Nesta publicação apresento mais um causo do meu livro “EU AMO FUSCA II – Uma coletânea de causos de felizes proprietários de Fusca”. Este causo me foi enviado por um saudoso amigo, uma pessoa muito especial, o Jun Takahashi que nos deixou muito jovem por conta de um câncer.
Fusca é Fusca
Por Jun Takahashi
Nos idos de 1985, algumas primas minhas se reuniram para ir a um casamento e após as discussões de praxe sobre que roupa usar, maquiagem e outras necessidades femininas, entabularam conversações sobre qual veículo usar para ir ao casamento.
Uma defendia que deveriam ir com o VW Santana, na época, um dos padrões de carro de luxo, outra que deveriam ir com um GM Monza, etc., até que a mais nova, defendeu que deveriam ir com o VW Fusca dela… Após as risadas generalizadas do grupo, para constrangimento da proprietária do saudoso Fusquinha, complementou que era época de chuvas e consequentes enchentes.
Após tão efusivo e convincente argumento, todas concordaram que o carro era ideal para a tarefa, pois não arriscaria grande patrimônio e seria uma oportunidade para conhecerem o carrinho da mais nova.
Foram todas alegres, cantando músicas da saudosa Elis Regina ao som do “potente” toca-fitas TKR, e comentando que o Fusca, apesar de pequeno, acomodava as quatro tranquilamente, etc, etc.
A felicidade aumentava com a chuva torrencial que caía, quando viam carros maiores parados por conta da água das grandes poças que se formavam, fazendo com que estes parassem e todas elogiando, “É um Fusca, mas paaaaaassaaaaa” e assim seguiam, poça por poça, carro por carro, até que o trânsito definitivamente parou, a marginal do Tietê simplesmente parou!!!
Infelizmente para agonia de todos os habitantes daqueles possantes veículos, mais minhas primas no singelo Fusquinha, a água não parou, e o que era avenida virou rio, e enquanto alguns carros afundavam, o Fusquinha virava barco (abençoada perfeita vedação do Fusca) e boiava tranquilamente, até que elas perceberam que “navegavam” em direção ao rio. O que se passou a seguir merece um capítulo à parte.
O desespero começou a se fazer presente, então o grupo de moças começou a gritar pelo vidro pedindo socorro, agitando os braços numa tragicômica situação, eis que surgem alguns “cavalheiros do cangaço” de boa índole e começam a segurar o valente Fusca, mas não dão conta frente à correnteza. Nisso a prima mais nova salta acrobaticamente pela janela, enrola a saia longa nas pernas simulando uma calça, de forma a não se atrapalhar com os panos, e os ajuda, no que é imitada por outra prima e assim conseguem “ancorar” o carro no guard-rail graças a uma corda gentilmente cedida por um carroceiro que estava preso do outro lado.
Entre mortos e feridos, todas se safaram da enchente prometendo nunca mais sair de casa com chuva forte. Perderam o casamento e a festa, mas voltaram (depois de 7 horas na rua) de carro, pois depois de seco, o FUSQUINHA (agora com maiúsculas), não se recusou a ligar e conduzir as moças a seus lares. Sem lembrancinhas da festa, mas com histórias para todos os futuros netos.
Esta história não termina por aqui. Na semana que vem vou contar como foi que este causo acabou sendo publicado no meu segundo livro.
Uma lembrança inesperada
No dia 11 de julho de 2018 eu recebi através do Facebook uma mensagem inesperada. Como se pode ver nas letras pequenas na base da foto:
Alexander Gromow. Olha só o que encontrei!!! Sou a mãe do Jun. Obrigada
AG