VW VIRTUS, O SALÃO

Estranho dar um título desse, não? Exagero à parte, é a sensação que se tem ao sentar no banco traseiro do sedã Virtus. O aumento de entre-eixos em relação ao modelo do qual derivou, o Polo, de 8,6 cm, foi integralmente repassado ao Virtus nessa parte da carroceria, mas parece mais. É mesmo bastante espaçoso ali.

Não foi preciso sacrificar o volume do porta-malas, de ótimos 521 litros, embora a taça nesse aspecto continue com o Chevrolet Cobalt, de 563 litros, que é seguido de perto pelo Etios sedã (562 L) e pelo novo Fiat Cronos (525 L). A tampa do compartimento é articulada por dobradiças “pescoço de ganso”, mas deve ser ressaltado que os “pescoços” estão de tal modo posicionados que não podem atingir a bagagem, pois se movimentam sobre as caixas de roda, onde nada pode ser colocado.

Ressalte-se também que o abrir o porta-malas por fora é possível mediante interruptor oculto sobre a placa de licença, como em tantos outros carros, e não a estranha solução do Polo que exige usar o controle remoto do chaveiro ou acionar um interruptor no console.

O Virtus é disponível em duas versões de motor, o 1,6 MSI de aspiração atmosférica e o 1,0 200 TSI (turbo), este subdividido em versões Comfortline e Highline, esta a versão-topo da gama. Como já informado, não haverá versão de motor 1-litro de aspiração atmosférica, ao contrário do Polo.

Os preços básicos do Virtus já haviam sido informados na noite do último dia 22. Faltava os preços dos opcionais, que são:

MSI 1,6

Safety Pack – R$ 1.050
Connect Pack – R$ 2.950 – inclui os itens do Safety Pack (escolhe-se um ou outro)

200 TSI Comfortline

Tech I – R$ 2.200
Tech II – R$ 3.500 – inclui os itens do Tech I (escolhe-se um ou outro)

200 TSI Highline

Tech High – R$ 3.300
Couro Native – R$ 800 – bancos nesse material, mais portas e parcialmente as laterais
Rodas de alumínio de 17″ de desenho Razor e pneus 205/50R17
Space Pack – R$ 300 – encosto do banco dianteiro do acompanhante rebatível

Todos os detalhes de equipamentos de série e opcionais estão em lista compilada pelo AE em seguida à ficha técnica.

As cores são exatamente às mesmas sete do Polo. Ainda não tivemos acesso aos preços, mas acredito serem iguais:

Sólidas: branco Cristal e vermelho Tornado, R$ 450; preto Ninja, 0 R$
Metálicas: azul Night, cinza Platinum, prata Sirius e prata Tungstênio, R$ 1.450

Assim, um 1,6 MSI completo custa 59.990 + 2.950 + 1.450 = R$ 64.390

O 200 TSI Comfortline todo equipado sai por 73.490 + 3.500 + 1.450 = R$ 78.440

E o 200 TSI Highline, idem, vai a 79.990 + 3.300 + 1.200 + 800 + 300 + 1.450 = R$ 87.040

Belo trabalho

A equipe de desenho da VW do Brasil chefiada por José Carlos Pavone, responsável pelas linhas do Virtus, fez mesmo um belo trabalho. Não sou especialista nesse assunto, mas o fato é que o Virtus salta à vista. Claro, opinião pessoal. Não haverá Virtus produzido na Alemanha ou outro país europeu, o modelo ficará restrito aos mercados sul-americano e caribenho.

Fora a maior distância entre eixos e o grande espaço no banco traseiro, o Virtus é igual ao Polo. Anda como o este, embora se perceba agilidade um pouco melhor no hatchback, com comportamento pouco melhor do sedã sobre o “piso lunar” de São Paulo, tanto pelo entre-eixos maior quando pelo maior balanço traseiro, 1.027 mm contra 688 mm no Polo. O maior balanço ajuda a mitigar um pouco as oscilações longitudinais da carroceria. O carro anda mais sereno.

Num percurso que foi do Pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera ao Campo de Provas da Goodyear em Americana, 134 quilômetros, fui no Highline e voltei no 1,6 MSI, por meu pedido. Foram utilizadas as rodovias dos Bandeirantes e Anhanguera.

O turbo tem um rodar melhor sem nenhuma dúvida, pela maior potência  — 116/128 cv versus 110/117 cv — e pelo maior torque que faz a potência se manifestar mais cedo, quanto pela rotação do motor em velocidades de autoestrada, como menos de 2.500 rpm do automático de seis marchas, contra 3.330 rpm do manual de cinco marchas.

O próprio 3-cilindros turbo é mais suave que o 1,6-litro de quatro cilindros, e como ocorre nos motores turbo atuais, o câmbio é o “pedal da direita.” É notável com o motor responde em qualquer marcha, inclusive em sexta em modo Drive, que permite cargas de pedal relativamente altas sem promover redução. É muito agradável poder-se usufruir das características de um turbo moderno num carro de câmbio automático de maneira bem próxima à de um câmbio manual.

Ambas versões são frugais em combustível, com números Inmetro/PBVE de 11,2/7,8 km/l e 14,6/10,2 km/l, cidade e estrada, para o 1,0 200 TSI, e 11,9/8,2 e 13,8/9,5, mesma ordem, para o 1,6 MSI.

Vale dizer que a fábrica informa Cx 0,315 para o MSI e 0,326 para o TSI, o que explica velocidade maior do 1,6 que o 1,0 turbo, 191/195 km/h e 189/194 km/h, respectivamente. O câmbio automático pouco influencia nesse caso devido ao bloqueio do conversor de torque da terceira em diante. E mesmo com menos potência, o 1,6 acelera mais e retoma velocidade mais rapidamente. Mas para comparar melhor os dois câmbios teriam de ser do mesmo tipo.

O 1,6 MSI, infelizmente, manteve o ajuste manual interno do espelhos externos.

O Highline que dirigi tinha o quadro de instrumentos combinado digital ativo opcional dentro do pacote Tech High, realmente uma obra de arte eletrônica, muito bonito de ver. O mapa de navegação pode ser aumentado até ocupar praticamente toda a largura da tela de 10,25 polegadas, com o conta-giros e o velocímetro, ambos analógicos e virtuais, que podem ficar ocultos para melhor visualização do mapa (fica uma janela com velocímetro digital). É mesmo um show à parte.

As qualidades de rodagem do Virtus encantam, com calibração primorosa de todos os parâmetro de chassi, incluindo a direção eletroassistida de comportamento irrepreensível. E no 1,6 MSI há o “brinquedo” chamado de alavanca de câmbio, que merecia se acompanhado de um punta-tacco perfeito.

Para os apreciadores de elevado nível de segurança em acidentes, o Virtus recebeu do Latin NCAP cinco estrelas em proteção a adultos, crianças e pedestres.

Novidade e primazia absoluta no Brasil é o sedã oferecer o “manual cognitivo” – que usa o IBM Watson para responder aos motoristas questões sobre o veículo, incluindo informações contidas no manual do carro. Essa solução permite uma nova forma de interagir com o veículo e oferece uma nova experiência tecnológica.

Eventuais perguntas sobre o carro poderão ser respondidas por esse assistente inteligente, de forma simples e rápida. O aplicativo Meu Volkswagen conta com tecnologia do Watson para responder as questões em português e espanhol.

A exemplo dos sites de buscadores na internet, o app Volkswagen terá campos para digitação e o microfone para que o usuário faça sua pergunta oralmente – a linguagem poderá ser natural, como em uma conversa informal. O sistema reconhece sotaques e é capaz de aprender quanto mais se interage com ele.  É uma forma totalmente nova e interativa para o lançamento do Virtus.

O novo sedã Volkswagen tem tudo para ser um contendor de peso no mercado dos sedãs compactos que inclui o Fiat Cronos, em vias de lançamento, e outros que já estão aí como o Chevrolet Cobalt e o Focus sedã (chamado de Fastback). E tem tudo também para atrair compradores de outros segmentos — de cima e de baixo —, dado ser, de fato, um veículo repleto de atrativos.

Amanhã (6ª 26/2) começaremos a rodar com um Highline, teste “no uso” que terá, naturalmente, o vídeo.

BS