A versão X PLUS automático do Toyota Etios vem com motor de 1,5 litro de 4 válvulas por cilindro e dois comandos com variador de fase na admissão e escapamento. Motor potente (102/107 cv) e elástico, que, aliado a um bem programado câmbio automático de quatro marchas, dá boa desenvoltura ao hatch compacto.
Alguns na certa dirão que 4 marchas para um câmbio automático é coisa do passado. Concordo em parte, porém ao se observar a quem o carro se destina, qual o perfil do público-alvo, acaba-se por aprovar a escolha dada pela fabricante.
Vejamos o caso do concorrente Citroën C3 automático. Seu câmbio, produto da própria PSA, tinha quatro marchas e há pouco mudou para um Aisin de seis. Foi uma ótima medida, pois o novo câmbio “esportivou” o C3, otimizou a potência oferecida pelo motor e, de quebra, trouxe maior economia de combustível. Porém o C3 tem características gerais que focam um público mais jovem, mais moderno, que preza muito o desempenho. Então fizeram certo.
Já o Etios, a meu ver, foca um público mais conservador e que não busca tanto desempenho, mas sim conforto, despreocupação na condução, economia de combustível e confiabilidade; não faz ideia de quantas marchas o automático dele tem. Para ele, o sistema CVT também agradaria, como agrada a muitos; veja-se a popularização do sistema. E nesse público o Etios X PLUS AUT se encaixa feito uma luva. Vejamos primeiro o câmbio e depois vamos ao restante.
Olhando a foto da alavanca de câmbio, se vê que o sistema adotado é o convencional, o antigo, e que, por sinal, funciona muito bem, quando o que se quer é conforto e despreocupação. Vale lembrar que é o sistema antigo, porém aprimorado com o uso da eletrônica moderna. No caso do Etios, não há borboletas nem comando na alavanca de (+) e (–) para mudanças de marchas manuais sequenciais. O que se pode fazer é limitar até que marcha ele poderá ir automaticamente.
Estando a alavanca em D (Drive) as quatro marchas são trocas de maneira automática segundo as condições de tráfego. Deslocando a alavanca para a esquerda o câmbio estará limitado até à 3ª marcha. Estando na estrada, em D e na 4ª marcha, deslocando-se a alavanca para a esquerda ela irá para a posição 3, reduzirá para 3ª. Caso se freie até parar e se parta sem haver mexido na alavanca, o carro sairá em 1ª, passará para a 2ª e irá só até à 3ª marcha. Querendo que ele engate a 4ª, basta levar a alavanca para a direita, colocando-a em D, e todas as marchas voltarão a ser usadas.
De 3, puxando a alavanca para trás ela vai para a posição 2, o câmbio só usará a 1ª e a 2ª. Trazendo a alavanca para trás ela chega à posição L — Low, a marcha mais baixa, a 1ª— e fica só nela.
São recursos de fácil utilização e compreensão, usados, principalmente, numa descida de serra. Ao se desejar usar freio-motor, basta selecionar uma posição da alavanca que o câmbio fará a redução procurada. Isso sem nenhum risco para a integridade do motor, pois o câmbio recusará a troca se dela resultar rotação excessiva. Fácil, portanto.
Esse é o uso mais comum, porém, caso “o filho do dono” do Etios vá viajar com o carro, ele poderá usar esses recursos para um dirigir mais forte limitando a marcha mais alta que queria usar para que o câmbio não passe marcha acima bem na hora de freada para a tomada da curva. Sabendo fazer, portanto, dá para usar esse câmbio ao andar rápido.
Por sinal, a novidade na linha 2018 do Etios é o controle de estabilidade e tração, que pode ser desligado. Mesmo eu dirigindo de modo severo nas curvas eles não entraram em ação. Em minha opinião, o Etios prescinde deles, porém o mercado pediu, então o capricho foi atendido.
Suas trocas estão suaves e quase imperceptíveis. O kickdown comanda reduções rapidamente. Naquelas reduções comandadas pela alavanca não há aceleração interina, porém o câmbio evita trancos acoplando a marcha inferior suavemente.
