Vários acidentes marcaram fim de semana no autódromo paulistano
Fundada como opção econômica ao automobilismo supervisionado pela Federação de Automobilismo de São Paulo (Fasp), a Liga Desportiva de Automobilismo (LDA) tem conseguido atrair a atenção de motoristas e automobilistas interessados nos valores econômicos mais baixos oferecidos por essa opção. Nascida de um racha entre o antigo presidente do Conselho Técnico Desportivo Paulista, Ernesto Alberto Costa e Silva, com os clubes filiados à Fasp, a LDA pode ser uma opção interessante a quem acredita que o automobilismo esportivo permite soluções caseiras e baratas. Ocorre que para esta possibilidade funcionar não se pode abrir mão de valores básicos como instrução aos diversos tipos de condutores envolvidos, exigir veículos com condições mínimas de segurança e oferecer uma estrutura de sinalização e controle adequada, entre outros itens.
O que se viu na terceira etapa do calendário da LDA, realizada no último fim de semana, em Interlagos, foi um festival de abusos e acidentes que, felizmente, acabaram sem vítimas. Nem por isso deixa de impressionar o fato do motorista de um pequeno smart soltar as mãos do volante em plena reta e criticar um outro motorista que demonstrou ser incapaz de contornar a curva Chico Landi com o mínimo de destreza. Para entender melhor o que aconteceu clique neste link (este e outros vídeos contém expressões chulas) e preste atenção na posição das mãos do motorista nos primeiros sete segundos do vídeo e, na fase final, na trajetória do seu “rival”.
Não bastasse o fato que vários motoristas que passeiam na ruas do País chegam marcados pela formação pífia que recebem das autoescolas, não faltam aqueles que aproveitam a oportunidade de andar em um autódromo sem se preocupar em checar as condições de seus veículos, algo que parece passar despercebido pelos organizadores do evento a julgar pelo que se vê neste vídeo. A reação do motorista e do passageiro após a batida nas barreiras de proteção ilustra ainda mais claramente que episódios como esse parecem não passar de uma aventura de videogame para esses dois protagonistas.
Ainda no âmbito de motoristas que entram na pista com pouco ou nenhum conhecimento, a falta de habilidade não se restringe a carros de baixo custo: dois Porsches foram registrados em acidentes, um com pequenos danos e outro com consequências materiais mais densas.
No passeio que aconteceu domingo, os participantes aceleraram livremente, o que é contrário às normas da Confederação Brasileira de Automobilismo. Ocorre que a LDA se apresenta como uma liga independente e em seu site proclama ter “como meta promover o nosso esporte bem longe das estruturas arcaicas, que acreditam que o automobilismo brasileiro seria de sua propriedade privada.” Independente do juízo de valor ou modernidade, o acidente que marcou a prova de carros de turismo, onde os carros são oriundos de campeonatos oficiais e vários pilotos têm experiência, levanta dúvidas quanto à qualidade da organização do evento.
Dois vídeos deixam margem ao tempo de reação do diretor de prova e dos bandeirinhas em sinalizar o acidente que marcou a prova para carros de turismo. Aqui nota-se a sequência do choque na entrada do “S” do Senna, que envolveu quatro carros: dois no primeiro choque e mais dois em intervalos de tempo relativamente longos, 16 segundos e 1’16” mais tarde. Um integrante do Safety Car informou à coluna que a bandeira amarela era exibida no final da reta, mas este vídeo, feito por câmera onboard no terceiro veículo envolvido no sinistro, deixa dúvidas se havia sinalização adequada e correta para avisar sobre o acidente, algo ainda mais questionável pelo procedimento do quarto veículo envolvido.
O automobilismo americano é promovido por diversas ligas e funciona e nada impede que o mesmo aconteça o mesmo no Brasil. Ocorre que as diferenças pessoais que envolvem o automobilismo paulista não contribuem para que todos possam desfrutar do esporte de forma positiva e pratica-se uma disputa onde apela-se para praticar preços baixos em detrimento de montar uma estrutura minimamente adequada.O esporte a motor exige uma indumentária básica que custa alguns milhares de reais e os automóveis devem seguir um protocolo de preparação onde a segurança não pode ser deixada de lado; isso faz do automobilismo um esporte mais caro que a maioria de outras modalidades.
Todos esses motivos, no entanto, não justificam que a CBA, autoridade máxima do automobilismo brasileiro, isente-se de tomar conhecimento da forma equivocada com que se tenta implantar uma liga independente no País. Aqui não cabem dúvidas: trata-se de um fato lastimável.
Acidentes podem acontecer em qualquer evento esportivo, caso do automobilismo, motonáutica, ciclismo, enfim, em qualquer esporte. Na Alemanha a pista de Nürburgring é aberta a qualquer motorista e lá também acontecem acidentes, porém dentro de um contexto onde os motoristas não estão envolvidos em competições oficias, extraoficiais ou qualquer tipo de passeio ou track day como os oferecidos em São Paulo. O que se exige das autoridades competentes é atuar incessantemente para mitigar os riscos intrínsecos ao perigo inerente dessas atividades.
F-1 vai da beira-mar ao deserto
Duas semanas após a abertura do Campeonato Mundial de 2018 na litorânea cidade de Melbourne, a F-1 volta a se apresentar com a disputa da segunda etapa no circuito de Sakhir, no deserto do Bahrein. Se a estreia dos novos carros e a dificuldade de ultrapassar marcaram a prova australiana, o traçado mais apropriado a altas velocidades e o fato da competição ser disputada ao cair da noite apresentam dificuldades específicas para essa etapa. A programação do fim de semana inclui a abertura da temporada da Formula 2, onde o mineiro Sérgio Sette Câmara é o representante brasileiro no grid que tem 17 das 20 vagas preenchidas por pilotos de 12 países.
WG