CHEVROLET SPIN ACTIVE7, TESTE NO USO (COM VÍDEO)

Depois de alguns anos sem utilizar uma Spin, foi uma grata alegria dirigi-la novamente. Um grande volume interno é a mais importante característica desse carro, que o coloca como um modelo sem concorrentes pelo seu preço. A Activ7 testada tem preço público sugerido de R$ 83.490.

A versão avaliada é a de topo, Activ7, que tem o banco adicional fixado ao assoalho do porta-malas, e que leva mais dois passageiros além dos cinco nos bancos dianteiros e traseiros.  É a chamada terceira fileira, cujo acesso só pode ser feito pela porta traseira do lado direito. Os bancos dessa terceira fileira não escamoteáveis, ou seja, não se escondem no assoalho como na antiga Zafira. É uma solução mais barata, mas que rouba espaço no porta-bagagem. Caso precise transportar mais volume, o dono deve procurar uma concessionária para remover o banco.

O banco da segunda fileira, menor, só para uma pessoa, rebate o encosto para frente e depois bascula inteiro  na vertical, abrindo espaço para as pernas passarem com folga no acesso à terceira fileira.

Já a parte maior do banco, o 60%, não tem o movimento de basculamento. Importante notar que a terceira fileira e esse banco individual da segunda devem ser presos com o elástico com gancho na haste do encosto de cabeça do banco da frente. Sem ele, o balanço pode gerar ruído e forçar demais a estrutura.

Um ponto muito positivo é novidade para 2019; os bancos da segunda fileira contam com ajuste longitudinal. O curso é de 110 mm e aumenta a versatilidade para combinar carga e passageiros. Solução muito boa e que funciona muito bem.

Desde seu lançamento em 2012 a Spin caiu rapidamente no gosto de taxistas e de quem precisa de bastante espaço interno em um carro sem gastar muito dinheiro. Junto disso, quem se dedica a prestar atenção no comportamento dinâmico logo percebeu que tinha nas mãos um veículo com mais atributos do que o tipo e aparência faziam supor.

Derivado do Cobalt (mesma família do Onix), pelas suas maiores dimensões, principalmente altura, a engenharia da GM acertou na calibração de suspensão, resultando num comportamento muito agradável e sem nenhum problema. Pode-se até andar forte com ele em curvas, a estabilidade chega a surpreender. Carregado, o comportamento também é bom, mas é claro que não se deve andar rápido com muito peso.

Sempre confortável e firme nos balanços de carroceria, é um carro que deixa o motorista satisfeito, sendo muito bom mesmo de dirigir.

As alterações feitas na parte mecânica estão bem detalhadas na matéria de lançamento, lá pode-se conhecer os números da Spin, mas o que posso atestar é que o funcionamento de motor e câmbio estão em ótimo padrão, tanto de conforto como economia. Desempenho puro — acelerações, retomadas, velocidade máxima — não é de carro rápido, mas a Spin não foi pensada para isso, nunca teve esse objetivo. É um crossover ou van pequena (ou seria perua crescida?) com missão de transporte, não de diversão.

O motor Família 1 de  1.796 cm³ desenvolve apenas 106/111 cv a 5.200 rpm e 16,6 m·kgf a 2.800 rpm e 17,7 m·kgf a 2.600 rpm, mas provê excelente elasticidade e baixo consumo de combustível, como veremos adiante.

A calibração do câmbio automático privilegia silêncio e economia, com baixas rotações sempre que possível. Não há redução de marcha a qualquer pequeno aumento de gradiente da pista, só o fazendo quando a velocidade começa a cair sensivelmente. Isso se a posição do pé do acelerador não mudar. Claro que ao se pisar mais, as reduções são comandadas, e de forma suave.

Mesmo assim, anda liso e econômico todo tempo. Vi números muito bons no computador de bordo, e precisei repetir alguns trajetos, confirmando o baixo consumo.

Por exemplo, andando em cidade com gasolina, trânsito bem pesado de uma sexta-feira pela manhã, mas sem congestionamentos, o carro fez 13,2 km/l. Com muitas paradas em trânsito pesado e trajeto longo de cidade, 7,3 km/l com ar-condicionado todo o tempo.

Andando em ruas e avenidas livres, é fácil fazer 14 km/l, e na estrada, mais de 17 km/l também é fácil de obter. Claro que não são usos acelerando forte, mas apenas acompanhando o fluxo, efetuando ultrapassagens apenas para desentalar o tráfego — sempre muito lerdo pelo medo da indústria da multa, essa praga que não nos deixa.

Com carga de cerca de 300 kg, fiz o mesmo trajeto algumas vezes, e obtive entre 9 e 10,5 km/l dependendo de hora e volume de tráfego. Muito bom para um veículo desse porte com câmbio automático.

O uso dessa versão Activ7 pode ser misto de asfalto e terra, sem grandes problemas. Tem uma altura livre do solo um pouco maior que carros normais, e os pneus Pirelli Scorpion , de uso geral, preveem rodar fora da estrada. Eu e o Paulo Keller não resistimos à cor amarela batizada de Stone (pedra), e buscamos uma paisagem sem asfalto para algumas fotos e vídeo. O carro combinou bem com o local, e vai agradar a quem precisa andar um pouco afastado da pavimentação.

O acabamento interno da Activ tem costuras amarelas nos bancos, além do emblema emborrachado aderido ao tecido, muito interessante de ver e tocar. Combina tecido nas áreas de contato com o corpo com vinil nas laterais. Tem boa oferta de porta-objetos, iluminação nos comandos (faltou no espelho retrovisor externo), no porta-luvas, porta-malas e bastante interessante, acende a luz de placa assim que se toca a mão na abertura do porta-malas, iluminando onde se pisa.

O para-brisas bem inclinado acaba por aceitar muitos reflexos do painel, que atrapalha um pouco em algumas condições. A visibilidade é excelente pelos vidros e espelhos, sendo fácil de manobrar. Apenas as bases das colunas A requerem um pouco de atenção em algumas condições de manobras, pois são bem largas.

O Spin deixou ótima impressão e certeza de continuar sendo um sucesso. Algumas pessoas disseram o famoso “Aí sim!!!”, se referindo ao novo estilo, principalmente da dianteira que melhorou bastante. Mas o carro tem bem mais que isso, e não desagrada a quem o tem ou terá, pode ter certeza.

JJ

Assista ao  vídeo: