A Toro, picape média cabine-dupla da Fiat lançada em 15/02/2016, tem três versões de motor: E.torQ 1,8-l flex (135/139 cv), o Tigershark 2,4-l (174/186 cv) e o 2-l Diesel turbo (170 cv). A Toro em teste é a versão Freedom com motor E.torQ. Se o leitor espera menor consumo do E.torQ em relação ao mais potente Tigershark, esqueça, pois segundo o Inmetro nisso eles são praticamente iguais. Sua vantagem se restringe aos R$ 9.300 a menos a desembolsar na hora da compra.
Mas antes de seguirmos com o teste, vale um apanhado de todas as versões com seus devidos preços iniciais:
Freedom 1,8-l, flex, automático de 6 marchas, 4×2, R$ 90.990
Freedom 2,4-l, flex, automático de 9 marchas, 4×2, R$ 100.290
Freedom 2,0-l, diesel, manual de 6 marchas, 4×2, R$ 106.990
Freedom, 2,0-l, diesel, manual de 6 marchas, 4×4, R$ 115.690
Freedom, 2,0-l, diesel, automático de 9 marchas, 4×4, R$ 120.890
Volcano, 2,0-l, diesel, automático de 9 marchas, 4×4, R$ 134.390
Como se vê, o câmbio manual vem só nas versões com motor a diesel e o câmbio automático de 6 marchas (Aisin) só para esta com motor 1,8 E.torQ, pois as outras vêm com o automático ZF de 9 marchas.
Segundo a Fiat, esta atinge 172/175 km/h de velocidade máxima e faz o 0 a 100 km/h em 12,8/12,2 segundos; números só razoáveis, porém suficientes para o dia a dia normal e boas e seguras viagens.
As novidades do modelo em teste são: não há o sistema de injeção de gasolina para partidas a frio quando estiver abastecido com álcool, ou seja, não há mais o pequeno reservatório de gasolina no cofre do motor. O câmbio passou a ter a tecla S, que muda para mais esportiva a programação do acelerador e câmbio, como detalharei mais adiante. Ganhou sistema Stop/Start (desliga/liga motor nas paradas) e sensor de pressão dos pneus, que a indica individualmente na tela e também avisa se uma ou mais estiverem 20% abaixo do recomendado.
A tecla S é bem vinda. Na cidade é dispensável, e não recomendada a quem, como eu, acha que no trânsito urbano o melhor é rodar suave e sossegado. O modo Normal já é rápido o bastante e com ele o rodar fica mais macio – pois costuma logo passar para marchas mais altas – e mais econômico. O mesmo vale para as estradas de pista dupla, onde a velocidade tende a ser constante. Já nas estradas sinuosas e/ou de pista simples e/ou subidas e descidas de serra, onde volta e meia se necessita, por prazer ou segurança, extrair o máximo que o conjunto tem a dar, o modo S vai muito bem, pois reduz marchas com maior presteza e menor aceleração, e segura mais as marchas nas desacelerações.
Porém, essa presteza maior do modo S está mais para psicológica, pois mesmo no modo Normal, ao se acelerar a fundo de imediato vem a marcha mais curta cabível e, por conseguinte, a maior aceleração possível. Nas arrancadas da imobilidade, por exemplo, tanto faz estar no Normal ou S.
O modo Manual entra deslocando a alavanca seletora para a esquerda. Nela pode-se subir ou baixar marchas sequencialmente (sobe marcha para trás), ou usar as borboleta atrás do volante para isso. O modo Drive obedece ao comando nas borboletas. Nas reduções há a exata aceleração interina para equalização de giro, daí que as reduções comandadas são feitas como devem ser, sem tranco, como num perfeito punta-tacco de câmbio manual.
A 120 km/h reais (GPS) o giro segue a 2.600 rpm em 6ª marcha. Uma leve acelerada, ou uma leve rampa, já basta para que o câmbio baixe marchas, ou seja, o câmbio “sabe” aproveitar o motor. Nas aceleradas a fundo o giro máximo é 6.000 rpm, quando então ele sobe marcha, seja no modo automático ou manual.
Viaja muito bem, com pouco ruído, resultado também do motor silencioso e bem isolado acusticamente. Há acendimento automático dos faróis e, além disso, quando ligados manualmente de dia, como numa rodovia, o sensor identifica que é dia e mantém fortes as luzes dos instrumentos.