As marchas são longas. Acelerando a fundo, a 1ª vai até 58 km/h, a 2ª até 107 km/h e a 3ª, 168 km/h. Nesses casos ele passa marcha na rotação do pico da potência, que é a 5.600 rpm. Quando em L, 2ª ou 3ª, vai até 5.800 rpm e, já que o câmbio está “impedido” pelo motorista de passar marcha acima. Vem o corte eletrônico de segurança, corte sujo, o motor começa a falhar.
O motor entrega 102/107 cv a 5.600 rpm e 14,3/14,7 m·kgf a 4.000 rpm, e sua taxa de compressão é bem alta, 13:1. O diâmetro dos cilindros é bem menor que o curso dos pistões, 72,5 x 90,6 mm. É um motor silencioso, suave e discreto. O carro pesa 945 kg e tem o bom Cx 0,33. Acelera bem, é rápido na cidade e na estrada. Não se passa vontade. Não é emocionante, mas também nada decepcionante. Sua velocidade máxima, segundo a Toyota, é de 173 km/h, e faz o 0 a 100 km/h em 11,8 segundos. A 120 km/h em 4ª marcha o giro está a baixas 2.900 rpm, o que proporciona um rodar em rodovia silencioso e descansado.
A suspensão, McPherson na frente e eixo de torção atrás, está agora no ponto. Macia, bem macia, e silenciosa; muito bem isolada e dá impressão de robustez. Oferece o conforto de suspensão de um bom e macio sedã médio. Para o ano-modelo 2017 o Etios recebeu modificações. Uma foi no quadro de instrumentos, que foi reformulado inspirado no híbrido Prius, e outra, a não visível, porém a meu ver, mais importante, na suspensão. Antes seu comportamento nas curvas e em estabilidade direcional era somente aceitável, porém após as mudanças ele ficou realmente bom, altamente elogiável. Nas retas vai feito flecha, mesmo em alta velocidade, e faz curvas com perfeição, fáceis de fazer traçados limpos, bem apoiado entre traseira e dianteira. Os pneus 185/60R15 estão condizentes com o nosso piso. Minimizam o perigo de quebrar as belas rodas de liga de alumínio e/ou de cortar um pneu num buraco mais fundo.
Eu já havia notado essa mudança quando em julho de 2016 testei o hatch 1,3-L manual, e tornar a avaliar o modelo confirmou as boas impressões que tive. Por sinal, o Etios com câmbio manual, tendo ele motor de 1,3 ou 1,5 litro, é um hatch bem divertido, de dinâmica provocante.
Segundo o Inmetro, na cidade ele faz 8,1/11,9 km/l e na estrada, 9,2/13,2 km/l. Só o testei com álcool e o consumo, segundo o computador de bordo, bateu com esses números que, se não são espetaculares, são razoáveis para um carro com câmbio automático.
Preços:
X MAN: R$ 49.300 (motor 1,3-l)
X AUT: R$ 54.340 (1,3-l)
X PLUS MAN: R$ 55.820 (1,5-l)
X PLUS AUT: R$ 60.860 (1,5-l) (veículo testado)
XLS AUT: R$ 65.340 (1,5-l)
PLATINUM: R$ 67.690 (1,5-l)
Como se vê, só o câmbio automático custa R$ 5.040. Quem deseja um Etios automático, vale experimentar a versão X AUT, que é R$ 6.520 mais em conta e, na prática, a diferença de desempenho entre esses motores não é nada gritante. O consumo, segundo o Inmetro, é praticamente o mesmo, portanto a economia seria só no valor da compra.
O tanque de combustível é pequeno: 45 litros, mas com gasolina a autonomia em estrada é bem perto de 600 quilômetros. O porta-malas é razoável: 270 litros, mas espaço e o conforto no banco traseiro são generosos. O volante só tem regulagem de altura, mas está bem posicionado; o banco do motorista tem um descansa-braço. O som é bom, acústica é boa.
Falta tomada de energia para os ocupantes do banco traseiro, e hoje a moçada de trás reclama. A direção é um pouco lenta, relação 18,6:1 o que é até do meu gosto para dirigir calmamente. Mas o que agrada mesmo é o diâmetro mínimo de curva de 9,6 metros. Manobras são absolutamente fáceis.
O Etios é um carro que atinge seus objetivos. Era para ser compacto, prático, macio, descomplicado, robusto, agradável de dirigir, econômico, espaçoso. Fizeram o carro que pretendiam fazer, e fizeram-no bem feito.
Assista ao vídeo:
AK
FICHA TÉCNICA ETIOS HATCHBACK 1,5 X PLUS AUTOMÁTICO 2018 | |
MOTOR | |
Tipo | 4 cilindros em linha, duplo comando de válvulas no cabeçote, corrente, 16 válvulas, atuação indireta por alavancas roletadas com compensação hidráulica de folga, variador de fase admissão e escapamento, bloco e cabeçote de alumínio; transversal, flex |
Cilindrada (cm³) | 1.496 |
Diâmetro e curso (mm) | 72,5 x 90,6 |
Taxa de compressão (:1) | 13 |
Potência (cv/rpm, G/A) | 102/107/ 5.600 |
Torque (m·kgf/rpm, G/A) | 14,3/14,7/4.000 |
Formação de mistura | Injeção no duto |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Transeixo automático epicíclico 4-marchas, tração dianteira |
Relações das marchas (:1) | 1ª 2,75; 2ª 1,568; 3ª 1,000; 4ª 0,696; ré 2,300 |
Relação do diferencial (:1) | 3,821 |
SUSPENSÃO | |
DIANTEIRA | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal e amortecedor pressurizado, barra estabilizadora |
TRASEIRA | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado, barra estabilizadora incorporada ao eixo |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Relação de direção (:1) | 18,6 |
Nº de voltas entre batentes | 3,8 |
Diâmetro mínimo de giro (m) | 9,6 |
FREIOS | |
Dianteiros | A disco ventilado |
Traseiros | A tambor |
RODAS E PNEUS | |
Rodas (pol.) | Alumínio, 5,5J x 15 (estepe de aço) |
Pneus | 185/60R15H (estepe temporário 175/65R14T |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 3.777 |
Largura | 1.695 |
Altura | 1.510 |
Distância entre eixos | 2.460 |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso em ordem de marcha (kg) | 965 |
Porta-malas (L) | 270 |
Tanque de combustível (L) | 45 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | |
Cidade (km/l, G/A) | 11,9/8,1 |
Estrada (km/l, G/A) | 13,2/9,2 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 4ª (rpm) | 41,5 |
Rotação a 120 km/h em 4ª (rpm) | 2.900 |
Rotação à vel. máx. em 3ª (rpm) | 5.900 (aprox.) |
EQUIPAMENTOS DO ETIOS X PLUS AUTOMÁTICO |
Abertura elétrica do porta-malas |
Abertura interna da portinhola do tanque de combustível |
Acabamento dos bancos em tecido |
Ajuste de altura do banco do motorista |
Ajuste de altura do volante |
Alarme de portas abertas e faróis ligados |
Ar-condicionado integrado frio e quente, manual com filtro antipólen |
Assistente de partida em aclives |
Banco traseiro inteiriço rebatível (somente encosto) |
Carcaça dos espelhos, para-choques e maçanetas na cor do veículo |
Chave com comando de abertura e fechamento das portas |
Cintos de segurança traseiros de três pontos para todos os ocupantes |
Cintos dianteiros com pré-tensionador e limitador de força |
Computador de bordo com função Eco Wallet e consumo médio |
Console central com porta-copos (2 frontais e 1 traseiro) |
Controlador automático de velocidade de cruzeiro |
Controle de estabilidade e tração |
Defletor traseiro |
Descansa-braço no banco do motorista |
Difusores de ar com acabamento cromado |
Direção eletroassistida indexada à velocidade |
Dois alto-falantes e dois tweeters |
Encosto de cabeça traseiro para os três ocupantes |
Grade dianteira com acabamento em preto |
Limpador e lavador do vidro traseiro |
Material fonoabsorvente no interior do capô |
Para-sóis com espelho |
Porta-copos dianteiros (2) no console central e um traseiro |
Rodas de alumínio de 15″ |
Sistema de áudio Toyota com rádio AM-FM, toca-CD, MP3, entrada USB, Bluetooth e antena curta |
Travas elétricas |
Vidros elétricos dianteiros (1-toque descida ara motorista) e traseiros |