcher , na cidade de Grossaspach. O carro foi feito a partir de um 300 SEL 6,3, que tinha 250 cv, uma potência não existente em sedãs naquele tempo. Aumentando a cilindrada de 6.330 para 6.835 cm³, a potência subiu para 428 cv no V-8. O carro original não existe mais, mas a réplica, fabricada em 2006, é exatamente igual, chegando aos mesmos 265 km/h de velocidade máxima.
Também estará presente o primeiro safety car do DTM, que será pilotado por Jan Seyffarth, piloto oficial de desenvolvimento da AMG. Os atuais Mercedes-AMG GT e GT R estarão lá também, para melhor ilustrar a evolução.
O evento em Solitude tem o primeiro dia dedicado à exposição dos carros presentes, conversas com os participantes, e explicações sobre o trabalho da divisão que cresce constantemente. Nos dois dias seguintes realizam-se várias corridas de carros e motos.
Um evento que virá depois de algumas semanas será no museu da marca em Stuttgart. Lá estará montada a exibição especial AMG 50 anos, acontecendo de 19 outubro até abril de 2018.
Haverá exposição de vários outros carros marcantes na história da Mercedes, dentro do tema All Time Stars, abrangendo veículos de antes da Segunda Guerra Mundial até os mais recentes.
Os pilotos que se utilizaram dos AMG estarão em painéis de apresentação e discussão com o público, e ficarão disponíveis para autógrafos, inclusive com a participação de Marc Lieb, representando a Porsche, marca vizinha da Mercedes em Stuttgart.
JJ