O consumo de álcool informado pelo computador de bordo foi 6,1 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada; não cheguei a rodar com gasolina. Pelo padrão do Inmetro o consumo desta versão da Toro é 9,6/6,5 km/l cidade e 11,2/7,8 km/l, estrada. O tanque de 60 litros proporciona autonomia em viagem aproximada de 670 quilômetros com gasolina e 470 quilômetros com álcool.
A visibilidade geral é boa, só um pouco prejudicada à ré devido à altura da caçamba, mas nada que nas manobras não seja remediado pela câmera de ré. A posição de dirigir é adequada e o ajuste do volante em de altura e distância contribui para isso.
O volante conta com regulagem de altura e distância e os bancos são confortáveis, com regulagem de altura no do motorista, e os cintos de segurança dianteiros têm ajuste de altura. Os passageiros de trás viajam apenas relativamente bem, pois a Toro não é muito generosa no espaço para as pernas quando o banco dianteiro é mais recuado que a média dos motoristas exige.
A suspensão está no ponto ideal para a proposta, macia o bastante para que ninguém a bordo sinta desconforto e firme o suficiente permitir diversão nas curvas, que as executa muito bem; mudanças de faixa abruptas podem ser feitas com segurança.
Viagens são tranquilas, já que motor, câmbio e bom comportamento a Toro Freedom 1,8 tem para isso. A suspensão passa a sensação de robustez. É bem silenciosa mesmo quando bastante solicitada. A suspensão traseira, independente multibraço, a deixa excelente para rodar em estradas de terra, onde pode-se seguir em velocidade de rali sem que se tome trancos, impensável nas suspensões traseiras por eixo rígido.
A caçamba tem capacidade de 820 litros mesmo com as caixas de roda algo invasivas. A carga útil desta Toro é 650 kg. Para levar moto, só com kit próprio para tanto.
Como defino a Toro Freedom 1,8? Uma boa picape média para quem não gosta de dirigir picapes, mas precisa de uma, e também para quem gosta.
AK
FICHA TÉCNICA TORO FREEDOM 1,8 FLEX | |
MOTOR | |
Designação | E.torQ 1.8 |
Descrição | 4-cil em linha, um comando no cabeçote acionado por corrente, válvulas por cilindro, acionamento indireto por alavanca-dedo com compensador hidráulico de folga de válvula |
Cilindrada (cm³) | 1.747 |
Diâmetro e curso (mm) | 80,5 x 85,8 |
Taxa de compressão (:1) | 12,5 |
Potência (cv/rpm, G/A) | 135/139/ 5.750 |
Torque (m·kgf/rpm, G/A) | 18,8/19,2/3.750 |
Formação de mistura | Injeção eletrônica Marelli no duto |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Automático de 6 marchas mais ré, tração dianteira |
Relações da marchas (:1) | 1ª 4,459, 2ª 2,508; 3ª 1,566; 4ª 1,142; 5ª 0,852; 6ª 0,672; Ré 3,185 |
Relação de diferencial (:1) | 4,067 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora, subchassi |
Traseira | Independente, multibraço, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 12,2 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/305 |
Traseiros (Ø mm) | Tambor/254 |
Controle | ABS Teves e EBD |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Aço 6,5Jx16 (alumínio opcional) |
Pneus | 215/65R16 |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço, picape cabine dupla, 4 portas, cinco lugares |
CAPACIDADES (L) | |
Caçamba | 820 |
Tanque de combustível | 60 |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.619 |
Carga útil | 650 |
Peso rebocável | 400 sem freio |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.915 |
Largura sem espelhos | 1.844 |
Altura | 1.680 |
Distância entre eixos | 2.990 |
Bitola dianteira/traseira | 1.547/1.575 |
Distância mínima do solo | 206 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 12,8/12,2 |
Velocidade máxima (km/h, G/A) | 172/175 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | |
Cidade (km/l, G/A) | 9,6/6,5 |
Estrada (km/l, G/A) | 11,2/7,8 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 6ª (km/h) | 45,9 |
Rotação a 120 km/h, em 6ª | 2.600 |
Rotação à velocidade máxima (5ª) | 4.800 |