O programa de balizamento do setor automobilístico e desenvolvimento de produtos, tossiu, engasgou, desligou. Dito Rota 2030, para substituir o Inovar-Auto em fim de linha, não conseguiu entrosar-se com sociedade e governo para ser publicado até o último dia 3, para ter vigência a partir de março próximo.
Talvez o não cumprimento de prazo possa trazer solução para os impasses da importante matéria. Os desentrosamentos ocorreram entre as fabricantes e sua associação; desta com o grupo do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o MDIC; ambos com a Abeifa, associação de importadores; e entre os órgãos do governo, citado MDIC, e os Ministérios do Planejamento e da Fazenda.
Há que se estranhar a presença destes entes numa questão econômica/industrial como a política do automóvel. Mas são fundamentais, pois por razões não explicadas ou entendidas, o MDIC adotou como base um conceito apresentado no malfadado Inovar-Auto — reduzir impostos ante ganhos energéticos, a redução de consumo. Assim, quer reduzir a 10 pontos os ilegais 30 pontos percentuais aplicados sobre o já elevado IPI dos automóveis importados. E, numa benesse democrática, para escapar às críticas da Organização Mundial do Comércio, estender tal acréscimo a todos os veículos vendidos no Brasil, sejam importados ou nacionais! Acena com uma possibilidade, a redução pontual ante o atendimento de metas específicas. Hoje tal desenho concederia redução de 4% aos produtos das empresas cumprindo até 2030 os protocolos acertados para consumo e emissões. Mais dois pontos para o incremento à segurança veicular; outro, adicional, às marcas inscritas no programa de etiquetagem veicular do Inmetro. Três restantes como incentivo à pesquisa, engenharia e produção no país.
O arrepio com o Planejamento e a Fazenda dizem respeito à parte da redução percentual, por eles considerados como incentivo, rótulo proibido na economia de um país em déficit. Há que se perguntar a opinião de outros estamentos da República, em especial aos estados e aos segmentos da mão de obra: aumentar preços dos automóveis não reduzirá vendas, abortando o início da decolagem do setor? Não encolherá o ICMS? A redução das vendas e de produção não dispensarão mão de obra? E está na hora de desemprego em cascata na cadeia produtiva de veículos?
Nos rascunhos da estrutura filosófica afastou-se o regime de cotas — atualmente em 4.800 unidades/ano/empresa. Mas no setor verificar-se-á uma incoerência: os carros importados ficarão mais caros. Explicação aritmética: os importados do Mercosul ou por acordos comerciais não sofriam a imposição dos 30 pontos adicionais ao IPI. Entretanto, com a generosidade de nivelamento, fazendo um aumento real em todos, todos ficarão mais caros, incluindo os importados antes isentos!
O segmento dos importados sem operação no Brasil está alegre. Afinal, os revendedores sobreviventes poderão respirar — antes tinham cotas e vendas mínimas, limitadas pelo super IPI. O efeito Bode-na-Sala tem tal dimensão que até José Luiz Gandini, presidente da Abeifa, associação do setor, e da Kia, concorda plenamente com os 10% adicionais. Gandini é dos poucos importadores preparados para tal convívio: implantou um laboratório de engenharia para sua marca e vender serviços a outros.
Na grande complicação sinalizada pela prometida legislação sobra outra dúvida: sem o adicional de impostos, o processo de superficial montagem hoje aplicado a Audis A3 e Q3; BMWs e Minis; Mercedes C e GLA conseguirá manter-se ou tais operações serão fechadas, mostrando a pouca densidade do programa Inovar Auto, ora em seu final
Autoclásica 2017
Maior evento de veículos antigos na América Latina, o Autoclásica, terá impulso na edição 2017. Graças a feriado na Argentina, irá de 13 a 16 de outubro, mantido o local, o Hipódromo de San Isidro, a 50 quilômetros da capital portenha. Tem 900 inscritos, destes 300 motocicletas, segmento em grande expansão na mostra, contando com área exclusiva, o Barrio de las motos, com exposição, atrativos, venda de partes, literatura, serviços. Ao lado, sempre impactante feira de itens para automóveis variada em componentes, acessórios, marcada pela rica oferta de literatura. Área esparsa: 9 hectares de exposição.
A 17ª. edição, rica em presença e detalhes, terá como tema principal o 70º Aniversário da Ferrari, aguardada enorme variedade de modelos da mítica fábrica, incluindo dois exemplares pré expostos no Club de Automóviles Antiguos, organizador da mostra: um Inter 166/195 e um Dino 246 GT. Ainda o F2004 de Fórmula 1, conduzido por Michael Schumacher em seu último título mundial.
Os 90 anos da Volvo provocarão sólida presença de representantes da marca. Outra comemoração, os 80 anos da categoria Turismo Carretera levará estes peculiares veículos, tão imbricados com a história do automobilismo argentino: cupês aliviados em peso, como os Chevrolet responsáveis pelo surgimento do pentacampeão mundial e mito Juan Manuel Fangio. Em termos de antiguidades, além de renca de máquinas a vapor, operacionais, resfolegantes, produzindo ruído e fumaça, o grupo dos Veteranos, com mais de 100 anos, será atração. Dentre estes, um Renault AK 90, de 1907, e o Anasagasti 1912, tratado como primeiro carro feito na Argentina — não o é, mas o Iglesias, de 1907.
Sucesso de participantes, público e a doação da renda de estacionamento a um hospital são indicados como responsáveis pelos preços altos, tanto para o espaço locado pelos expositores, quanto pelas mercadorias à venda. A entrada custa 260 pesos; um choripan, o tradicional sanduíche com linguiça, na edição passada 150 pesos, respectivos R$ 48 e R$ 28.
O Autoclásica é o único evento sul-americano reconhecido pela FIVA, a federação internacional de antigomobilismo.
Roda-a-Roda
Vai ou não?– Continua a dúvida se a FCA ou partes dela será assumida por empresa chinesa. A FCA não contesta, porém conhecida a gestão da companhia a omissão nada significa: ela capitaliza polêmicas pela imprensa — como a proposta de comprar a GM ou vender a Alfa Romeo à Audi.
Aliás – Neste caminho, seu executivo número 1, brilhante e polêmico Sergio Marchionne declarou não ver futuro nos carros elétricos, trilha transformada em autoestrada por grande parte dos fabricantes.
Carimbo – No sempre referencial circuito alemão de Nürburgring, o Alfa Romeo Stelvio Quadrifoglio tomou a si a taça de SUV recordista nos 20,8 km, fazendo a volta em sete segundos menos ante o Porsche Cayenne Turbo S. Combinação de menor peso, motor V-6, 2,9 litros, dois turbos, 503 cv e tração nas 4 rodas permitiu a surpresa.
Próximo – Pequeno atraso na Argentina postergou produção da versão sedã do Argo, tratado pela sigla interna X6S. Será exibido como pré-série ao presidente Macri ao final de dezembro, com lançamento no Brasil em fevereiro.
Antes – O Virtus, sedã construído sobre o Polo, feliz em estilo, sem parecer hatch com um pedúnculo traseiro, sairá na frente: meio de novembro a VW quer apresentá-lo e aproveitar o 13º salário.
Surpresa – Primeiro mês de vendas Renault Kwid surpreendeu o mercado: vendeu 10.358 unidades. Ficou apenas atrás do GM Ônix, superando o Hyundai HB20. Vendeu três vezes mais ante o Fiat Mobi e 400% sobre o VW up!.
À tona – Em imersão desde forçado a demitir-se por falta de condições de trabalho, Marco Antônio Lage, ex-diretor de assuntos corporativos e sustentabilidade da FCA, foi convidado a assumir posto de executivo no Cruzeiro, do futebol mineiro.
Projeto – Acima do imaginado, será um profissional de renome em negócio em busca de profissionalização. Marco é torcedor a sério. Raposa de pelo grosso comentou à Coluna: Será o nosso deputado. O time já fez incursões políticas, mas foram para as páginas policiais.
Local – MAN Caminhões esclareceu teoria circulando no meio a respeito da origem alemã da cabine dos novos caminhões Delivery. Informou ser trabalho conjunto de desenhistas brasileiros e da matriz na Alemanha, construída aqui. Nova linha inova ao reduzir de porte e tonelagem, nitidamente dirigida às limitações de circulação urbana.
Social – Ford Grã-Bretanha aceitou proposta da Strawberry Energy para instalar 20 bancos inteligentes nas ruas de Londres. Oferece graciosamente rede Wi-Fi e recarga de celulares e tablets . Não se cogita tal proposta para a América do Sul.
Bônus – KTM disponibiliza seu modelo 390 Duke ABS com desconto especial durante outubro. Reduziu R$ 2 mil no preço final, contendo-o em R$ 19.900 e absorvendo o frete para induzir vendas.
Mais – Estilo Naked, pelado, sem carenagem, chassi em treliça de metal, suspensão frontal Ceriani, e habilidades para ágil uso urbano e em estrada.
Sem noção – Na confusão política instaurada, ano véspera de eleições, tudo o a envolver Câmara e Senado exige cautela pelos contribuintes e consumidores. Pensando em você, Senador Ciro Nogueira (PP/PI) escolheu o combustível de seu próximo automóvel: ou álcool ou elétrico. Está em seu Projeto de Lei 304/17.
Sem clareza – Coisa desacorçoada, proíbe a venda e circulação de automóveis movidos a combustíveis fósseis. Uma ditadura obrigando consumir apenas carros a álcool e os inacessíveis elétricos.
Na prática – Além da inexistência de álcool para abastecer a frota, e da ausência de carros elétricos ou a capacidade do país em gerar energia, há a se perguntar a quem interessa ou favorece tal iniciativa.
Gente fina – O desvario está para ser relatado pela Senadora Ana Amélia, que é séria. Proteste contra: http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/130612 ou diretamente:ana.amelia@senadora.leg.br
Boa ideia – Mercedes criou projeto Piloto de Fogão para melhorar qualidade e variedade na comida preparada pelos motoristas de caminhão nas estradas. Montou um trailer, com um chef, transmite ensinamentos e sugestões. Quer fomentar o relacionamento entre os profissionais e a marca.
Entorno – Faz do negócio uma festa. Leva os topo de linha Actros para teste de condução, ônibus com peças originais, remanufaturadas e a linha paralela Alliance. Próximas etapas: 7, 8 e 9 de novembro, Posto Marajó Aparecidão, BR-153, km 516, Aparecida de Goiânia, GO, e dias 21, 22 e 23 de novembro, Posto Santa Edwiges, BR-262, km 523/521, Luz, MG.
Recorde – PMs paulistanos aprenderam BMW 328i com R$ 7M em débitos de impostos e multas — 1.118! Ford Escort 1996 o supera: 1.788 infrações e R$ 17M em multas.
Conta – Se não houver pagamento carros irão a leilão. Valor líquido apurado será deduzido do montante e pelo restante o estado acionará proprietários.
Desconforto – Ex-ditaduras não sabem harmonizar passado e o presente. Brasil criou a Comissão de Anistia para indenizar livremente prejuízos a amplo leque de reclamantes de nem sempre provadas perseguições pelo governo revolucionário.
Lá – Na Argentina colocaram um Ford Falcon 1976 à venda. Carro do Exército, identificado com a repressão, como o foi o GM Veraneio aqui. Imprensa noticiou, Exército e banco encarregados de leilão, o abduziram – sem explicar.
Gente – Ricardo Vitorasso, administrador, ascensão. OOOO Era diretor do consórcio Scania, subindo às vendas de caminhões no Brasil. OOOO Rodrigo Clemente, engenheiro de produção, o substitui. OOOO Ambos já dirigiram revendas da marca, conhecendo produto e mercado. OOOO Barry Engle, presidente da GM na América do Sul, arranjo. OOOO Empresa redividiu o mundo e Ásia, Oceania, Argentina e Brasil formam a GM International, por ele presidida a partir de janeiro. OOOO GM chama os dois países de região Mercosul. OOOO Noção geográfica de multinacional bem demonstra o apreço pelos mercados. OOOO
Mercedes Classe S. No topo
Não é um Mercedes. É o Mercedes. É como deve ser visto o novo Classe S, topo de linha do fabricante, rico em equipamentos, incluindo novo motor de elevada eficiência. Para o Brasil virá apenas a versão S 560L, indicando ter mais espaço para os passageiros do banco posterior. Acima, duas possibilidades com versões AMG, o S 63 e o S 65L — este com motor V-12, biturbo, 630 cv.
O conceito de desenvolvimento mirou em fazer o melhor sedã do mundo, baseado em máxima qualidade dos materiais e no processo de construção. Marca-o visualmente nova grade de radiador com três travessas horizontais cromadas e verticais pretas em alto brilho; grupo óptico com três fontes de luz Multibeam LED; novos para-choques dianteiro e traseiro. No interior, no painel, dois amplos mostradores, cada um com 31 cm, exibindo instrumentos virtuais, permitindo configuração pelo motorista. Há, ainda, head-up display, a projeção de informações no para-brisa, à frente do motorista, e as teclas do volante são para deslizar o dedo, como num Smartphone.
Nova motorização é V-8, 469 cv e 71,4 m·kgf, capaz de desligar 4 cilindros para reduzir consumo e emissões. É 10% mais econômico ante a versão anterior. Nas versões AMG o V-8 foi reduzido de 5,5 litros para 4, também com dois turbos alojados no “V” entre as bancadas de cilindros. Faz 612 cv. Na versão AMG S 65, o topo da casa, motor V-12 biturbo e 630 cv e poderosíssimos 102 m·kgf de torque.
No rodar confortável, melhorou o sistema de varredura do solo por câmera de tv, preparando a suspensão para filtrar as irregularidades. Dentre os sistemas de assistência à condução, dentre os muitos há o capaz de manter distância segura dos carros à frente, o ajuste da velocidade antes das curvas e cruzamentos, e a inclinação da carroceria em até 2,65 graus para o lado interno da curva. Dentre as preocupações de conforto, o banco do motorista avança 7,7 cm para a frente, abrindo espaço ao passageiro viajando atrás. O do passageiro bascula e permite criar superfície reta para o ocupante deitar.
Preços, há: S 560L R$ 769.900; AMG S 63 L 4Matic – tração nas 4 rodas -, R$ 974.900; e AMF S 65 L, R$ 1.166.900
RN